Parte II - Don Matteo

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Matteo Denaro

Dois meses antes

Olhar o corpo do meu pai sem vida dentro do caixão fazia meus olhos arderem com as lágrimas que cairiam em breve com certeza! As pessoas ao redor choravam, fazendo com que meu peito doa cada vez mais. Esse homem que fez todas as minhas vontades e deixou que eu vivesse como quisesse, jazia ali sozinho dentro de um buraco!

Mas, essa é a única certeza da vida, não é? A morte!

A questão era, como você aproveitava o intervalo que havia entre os dois destinos, entre o começo e o fim: O nascer e o morrer! E meu pai aproveitou sua vida, com certeza! Foi feliz nesse meio tempo, fez coisas grandiosas e o mais importante, amou sua familia acima de tudo!

Dizem algumas pessoas que o homem deve fazer três coisas antes de morrer: ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro! Meu pai tinha feito muito mais, a prova disso era a quantidade absurda de pessoas vindo de todos os lugares para se despedirem dele! Ele foi um homem que não media esforços para ajudar o próximo, tratava quem pedia ajuda a ele como família e os protegia como filhos.

Depois de enterrá-lo, voltamos para a sua casa e eu entrei em seu escritório e me servi do seu Whisky preferido. Meus olhos pousaram nas fotos do desgraçado que meu pai me deu antes de morrer. Quando ele sentiu que talvez não suportasse mais a doença que matava seu corpo, me chamou em seu quarto e colocou as fotos em minhas mãos.

A raiva queimava meu corpo, ardendo igual o whisky que descia por minha garganta. O que eu planejava fazer com ele, não dava para comparar com o que fiz com os outros! Ele iria pagar, não só por tê-las assassinado, mas por me fazer de idiota! Ele iria conhecer quem eu era de verdade, o porque era conhecido entre eles como Diabolik!

Dias atrás

- Esse é o terceiro como prometi! - sua voz fraca saia baixa devido a máscara de oxigênio que ele precisava para poder respirar!

- Não pode ser! - sorri e rosnei sentindo meu corpo tremer de raiva ao ver o desgraçado que esteve debaixo do meu nariz o tempo todo.

- Dimitri Vladivostok! - Shammuel falou monótono.

- Onde ele está? - perguntei sentindo as veias do meu pescoço dilatarem com a adrenalina que passava por meu corpo. Eu sabia que ele já deveria ter fugido de Helsinki quando soube que eu voltei. Com certeza ele foi avisado.

- Rússia! - Shammuel respondeu.

- Filho da puta! - rosnei e me levantei, meu corpo queimava querendo quebrar algo, andei de um lado para o outro rosnando como um animal enjaulado. - esteve todo esse tempo embaixo do meu nariz, me fazendo de idiota! - gritei - Eu o tratei como família! - chutei a cadeira contra a parede e ela se partiu em pedaços.

- Se controle Matteo! - Shammuel parou em minha frente me segurando pelos ombros. A voz calma dele fez minha raiva crescer ainda mais. O empurrei com as mãos o levando para trás, batendo no seu peito, querendo que ele revidasse e nós entrassememos em confronto, mas o filho da puta só ria cínico para mim e apenas andava para trás com as mãos levantadas!

- Matteo! - Antonia me repreendeu e eu parei. Suspirei e olhei para o meu pai, que me olhava calmo, sabia que eu reagiria assim por isso nem se preocupou. Já conhecia o filho que tinha.

- Desculpe mãe! - Olhei para ela mais calmo.

- O que vai fazer? - Shammuel perguntou com seu tom monótono de não estou nem ai.

- Empalar o filho da puta! - sorri diabolicamente, a palavra passou por minha língua um gosto bom, como um licor doce e gostoso.

- Lembre do que me prometeu filho, confio em você para proteger sua família! - o pai o olhou com carinho - sei que vai manter a promessa!  - tossiu puxando o ar.

Padre Cameron - Renda-se ao Pecado...Onde histórias criam vida. Descubra agora