capítulo 1

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Dizem que o tempo é a resposta de tudo. Com isso, Colin se perguntava quanto tempo mais teria que esperar para sentir que o tempo deu a resposta da sua vida. Tinha viajado o mundo, conheceu culturas, idiomas, mulheres e vivia muito bem com a fortuna que sua família lhe proporcionava, ainda assim naquela noite estrelada tinha voltado de novo para Londres, onde toda sua família vivia, onde cresceu.

De certa forma conformado que se não conseguiu encontrar um objetivo pelos locais onde passou, talvez devesse só ficar em um lugar. E, bem, não tinha lugar melhor que ficar perto de sua família.

Entrou pela primeira vez no apartamento que tinha comprado e deu os parabéns mentalmente a imobiliária que tinha deixado tudo pronto. Deixou as malas no chão, deitou-se no sofá que cheirava a novo na sala e pensou "finalmente silêncio".

Foi quando ouviu um barulho no apartamento vizinho.

- Eu posso explicar o que aconteceu, me deixa te explicar. - um homem falou com a voz alterada.

- Explicar? Que desculpa você arranjaria para cobrir o fato de eu te pegar me traindo? Me diz - a mulher gritou.

Colin não sabia qual sentimento predominava, raiva pelo descanso interrompido ou curiosidade de saber como terminaria a briga. Estava cansado, mas naquele momento ele reconheceu ,para si mesmo, que talvez fosse mais fofoqueiro do que gostaria de admitir.

Se aproximou da parede que ia de encontro ao apartamento do lado e se deitou no tapete. Não tinha acendido a luz do apartamento. Então lá estava ele deitado no chão, iluminado pela luz da lua que entrava pela sua grande janela, tentando ouvir mais sobre a vida dos vizinhos que ele nem sabia quem era.

- Ela me beijou, se jogou em cima de m...

- E então você aceitou? - ouviu uma risada irônica da mulher e pediu a Deus pra nunca se desentender com ela um dia. Seja lá quem fosse. - deve ter sido um imenso sacrifício mesmo. - bateu palma - coitado dele.

- Quer saber, eu beijei sim.

- não precisa dizer o óbvio. - disse ela interrompendo o homem.

- Mas você não pode negar que eu, mas do que ninguém, tentei fazer com que essa relação desse certo. Te pedi em casamento, você disse que ia pensar e ainda acha que me engana mudando de assunto todas as vezes que comento sobre.

- Isso não justifica uma traição.

- Você me ama? - o silêncio tomou conta do ambiente, o ar ficou pesado, e depois de alguns segundos escutou algo que, talvez pela interferência da parede, parecia mais um sussurro.

- Eu gosto de você.

Colin pensou que aquilo estava tão dramático quanto os livros de romance que ele já leu e se perguntou o por que do destino não ter preparado umas pipocas pra ele aproveitar melhor o espetáculo.

- Eu... passei esses dois anos da minha vida me dedicando a você, pen. Eu cuidei de você esperando que um dia olhasse pra mim na intensidade que você olhava pra aquele cara. Mas isso nunca aconteceu. Me diz, isso um dia vai acontecer?

- Eu não sei. - a voz da mulher parecia chorosa. E ele se perguntou onde ele já tinha escutado aquela voz.

- Eu acho que isso já é uma resposta.

O som da porta abrindo e fechando deu início ao silêncio que era quebrado de tempos em tempos com o leve barulho de fungado. Colin pode imaginar a cena da mulher encostada na parede chorando e se sentiu triste por algum motivo.

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