O que você vê?

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Os primeiros passos para dentro da escuridão completa são sempre os piores a serem dados, porque seus olhos ainda estão acostumados com a luz que havia anteriormente, mesmo que pouca. Hesitamos por alguns segundos em ligar as lanternas, mas não haveria outra forma de conseguirmos andar naquele lugar estando às cegas. E, assim que iluminamos o lugar, percebemos estar em um túnel úmido e que parecia ter sido abandonado há muitas décadas. Não havia um sinal se quer de que o local continha algum tipo de vida habitando-o.

Estranhamente, continuamos a ouvir um barulho como de uma cascata de água jorrando em algum lugar lá dentro. Me lembro da mina Ironsplinter e como ela ficava perto da cachoeira Grimrock. A situação poderia ser a mesma aqui.

Não precisamos caminhar muitos metros para encontrar uma ramificação de túneis que iam em diversas direções diferentes. Agora tínhamos um grande problema: decidir qual túnel seguir. Enquanto tentávamos decidir, ouvimos sons de passos e uma iluminação fraca a vir pelo mesmo túnel que adentramos e, rapidamente, nos escondemos, um de cada lado do túnel de entrada, desligando nossas lanternas e aguardando no breu.

Durante os segundos que sucedem a nossa espera, sinto meus olhos sendo atraídos para um túnel específico, o terceiro à minha esquerda. Aquela velha sensação de déjà vu reaparece. Por que isso está acontecendo tanto hoje? Talvez, seja o fato de eu gostar tanto de florestas e sentir tanta falta delas na cidade em que eu moro.

Conforme os passos se aproximam, a iluminação vai ficando mais forte e eu volto a enxergar Eric do outro lado parecendo se posicionar para atacar o nosso perseguidor e me preparo para ajudá-lo.

No momento em que o suspeito entra no encontro da ramificação de túneis, Eric pula sobre suas costas, dando-lhe uma chave de braço e eu corro na direção deles, empunhando meu taser de choque. No entanto, antes que eu pudesse encostar no homem, noto um distintivo em seu casaco.

— Eric, ele é um policial.

A minha voz sai quase em um grito, fazendo-o soltar o homem do golpe.

— Senhor Bucket? – Eric imediatamente o reconhece.

O policial dá dois passos atrás, colocando a mão sobre a arma em seu coldre e com a outra ele aponta a lanterna para nós dois.

— O que vocês estão fazendo aqui?

Charlie e Eric não haviam exagerado quando falaram do bêbado Timothy Bucket, ele exalava cheiro de álcool e seus reflexos não pareciam nada bons, visto que ele não teve qualquer reação ao golpe de Eric. Ele deveria mesmo trabalhar assim?

— Estamos procurando por Adam Dover. Aquele que o senhor não se importou em tentar encontrar, horas atrás.

As minhas palavras soam mais ríspidas do que eu desejava e Timothy me olha furioso, estreitando os olhos e franzindo a testa.

— A senhorita não é daqui. – Ele se aproxima me analisando. — Quem é você?

Eu tomo fôlego para me apresentar, mas assim que eu abro a boca, Eric atravessa a conversa.

— Alison Dover – Ele me fita rapidamente parecendo que tinha um plano. — Prima distante do Adam. Ela está de passagem pela cidade e resolveu visitá-lo. Eles se encontrariam no estacionamento da Greenside, mas ele não apareceu. Por isso chamamos a polícia.

O policial, embora ouça atentamente o que Eric dizia, não desvia os olhos de mim, parecendo desconfiado. Entretanto, aceita a explicação e se vira parando ao lado do túnel por de onde viemos.

— Realmente, nossas investigações preliminares indicam um possível caso de desaparecimento. Nós vamos começar as buscas pela floresta pela manhã, quando houver iluminação suficiente e quando os cães chegarem da capital. Agora, vocês devem sair daqui, ou quando o sol aparecer, estaremos procurando 3 pessoas. – Bucket aponta a saída com a lanterna.

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