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Três anos depois, durante a madrugada, todos dormiam na casa da familia Mendez. Victoria no quartinho, que agora tinha uma cama ao envés de um berço, e o casal no quarto deles, abraçados e cansados após uma tarde no parque com a filha.
De repente, o celular da ruiva começou a tocar e ao acordar viu que eram quase 04 da manhã, o que estranhou.

A: Alicia Sierra. — diz meio sonolenta.

P: Alicia, é o Prieto. — diz sério — O Aníbal Cortés foi encontrado agora a pouco, estamos levando ele para Cuenca. Preciso que você vá para lá. Agora. — desliga e a ruiva bufa.

G: Tudo bem, meu amor? — a abraça por trás e ela sorri.

A: Sim. Só tenho que viajar.

G: Como assim?

A: Cuenca. Volto ainda hoje. Encontraram Aníbal Cortés e precisam de mim. Vou pedir o dia off para você, assim cuida da Vi enquanto estou fora.  — se levanta e o marido assente, voltando a dormir sem perceber, o que fez a ruiva sorrir.

Assim que se arrumou, com seu rabo de cavalo tradicional, calça preta, camisa branca de gola alta e um casaco peludo também branco e coturnos pretos com salto, se aproximou do marido e deixou um beijo nos lábios dele, indo também para o quarto da filha e deixando um beijo na cabeça da mesma, logo saiu de casa e dirigiu até Cuenca, que fica a 2 horas de Madri.
Ao amanhecer, chegou na cidade e continuou seguindo o GPS por mais 15 minutos, chegando em um galpão que ficava escondido no meio de uma floresta, que estava cercada por policiais.

A: O que é tudo isso? E por que ele não foi para a delegacia? — se aproxima do Prieto.

P: Já foi levado a algumas horas e não quis colaborar, então te chamamos para ter uma... negociação livre de regras aqui.

A: Como? — o encara confusa — Não vou fazer nada ilegal, Prieto, me tira dessa. — se nega e vira em direção ao carro de novo.

P: Sua família entra em jogo se não colaborar.

A: Está me ameaçando?! - fala um pouco alto e se vira para ele.

P: Não sou eu, e sim o Centro Nacional de Inteligência.

A: O CNI não pode me obrigar!

P: Ele não pode, mas vai te foder até que você aceite. Pense na sua familia, na sua filha. Eles vão proteger vocês e nada vai acontecer.

A: Ah, sim! — gargalha — O meu marido vai amar escutar que torturei um menino de 20 e poucos anos. Pelo amor de Deus! — leva a mão para o rosto, um pouco nervosa.

P: Vai ser rápido, o máximo de informações que conseguir vai ajudar. Todos os dias você vem aqui, mas não pode falar da parte ilegal com o German, nem com ninguém.

A: Joder... se minha familia se prejudicar com isso, eu acabo com você, Prieto.

P: Combinado! — sorri — Ele está lá dentro, pode ir. — Alicia suspira e entra no galpão, observando o Rio sentado todo amarrado e pálido, mas acordado.

A: Oi, garoto. — diz seca e se sentando na frente dele, que levanta o olhar para a inspetora, mas não responde — Vamos tentar fazer com que isso seja rápido. Que tal? Só preciso de uma informação: onde está o professor?

R: Eu não sei. — diz baixinho.

A: Ah, qual é, Rio?! — diz com uma voz tranquila, escondendo que estava nervosa — Essa não cola aqui. Você foi pego em uma ilha, sozinho, vivia lá com a sua namorada, né? — os olhos dele ficam aguados — Hum... ex. Ex namorada, né? — suspira — Ela te largou e você quis ir atrás! Entendi tudo agora. Mas ela foi com o professor, não foi?

R: Não. Eu não sei, ela não sabe, ninguém sabe onde está o professor.

A: E meu nome é Xuxa. — sorri e chama um dos seguranças que estavam na porta, trazendo uma máscara com metanol — Vamos viajar para ver se você consegue lembrar de alguma coisa.

Aníbal olha para o homem musculoso que estava colocando a máscara nele, e se assustou, tentando se livrar por não saber o que tinha ali.

R: EU NÃO SEI ONDE ESTÁ, ESTOU FALANDO A VERDADE! EU NÃO SEI! NÃO SEI! — diz se debatendo — NÃO! ALICIA EU NÃO SEI! — Sierra vira o rosto e fecha os olhos, só abrindo quando os gritos foram parando e ele ficou desacordado.

A ruiva se levantou rapidamente e correu para uma pia que tinha ali perto e vomitou tudo o que podia, não se sentia bem com aquilo e quando saiu de lá, foi tomar um ar perto do carro, perdida nos pensamentos e nem percebeu quando seu chefe havia se aproximado.

P: Sierra! — fala um pouco mais alto e a assusta — E ai?

A: Ele não sabe, Prieto. Está assustado e eu acredito nele, é só um menino.

P: Um menino que roubou a Casa da Moeda da Espanha, Alicia!

A: Eu sei, porra! Mas torturar não é o melhor a se fazer, prende ele logo e deixa apodrecendo na cadeia de uma vez!

P: Se ficarmos com ele, eles vão tentar resgata-lo e é aí que vamos agir.

A: E você acha o que? Que o professor vai chegar em um cavalo para salvar ele? Prieto, eles vão atacar de novo, vão armar outro assalto, só vamos levar ele para a penitência e...

P: Cala boca! Já falei para seguir as ordens do CNI e fazer o que você faz de melhor: ser idiota. — a ruiva o empurra e sai de perto dele, voltando para o galpão e vendo os guardas dessa vez com um pedaço de madeira, cada um deles com um.

A: Que isso?

X: Agora, se ele não abrir a boca... pow! — bate a madeira na própria mão e Alicia olha para o menino que acordava aos poucos.

A: Joder! — sussurra para si mesma — Cortés, acorda. — se aproxima e chacoalha ele um pouco, que se senta assustado e a encara — Vamos lá. Por que você não sabe onde ele está?

R: Cada um foi para um lugar e ninguém sabe onde o outro está.

A: E porque Tóquio te deixaria sozinho para ir viver com um desconhecido? E o risco que ela corre? — ele não responde — Me diz o que souber do professor, onde ele poderia ir? Como ele sabia o nosso próximo passo? Como ele entrou la dentro? Foi a Raquel?

R: Eu não sei.

A: Por favor. — suspira, não queria ver o que estava por vir — Rio, você vai sofrer mais se enrolar.

R: Eu não sei de nada! — bate na mesa irritado e faz com que os guardas se aproximem com o pedaço de madeira nas mãos, eram dois rapazes — POR FAVOR! INSPETORA EU NÃO SEI — se desespera e Alicia sai rápido da sala, pegando as coisas e indo embora o mais rápido possível daquele galpão, enquanto escutava os gritos do hacker.

LA OTRA MITADOnde histórias criam vida. Descubra agora