XIII

17 5 1
                                    

O sol estava quase se pondo quando Hongjoong e Seonghwa voltaram ao acampamento. Algumas brasas da fogueira ainda brilhavam, mas apenas um pouco. Depois de reavivá-las, o Kim preparou algumas fatias de carne salgada e ofereceu uma ao moreno. Eles comeram em silêncio, e uma vez satisfeitos, Hongjoong se encontrou deitado na praia ao lado do pirata, olhando para as estrelas.

– Você tem medo de morrer? – perguntou, seus olhos percorrendo as constelações que muitas vezes guiavam seu navio de volta para casa após uma longa jornada.

Não houve resposta a princípio, mas após um minuto de pensamento, Seonghwa suspirou sua resposta. – Não.

Hongjoong absorveu a palavra no silêncio que permaneceu. Era curioso para ele. A ideia da morte deixava um gosto ruim em sua boca, mas o moreno parecia tão calmo e sereno diante dela. Parte dele admirava como o pirata estava lidando bem com a perspectiva. – Você tem algum arrependimento? – ele perguntou, com uma curiosidade desinteressada.

Seonghwa virou a cabeça para olhar o loiro, cuja pele praticamente brilhava na pálida luz da lua. O comerciante continuou a observar o céu com olhos cerúleos que pareciam muito mais escuros do que o normal na luz tênue.

– Eu me arrependo de não ter sido um homem melhor para você – disse o pirata suavemente. – Um que você pudesse ter se orgulhado. – Hongjoong notou que ele não mencionou nenhuma das pessoas que matou ou feriu ou roubou, mas não ficou nem um pouco surpreso com a resposta. Mesmo assim, ele manteve seu olhar no céu enquanto o outro homem memorizava cada curva e plano de seu rosto. – Eu não me arrependo de ter saqueado seu navio – ele continuou. – Se eu não tivesse feito isso, talvez nunca tivesse te conhecido.

Apesar da menção de seu começo difícil, o coração do menor disparou. Ele não conseguia evitar quando o outro dizia coisas assim.
Talvez Seonghwa tivesse cantado para ele enquanto dormia, porque tinha que haver algum tipo de explicação do por que seu coração doía tanto na presença do pirata. Ele sabia que não era verdade, no entanto. Seus pensamentos eram seus, assim como seus sentimentos. Isso era óbvio para ele.

– Você já terminou seu repertório de coisas românticas para dizer? – Hongjoong bufou, finalmente virando a cabeça para lançar um olhar meio irritado para o pirata.

Seonghwa esboçou um sorriso leve – Não. Não realmente.

O loiro bufou novamente e voltou seu olhar para as estrelas.

– E você? – perguntou o mais velho após um momento. – Algum arrependimento?

O Kim estava quase pronto para dizer que se arrependia de ter conhecido Seonghwa, mas quando as palavras se formaram em sua língua, ele percebeu que não eram necessariamente verdadeiras. Ele se arrependia de como se conheceram, mas não de terem se conhecido. Em vez disso, seus lábios formaram um conjunto diferente de palavras.

– Eu me arrependo de não ter passado mais tempo com minha irmã quando tive a chance.

Tudo ficou em silêncio por um momento, suas palavras pairando sobre eles como um véu fino de neblina que relutavam em respirar. Quando assentiu um pouco, Seonghwa perguntou: – O que aconteceu com ela?

– Ela estava doente – Hongjoong suspirou. – Não havia nada que pudéssemos fazer para ajudá-la. Ela morreu quando eu estava em meu primeiro trabalho como comerciante. Minha primeira viagem através do mar.

– Sinto muito – Seonghwa disse. Ele não conseguia imaginar como seria perder sua própria irmã. De certa forma, ele havia perdido quando foi banido, mas pelo menos tinha o consolo de saber que ela estava viva em algum lugar. Hongjoong não tinha isso. – Qual era o nome dela?

Pirate's Heart, Siren's soul - SeongjoongOnde histórias criam vida. Descubra agora