De novo você

capítulo 5

Se tinha algo marcante na família bridgerton era sua vontade de festejar. Talvez pela mãe que fazia de um simples chá da tarde um evento social, ou mesmo pelas festas grandiosas de sua irmã Daphne. De alguma forma, Colin já esperava que haveria algum tipo de confraternização pra celebrar sua volta.

E foi na manhã seguinte do encontro com sua família que ele recebeu uma mensagem de Eloisie para passar por volta das 19h da noite na casa bridgerton. Sorriu para mensagem e respondeu como se não soubesse da festa surpresa.

Tirou seus pertences da mala, almoçou com alguns amigos e voltou no final da tarde.

Deitou no sofá esperando o horário de estar atrasado. Ouviu a campainha do apartamento ao lado tocar e pensou pra si mesmo que aquele apartamento precisava de um ajuste acústico. Pouco tempo depois ouviu uma voz familiar elevar a voz. Recordou de uma vez que observava Penélope e ouviu sua mãe brigar com ela por sua leitura constante. Definitivamente era ela.

- você não tem o direito de fazer isso Penélope. Sua união com ele vai além de vocês dois, é sobre nossas famílias.

- Eu vi ele com outra mãe. E além do mais... Eu não o vejo dessa forma. Ele é um bom amigo, apenas isso.

- Penélope, investimos em você. Cuidamos, apoiamos e fizemos de tudo pro seu bem. Pro seu melhor, filha. Você quis sair de casa cedo, quis estudar de forma remota e isso sem contar sua obsessão pelos livros. Não posso deixar que você estrague seu futuro dessa forma.

- Você não pode me obrigar também.

- Claro que posso. Nós te sustentamos.

- Então é isso? - ouviu a risada irônica - vai me chantagear? que seja então. Eu vou romper os laços se você quiser.

- Você... Não estou dizendo isso. Mas se é isso que você quer, talvez seja melhor sofrer um pouco pra ver a crueldade do mundo.

Ouviu a porta bater. Colin, que já tinha se levantado pra ouvir deitado no tapete, pensou em como a vida da sua vizinha era agitada.

Se apressou em se arrumar e foi pra casa bridgerton, fingindo surpresa em ver toda sua família e amigos próximos reunidos. Com todos em clima de confraternização viu Penélope passar com Eloisie. Sorrindo. Se perguntou se ela só estava fingindo estar bem ou de fato a briga de um tempo atrás não havia a atingido.

Bebeu, sorriu, socializou até ver Penélope com um copo de bebida no canto. Disse a si mesmo que se aproximar não era uma boa ideia, mas era impossível resistir.

Deu alguns passos em sua direção.

- Colin - disse olhando nervosa pra ele - eu ia falar com você. Bem, dizer novamente que estou feliz que tenha voltado.

- Eu fico feliz em te ver. Achei que não viria hoje.

- Por que? - Penélope perguntou. Era verdade que não era tão próxima de Colin, mas era tão amiga de Eloisie que era quase da família. Percebeu que não contar a Penélope que morava no apartamento do lado poderia parecer estranho. Criou coragem, respirou e prosseguiu.

- na verdade, eu preciso te contar...

- Penélope, você sumiu - disse Eloisie aparecendo no meio da multidão. - eu preciso te contar uma coisa.

Carregou Penélope pelo braço e sumiu no meio das pessoas.

Colin pegou uma bebida, torcendo pra que ela tivesse bastante álcool e seguiu em busca de outras pessoas pra falar.

Após meia hora carregada de palavras e alguns copos vazios procurou a varanda no segundo andar da casa. Precisava de um pouco de silêncio. Pensou que olhar um pouco pras estrelas o faria bem.

- você precisa resolver essa bagunça Penélope.

Ouviu um resmungo ecoar no canto da varanda. Olhou e viu Penélope olhando pro chão, tão presa em seus pensamentos que estava incapaz de perceber sua presença. Imaginou que seria melhor não incomodar, mas ao mesmo tempo não queria ir embora e quando finalmente ia sair ouviu ela falar com ele.

- você tem uma séria tendência a chegar nos meus piores momentos, senhor bridgerton. - falou sorrindo.

- é uma herança de família. - sorriu pensando que a frase proferida por ela de fato fazia sentido, ainda mais considerando as discussões que ele ouviu e ela nem sabe.

- você ouviu o que eu estava falando?

- nada comprometedor.

- que bom. Você disse que queria me dizer algo mais cedo. - disse olhando pra ele. Reconhecia em seus movimentos certa agitação, ansiedade pelo que ia dizer. E ele, bem, ele sabia que apesar de talvez não ser o melhor momento, era melhor de dizer a verdade.

- Queria dizer que sou seu novo vizinho. - disse, aliviado de certa forma.

Penélope ficou em silêncio, então ficou vermelha e Colin pode ter certeza de que ela iria desmaiar ali mesmo.

- eu não ouvi barulhos no apartamento ao lado. - disse ela com relutância na voz, como um estado de negação.

- eu não fiquei muito tempo lá, só voltei pra dormir e...

- você ouviu hoje mais cedo? - disse cortando sua fala.

- sim, mas não se preocup...

- e a outra discussão? - disse com olhos suplicantes pra ele dizer que não.

- Sim, eu... Eu escutei.

- ah meu Deus, que vergonha. - disse colocando a mão no rosto. - eu... preciso ir.

- Penélope - disse ele a puxando pelo braço. Talvez o álcool ou talvez o calor da momento tenha feito ele a puxar um pouco forte demais. Ela estava perto. Muito perto- discussões são normais. - terminou a frase, tentando disfarçar suas verdadeiras vontades.

- isso não torna menos vergonhoso - disse ela, baixo, quase sussurrando. Colin, no entanto, nem conseguia entender o que ela falava, só prestava atenção na sua boca. Seus lábios se movendo levemente enquanto formavam as palavras. Levantou a mão e tocou o seu polegar no lábio inferior dela, sentindo o hálito quente. - o que você tá fazendo? - ela perguntou, tentando não olhar pros lábios dele, fixando em seus olhos azuis, que a olhavam com uma devoção que fazia seu coração querer sair pela boca.

- tô fazendo o que eu queria ter feito a muito tempo. - disse Colin a puxando para um beijo.

Seus lábios se tocaram e Colin a puxou pela cintura, eliminando o espaço entre eles, sentindo a volume dos seus seios serem apertados deliciosamente em seu corpo. Subiu uma mão tocando nela, devagar mas com consistência, como se tentasse decorar cada curva do seu corpo, como se precisasse fazer com que aquele momento durasse mais.

Ela, apesar de um pouco surpresa no início, pegava em seus ombros com uma tenacidade que o faziam delirar. Subiu a mão para nuca dele puxando levemente seus cabelos, abrindo mais boca, fazendo suas línguas colidirem.

- Penélope, Penélope - disse sorrindo com satisfação, se afastando pra respirar. Abriu os olhos, vendo ela abrir os seus numa deliciosa confusão de sentimentos. - você é tão linda - disse hipnotizado pela cor rosada de seus lábios, o convidando tentadoramente para beija-la de novo.

Inclinou-se sabendo que não havia como resistir aquela tentação. Ciente que agora, que sentira aquele beijo, era um homem totalmente rendido a seus encantos. Seus lábios tocaram os dela, querendo conhecer cada canto, mas então eles ouviram um barulho de algo caindo.

Se afastaram rapidamente. Olharam um pro outro e perdido em olhares de desejo eles souberam que nada voltaria a ser como antes.