capítulo 3

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Dizem que você nunca supera completamente seu primeiro amor. E Penélope começava a crer que aquilo era verdade, pois, não se lembrava de outra pessoa que conseguisse fazer seu coração descompassar da forma que Colin fazia. Só pelo fato de estar ali, de olhar pra ela.

Dois anos longe. Penélope poderia jurar que aquilo já tinha passado, mas ele voltou no pior momento.

- então, o que foi? - disse Eloisie após entrar no quarto e fechar a porta.

- Acabou. Eu e o Alfred Debling. - disse se sentando na cama. Sentindo a tristeza pairar no ar.

- Também não precisa chamar ele assim né. Vocês terminaram mas são íntimos. Acho que talvez vocês possam voltar. Quem terminou?

- não teve uma palavra definitiva de quem terminou. Mas a questão é que eu não sei se quero voltar.

- por que? Ele fez alguma coisa? Penélope, o que aconteceu? - Eloisie falou se ajoelhando e encostando a mão na da amiga.

- eu vi ele beijando Cressida. Eu vi que ela beijou ele. Vi que ele correspondeu por dois segundos e a empurrou. Mas essa não é a questão. Eu quero um amor Eloisie, o amor que sua mãe fala e Alfred nunca me proporcionou isso. Ele disse que se dedicou a mim. E eu tentei retribuir. Tentei fingir que meu coração acelerava quando ele abria a porta, quando ele puxava a cadeira, quando ele me dava flores. Ele é perfeito, mas não pra mim.

- uau, eu nunca soube que você queria isso Penélope. Um grande amor. Você parecia feliz com Alfred. - Eloisie se levantou e a puxou para um abraço - me desculpa, por não saber disso mesmo sendo sua melhor amiga.

- você não tinha como saber. Talvez nem eu soubesse - disse se aconchegando nos braços de Eloisie

- Vai ficar tudo bem, tá? Me espera tomar um banho?

Penélope concordou e saiu para a grande  biblioteca da casa. Havia pegado um livro e queria devolvê-lo.

Entrou na biblioteca e viu que a escada pra prateleiras altas não estava lá. Pegou uma cadeira e subiu em cima. Parte do seu ser falou para ela apenas deixar o bendito livro numa mesa, mas ela pensou " eu soube pegar, vou saber devolver também ".

Esticou os braços e ficou na ponta dos pés. Deu a vida por aquilo até perceber que o outro livro estava um pouco inclinado, impedindo que o bendito livro passasse. Tentou ajeitar, mas estava difícil.

- maldita genética - resmungou baixo, culpando seus ancestrais por não ter lhe dado alguns centímetros a mais de altura.

O silêncio foi interrompido por risada que ecoou pelo espaço do ambiente.

- mas o que você está fazendo? - disse Colin em meio a risadas. Fazendo ela se perguntar de novo o porque ele tinha que voltar agora.

- você tá aqui faz tempo? - perguntou Penélope, tentando descer da cadeira, tentando não olhar pra ele. Achava que essas duas atitudes iriam de alguma forma minimizar sua vergonha.

- digamos que, tempo o suficiente - ele disse se aproximando e ela sem perceber dava passos pra trás até se encostar na prateleira. Ele chegou muito perto e ela olhou nos seus olhos. Seu coração acelerava e ela se perguntava se um dia sentiria algo assim por outro alguém. Alguém que gostasse dela na mesma proporção.

Ele se aproximou da sua orelha e colocou as duas mão na prateleira na altura da cintura dela, uma de cada lado. Não tinha como fugir, pensou ela, embora não quisesse.

- mas não culpe sua genética, é realmente uma prateleira alta. - disse rindo enquanto ela corava.

- você... - disse ela empurrando pelo peito - é irritante.

- não acredito que você já está importunando Penélope de novo. - disse Eloisie encostada na porta com uma toalha na cabeça. - pobre Penélope

Ele apenas riu pegando o livro da mão dela, subindo na cadeira e colocando rapidamente no mesmo local onde ela havia tentado.

- é a única coisa que ele sabe fazer Eloisie, não posso aguentar mais - disse Penélope fazendo pose dramática e sorrindo para a amiga.

- Posso contar a ela da sua situação quando eu cheguei, Penélope - Colin falou sorrindo, se perguntando o porquê do nome de Penélope ser tão satisfatório de pronunciar.

- Não, não. - disse pegando o braço de Eloisie e a arrastando pra fora. - obrigado, Colin.

Penélope se foi junto com Eloisie e ele só pensava no quão tentador foi chegar perto dela. De ver seu olhar profundo, seus lábios entreabertos deixando passar a respiração. Quis beija-la. Quis colocar ela entre ele e os livros, sentindo os lábios macios dela sobre os dele. E então teve um déjà vu de dois anos atrás.

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