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Semanas depois, como se de repente tudo virasse de cabeça para baixo do nada, a energia na delegacia e na vida da familia Mendez decaiu muito.
A casa da moeda da Espanha estava sendo assaltada e ninguém sabia por onde começar a agir, o líder dos assaltantes apenas exigiu que quem cuidasse do caso fosse a inspetora Murillo, mas Alicia seguiu em busca de qualquer pista, e conseguiu. Descobriu que o ladrão das jóias, que tanto escapou, estava dentro da casa da moeda e ele tinha um nome: Andres de Fonollosa.
Eram poucos detalhes, quando a polícia avançava, os assaltantes avançavam cada vez mais e isso deixava os nervos da inspetora a flor da pele, mesmo quando ela tinha que ir embora para ficar com a Vic, continuava trabalhando de casa e se dedicando 100% para esse assalto, o que acabou gerando discussões entre o casal, pois a falta de companhia da mulher com o marido e a filha fazia falta e ela deveria se preocupar com isso. Mas algo não fazia sentido, ela sabia que não, sabia também que estava quase descobrindo, mas estava deixando algo para trás.

A: Hijo de puta, quem é você? — murmura e espalha os papéis pela mesa da cozinha, que era a única luz acesa da casa.

G: Ali, vamos deitar? — diz suspirando.

A: Um minuto, eu já vou.

G: Você falou isso a semana inteira.

A: German, se for começar sai daqui. — diz levando a mão na cabeça.

G: Não sou eu quem está te chamando. — diz sério e sai da cozinha, fazendo a ruiva olhar para a porta e suspirar, se sentindo um pouco culpada.

A mulher se levanta e ajeita os papéis, deixando-os pela mesa e apagando a luz da cozinha, indo até o quarto da filha e vendo German andando pelo quarto com a filha no colo, que inclusive estava bem acordada.
Sierra chegou silenciosa e abraçou o marido por detrás, suspirando e fechando os olhos. German, por sua parte, se virou de frente para ela e sorriu sem mostrar os dentes, passando o polegar na bochecha da esposa. Ao ver a mãe, Victoria se jogou para os braços da ruiva, que a pegou e deixou um beijo na bochecha da pequena, que sorriu e deitou com a cabecinha no ombro da inspetora, olhando para o pai fixamente.
Assim que Alicia começou a balançar, Victoria começou a fechar os olhinhos e caiu no sono minutos depois.

G: Vai voltar a trabalhar? — diz baixinho enquanto a mulher deixava a filha no berço.

A: Vou deitar. — diz olhando para ele e saindo do quarto, o puxando para ir junto.

——————

No dia seguinte, todos os pressentimentos ruins que Alicia havia tido fizeram sentido. Ela acordou com um telefonema de que Raquel Murillo havia desaparecido, não estava na delegacia e nem na sua casa, assim como suas roupas também não estavam. Alicia não soube reagir. Não sabia o que pensar, preferia acreditar que era tudo uma mentira e que Raquel estava testando alguma ideia maluca.
A ruiva se levantou da cama rapidamente e se vestiu, German acordou confuso e perdido.

G: Aconteceu alguma coisa? — diz bocejando.

A: A Raquel sumiu.

G: Ela foi sequestrada?!

A: Eu acho que é pior que isso. — chega perto e deixa um beijo nos lábios do marido — Vou tentar voltar rápido.

O clima na delegacia estava totalmente caótico, ficou caótico por três dias seguidos, até confirmares que de fato, Raquel Murillo já não fazia mais parte da banda, agora ela seria uma das procuradas e isso fez com que todo amor e consideração que um dia Alicia sentiu por ela fosse embora em questão de segundos. Ela não se sentis bem, se sentia enganada, traída, com ansia e vontade de gritar e chorar, colocar tudo para fora.
German sabia disso, percebeu quando a mulher chegou em casa e nem sequer percebeu que ele estava no sofá, só foi para o quarto e dormiu, para tentar acordar e tudo isso não ter passado de um sonho, mas não funcionou, ela acordou morrendo de dor de cabeça e como sempre, Mendez estava lá, a olhando e abraçando daquele jeito que só ele sabia fazer para acalma-la.

A: Eu odeio essa filha da puta. — diz irritada.

G: Tenta descansar, amor. — fala baixinho — Vic está dormindo, vou preparar nhoque, você gosta, né?

A: Eu amo. — suspira e sorri sem mostrar os dentes — Gracias.

G: Te quiero mucho. — sela os lábios com os da inspetora e logo sai do quarto.

German fazia o jantar enquanto Alicia tomou banho e depois foi para o sofá assistir, até que alguém bateu no portão e a mesma foi verificar quem era, ao abrir deu de cara com a agora ex melhor amiga, ela estava com um olhar triste e medroso, sabia que Alicia não lhe denunciaria nem entregaria, mas sabia o quão explosiva era, e mesmo assim, não conseguiu ir embora antes de se despedir.

A: Que porra você está fazendo aqui?! — diz um pouco alto.

R: Queria me despedir, Ali.

A: Meu nome é Alicia Sierra. — responde rápido — Vai embora.

R: Por favor me escuta. — a ruiva vai embora — Eu amo o Sergio, Ali. Isso é por amor.

A: Falou a mesma coisa quando o Alberto te enchia de porrada. Que dedo bom que você tem, Raquel. — diz irônica — Ama dar uma infância de merda para a sua filha.

R: Você não sabe o que está falando, como minha melhor amiga deveria saber que...

A: Não sou nada sua, filha da puta! NADA! — diz se aproximando dela.

R: Vou sentir muito a sua falta. Eu amo você, Ali. — nesse momento Alicia dá um tapa forte no rosto da Murillo, que ficou até com marcas dos dedos, na mesma hora a morena leva a mão no rosto.

A: FILHA DA PUTA! — gruda no cabelo da ex inspetora e começa a deixar tapas aleatórios pelo corpo da mesma, tapas fortes, sem mira alguma, mas apenas descontava a sua raiva.

R: PARA! — diz tentando se soltar.

A: COMO VOCÊ TEM — continua batendo — A CARA DE PAU DE VIR NA MINHA CASA — puxa o cabelo mais forte — PRA ME FALAR MERDA! VAI SE FODER! — começa chorar.

Nessa hora, German aparece rápido atrás da ruiva e a puxa, encarando confuso a Raquel, sem entender porque ela estava ali.
Quando finalmente conseguiu segurar a esposa, German tentou leva-la para dentro.

G: Raquel, vai embora. Se você quer que ela fique bem, saia daqui. — a morena assente e vai embora, e finalmente o casal entrou em casa.

Sierra estava em uma fase de negação, não entendia como sempre esteve lá pela amiga e nunca recebeu o mérito. E dessa vez ela não iria perdoar.

G: Eu sinto muito, meu amor. — diz baixinho, secando as lágrimas que escorriam pelo rosto da esposa.

A: Eu não entendo porque ela faz isso. — diz irritada.

G: Ela fez o que acha que deveria ser feito, Ali. — suspira — Vem, você precisa comer. — ela assente com a cabeça e eles vão para a cozinha, comendo rapidamente e indo deitar.

German não sentiu que a acalmou totalmente, eta difícil quando se tratava do termino de uma amizade de anos, mas Alicia tem prioridades agora, e Raquel nem sequer está nessa lista como costumava estar.

LA OTRA MITADOnde histórias criam vida. Descubra agora