Em quem confiar?

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Amanhecera bastante frio e nublado na pequena e velha Redlog Pines e, apesar das poucas horas de sono que tivemos, tanto eu quanto Eric parecemos ter recuperado o ânimo depois da longa busca pela floresta na noite anterior. Após um café da manhã rápido, nos colocamos a caminho da casa de Adam, como eu havia sugerido anteriormente.

Passando pela frente da casa de Adam, lembramos que a polícia estivera lá na noite anterior, conforme a Ash havia contado ao Eric, enquanto tentava descobrir o que havia acontecido com seu amigo. Por esse motivo, decidimos parar o carro uma quadra a frente para não despertar a atenção de qualquer pessoa que estivesse de olho na movimentação e, então, seguimos andando.

Quando nos aproximamos sorrateiramente da casa, notamos que a polícia havia isolado o local, colocando um lacre adesivo de cena de crime na porta da frente, que romperia em qualquer mínima tentativa de abri-la. Sendo impossível abrir aquela porta sem sermos presos, começo a olhar as janelas em volta da casa tentando encontrar uma que não estivesse trancada por dentro e meu ajudante faz o mesmo. Algumas janelas depois, sem sucesso, Eric aparece pela esquina da parede da garagem, fazendo um sinal para que eu fosse até lá.

— Essa sempre fica aberta. – Ele aponta para uma pequena janela alta na parede do fundo da garagem fechada. — Adam é bastante desatento. Muitas das vezes que a gente saía para beber ele acabava esquecendo as chaves em algum lugar e, no fim da noite, tinha que entrar por aqui.

Pelo riso que Eric parece segurar e o ar divertido em seus olhos, aquela parecia uma boa memória que já o fizera rir outras vezes. Deixando esses pensamentos de lado, olho para a janela e percebo que pelo meu tamanho, não chegarei nela sem ajuda.

— Primeiro as damas. – Apoio a mão sobre o ombro de Eric e ergo meu pé para que ele o apoie em suas mãos.

Inacreditavelmente sem questionar, Eric se encosta na parede e me impulsiona para cima, onde eu facilmente alcanço a janela e a atravesso até o interior da garagem escura.

Como já esperava, não há nenhum carro ali, já que ele foi guinchado da estrada até o pátio da polícia, conforme a mensagem que Eric recebera do policial Bucket pela manhã. Há algumas prateleiras na parede a minha esquerda, com ferramentas e outros itens para carro, uma bicicleta no suporte pendurado na outra parede, e na terceira parede, a porta para o interior da casa. Me apresso até ela, enquanto ouço Eric descer da janela sem nenhuma delicadeza e bater uma das pernas na prateleira ao seu lado. Giro a maçaneta com firmeza, mas a porta não se abre.

— Me diga que ele guarda alguma chave reserva por aqui. – Eu me viro apoiando as mãos na cintura, um pouco impaciente.

— Sei lá. Eu achei que ele sempre deixava aberta. – Eric coça a nuca, parecendo sem jeito. — Não pensei muito nisso.

— Deu para perceber. – Suspiro, soltando os ombros e voltando a olhar a maçaneta. — Encontre algo que eu possa usar para abrir. Tem uma caixa de ferramentas aí a prateleira. Procure algo fino o suficiente para ser usado como uma chave.

Alguns segundos depois, Eric estende a mão em minha frente com uma agulha do bico da bomba de pneu da bicicleta e uma chave de fenda de precisão de 1,4mm.

— Isso ajuda? – Eric me encara com seu semblante de cachorro que caiu da mudança, tentando se desculpar.

Perfeito! Dou um meio sorriso, olhando com o canto dos olhos, para ele saber que estava perdoado por sua falta de planejamento e, em seguida, me concentro em destrancar aquela porta. Ouço os cliques das travas se abrindo e giro a maçaneta. Estávamos, finalmente, dentro da casa.

A porta nos levava à lavanderia que ficava ao fundo da cozinha e saindo dela, víamos a sala. Tudo parecia em completa ordem. Nada que indicasse que ele tivera alguma visita indesejada. E, então, nos aprofundamos no corredor que levava aos quartos, mas que, segundo Eric, também levava a uma espécie de escritório pessoal do Adam.

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