Quem é você?

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Seguindo o caminho indicado naquela rota que recebi do estranho misterioso, em poucos minutos estou em frente à entrada da mina abandonada. Reconheço a árvore caída atravessando a porta e, também, a vasta escuridão vista de fora.

Ligando a lanterna, eu adentro o túnel frio e aterrorizante, dessa vez, sozinha. O arrepio em minha nuca me faz ter a sensação de estar sendo observada a todo instante, mas ali não existia mais câmeras com suas pequenas luzes vermelhas.

Depois de longos metros de caminhada, que pareciam ainda maiores do que antes, quando estava acompanhada de Eric, estou de volta ao encontro dos vários túneis. Mais do que nunca, precisarei da localização que antes me guiava. Volto a olhar o celular e, para o meu espanto, a localização desapareceu completamente da conversa. Começo a entrar em pânico com a possibilidade de estar perdida em um lugar que não consigo enxergar nada além do que minha lanterna alcança.

Ouço um estrondo, mas o eco parece vir de todos os lados, não consigo definir de qual túnel devo me afastar. Mais uma vez, tenho a sensação de que não estou de fato sozinha. O que quer que esteja me observando agora, está fazendo isso com seus próprios olhos. Volto a olhar o celular, na esperança de que a localização estivesse ali novamente, mas não encontro nada. Em angústia, abro o GPS, pelo menos para ter uma pequena noção de onde estou e para que direção seguir, mas não há qualquer sinal naquele buraco inóspito em que eu me meti.

Ouço mais um estrondo e, agora, seguido de outros sons que parecem se aproximar de algum dos túneis. Não penso muito e tento correr de volta para a direção de onde eu vim, mas já depois de algum tempo na escuridão, todos os lados parecem iguais. Então, apenas desligo a lanterna, seguro com força o meu taser de choque e fico imóvel, torcendo para que quem quer que estivesse ali, não pudesse me enxergar no breu.

Os sons parecem próximos o suficiente para terem chego no encontro dos túneis onde estou, mas eles param. Meus olhos começam a se acostumar com a ausência completa de luz e eu posso ver a sombra de uma pessoa, assim que viro meu pescoço para olhar por cima do ombro. Meu primeiro instinto de sobrevivência me faz apertar o botão do taser e lançá-lo em direção àquela sombra, mas minha ação é bloqueada por uma mão rápida que alcança meu pulso.

— Alison! – A voz familiar me surpreende. — Sou eu. Adam.

Volto a ligar a lanterna e é mesmo ele quem está em minha frente.

— Se eu soltar o seu braço, promete não me eletrocutar com isso?

Olho para minha mão ainda apertando o botão de choque.

— Sinto muito, Adam. – Volto o taser ao bolso da minha jaqueta, assim que ele solta gentilmente o meu pulso. — Você estava aqui esse tempo todo? Nós te procuramos uma madrugada inteira. – As palavras pulam da minha boca sem que eu consiga freá-las. — O que houve? Para onde você foi? Por que não atendeu as ligações? Por que não respondeu as mensagens? Pensei que pudesse estar morto. O Eric, ele está com você?

— Aqui não é um lugar seguro para conversarmos. – Adam passa os olhos ao nosso redor, parecendo cauteloso. — Eu posso te explicar tudo, com calma. Mas, primeiro, precisamos sair daqui. – Percebendo minha hesitação, ele segura o meu rosto em suas mãos e me olha com aqueles olhos azuis de alívio e medo que eu já havia visto antes. — Confie em mim.

Aqueles olhos hipnotizantes me convencem com grande facilidade. Eu não digo nenhuma palavra, mas minha cabeça confirma com um aceno. Adam, então, pega a minha mão e me conduz pela escuridão.

Em questão de segundos, sou capaz de ver uma luz ao longe, indicando a saída da mina. Ao passar por ela, meus olhos estão sensíveis e eu pisco várias vezes, até que me acostumo com a claridade do dia ensolarado. Nesse momento, percebo que aquela era outra parte da floresta, diferente do lugar por onde entrei.

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