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O navio estremeceu violentamente quando uma bola de canhão quebrou o casco, lançando milhares de pequenos estilhaços pelo caminho. Hongjoong segurou firmemente no corrimão para se manter de pé naquele momento antes de voar novamente pelos degraus até o convés principal.

– Disparem à vontade! – ele gritou para os membros da tripulação que carregavam freneticamente os canhões. Um coro de "aye, capitão!" seguiu-o enquanto ele corria pelo convés, verificando se cada homem estava armado e pronto para o que estava por vir. Uma vez satisfeito, ele se apressou até ao leme. – Virem-nos! – ele gritou para o seu primeiro imediato, Choi San. – Se eles nos atacarem de lado, poderão nos abordar!

– Capitão, não conseguiremos fugir deles – San expressou suas preocupações, fazendo o possível para afastar o navio dos atacantes. Hongjoong sabia que havia pouca esperança. Sua brigantina de dois mastros era destinada ao comércio, não à luta. Tinha apenas doze canhões. A fragata que os atacava era um navio de três mastros construído para velocidade e guerra. Tinha pelo menos trinta e seis canhões e poderia afundá-los num piscar de olhos. A única razão pela qual ainda flutuavam era por causa da carga em seu porão.

– Eu sei – disse ao homem. – Mas pode nos manter vivos por um pouco mais.

O navio rangeu ao começar a virar e o navio pirata se esforçou para alcançá-los no exterior de seu arco. Para o desânimo de Hongjoong, a embarcação estava alcançando-os. As velas penduradas acima dele eram prova de que estavam perdendo o vento.
Descendo novamente ao convés principal, o capitão mercante dirigiu-se à sua tripulação. – Preparem-se para serem abordados! – ele bradou. – Esse navio lá fora é o Stardew! Não haverá misericórdia deles, então não haverá misericórdia de nós! Vamos mostrar que a tripulação do Wonderland não vai afundar sem lutar!

Hongjoong puxou a espada da bainha em seu quadril com as últimas palavras de seu discurso, gerando uma resposta de aplausos determinados de seus homens. Todos sabiam que as probabilidades não eram boas. Eram apenas dezessete contra eles. O navio que se aproximava provavelmente tinha pelo menos trinta piratas, todos lutadores mais experientes do que a tripulação mercante.
Estavam em menor número, superados em armamento e logo seriam alcançados pela tripulação inimiga.

– Foi uma honra navegar com você, Capitão – disse o mestre de navegação, ao lado dele no taffrail enquanto observavam o barco inimigo deslizar ao lado deles.

Os canhões ainda disparavam dos dois lados, fazendo ambos os navios tremerem com os impactos. No entanto, a frequência dos tiros diminuiu significativamente quando a tripulação inimiga começou a se lançar no navio mercante.
Hongjoong segurou firmemente o cabo da espada enquanto começava a lutar contra o primeiro pirata que veio pra perto dele. O homem era brutal e lutava com sua força, fazendo tudo o que podia para dominar seu oponente. O loiro grunhiu com o esforço necessário para bloquear cada um dos golpes poderosos, ele podia sentir as vibrações de cada golpe ressoando profundamente em seus ombros e isso o perturbava. Ele nunca tinha lutado contra um homem deste calibre antes, e som de metal contra metal ecoava ao redor do capitão mercante enquanto ele se defendia. Quando uma abertura se apresentou, Hongjoong avançou e perfurou o pirata sob as costelas com um som nauseante. Rapidamente, ele se afastou para desviar a espada enquanto ela caía em sua direção pela última vez. Quando o pirata sentiu a dor, a arma escapou de seus dedos e ele instintivamente se moveu para segurar seu ferimento, seus joelhos estalaram contra o convés momentos antes de seu crânio.

Hongjoong sentiu como se pudesse estar doente quando afastou os olhos do homem, apenas para prendê-los no líquido vermelho viscoso que pingava de sua lâmina. Ele nunca tinha matado um homem antes, ele tinha lutado com muitos, mas nunca havia tirado uma vida. Balançou a cabeça para livrar-se dos pensamentos que o atormentavam. Não havia tempo para contemplar isso agora. Eles ainda estavam sob ataque.
Os olhos do loiro percorreram freneticamente a cena, uma sensação gélida se apoderando dele. Alguns membros de sua tripulação já haviam caído. Suas chances de sobrevivência estavam se tornando cada vez mais escassas a cada segundo que passava. Ele odiava que estivessem em tamanha desvantagem. Não era justo. Nenhum de seus homens merecia morrer assim.

Pirate's Heart, Siren's soul - SeongjoongOnde histórias criam vida. Descubra agora