Chamada
Kara 💖
— Oi, que surpresa! — Falei entrando no carro. — Não estava esperando sua ligação a essa hora, o que faz acordada pela madrugada?
— Comecei o trabalho que o professor mandou e acabei não conseguindo dormir.
— Uhn, está fluindo bem? — Pergunto colocando o celular no suporte e ligando o viva voz.
— Acho que sim... Bem, estou gostando do resultado até agora.
— Sério, me mande para eu ver depois. Estou curiosa.
— Nem pensar! Que barulheira é essa? Estou te atrapalhando em algo?
— Ah, é o portão da minha garagem. Está danificado e fica fazendo esse barulho, mas meu pai já chamou alguém para vir arrumá-lo.
— Um problema que nunca terei, ainda bem!
— Estaciona o carro na rua?
— Não tenho carro. — Riu. — Está indo trabalhar?
— Não, estou indo para faculdade agora. Sempre chego mais cedo para encontrar alguns colegas.
— E o seu namorado?
— O quê? Não! Eu não namoro Kara. — Acabo rindo. — Quando irá cantar para mim?
— Ao que tudo indica... Nunca!
— Ah, Kara! — Resmungo. — Cante para mim, por favor.
— Tenho vergonha.
— É só fingir que não estamos em ligação, ehn. Cante um pouco, por favor. — Ouço a menina bufar e a movimentação dela.
— Certo, vou cantar só um trecho. Não ouse abrir a boca ou irei parar, ok?
— Ok, bebê. — Fico em silêncio enquanto ouço ela mexer em algo. Os primeiros acordes do violão me fizeram sorrir.
— She was given the world, so much that. She couldn't see and she needed someone to show her who she could be, and she tried to survive wearing her heart on her sleeve, but I needed you to believe. — Um sorriso nasceu em meus lábios. — You had your dreams, I had mine. You had your fears, I was fine. Showed me what I couldn't find, when two different worlds collide. La di da di da... — Ela parou de cantar e tocar.
Um silêncio se fez na linha telefônica.
— O que achou?
— Perfeita, Kah! Sua voz é maravilhosa, quem não teve a oportunidade de ouví-la cantando não faz ideia do quanto está perdendo.
— Não é para tanto!
— É sim, claro que é. Você é maravilhosa cantando, eu juro! Se o seu professor não reconhecer isso, ele é um estúpido arrogante.
— Obrigada, de verdade. — Estaciono em uma vaga.
— Não precisa agradecer, eu que devo agradecer a você. Sua voz é linda, perfeita e maravilhosa. — Ouço ela rir. — Sério mesmo, sua voz se tornou a minha favorita e essa música então, nem se fala...
— A música ainda não está totalmente pronta, farei alguns ajustes e preciso criar uma base para ela.
— Quero ouví-la quando estiver pronta, ehn. Acabei de chegar na universidade, vou descer do carro rapidinho. — Aviso.
— Está bem, não vou tomar mais do seu tempo. Tenha um bom d...
— Não ouse encerrar a chamada, Kara! — Reclamo. — Só estava avisando você que ia descer do carro, não quero parar de conversar com você.
— Oh, desculpe...
— Sabe o que notei essa manhã? — Pergunto enquanto caminho em direção ao pátio da universidade.
— Não, o que você notou?
— Que você não fez nenhuma piadinha imprópria ainda, o que é muito estranho.
— Ah, sobre isso...
— Sobre isso... Prossiga.
— Pensei bem e achei melhor parar com elas.
— Por que decidiu isso?
— Só é melhor... — Respondeu vagamente.
— É por culpa do que disse durante nossa conversa sobre a viagem?
— Não... — Murmurou.
— Kara...
— Talvez.
— Olha, me desculpe uhn. Eu estava em um péssimo dia e descontei minhas frustrações em você, não foi correto da minha parte. Não me incomodo com sas cantadas Kah, eu gosto delas.
— Sério? Por quê?
— Porque me fazem rir a qualquer momento, você sempre melhora o meu dia. — Ouço ela bocejar. — Está cansada, não é? Deveria estar descansando Kah. O sono da noite é muito importante para nós, não faça mais isso.
— Tudo bem, me desculpe. — Pediu. — Está quase na hora de eu me arrumar para sair, mas não quero levantar.
— Infelizmente você precisa. — Falo rindo.
— Tess?
— Uhn?
— Se algo ruim acontecesse comigo, você sentiria minha falta? O tempo que passamos conversando, foram significantes de alguma forma?
— Óbvio! Primeiro eu encheria seu celular de mensagens e ligações, depois iria voando para New York só para te encontrar e te matar por sumir me deixando preocupada. — A menina riu. — Por que está me perguntando algo assim? Tem algo acontecendo? Alguém falou algo para você?
— Não, ninguém falou nada. As vezes tenho medo do que possa acontecer, tenho medo que ninguém sinta minha falta.
— Tenho certeza que além de mim, seus amigos também sentiriam a sua falta.
— Não tenho tanta certeza assim, já que todos se afastaram de mim.
— Sinto muito Kah.
— Não sinta, já estou acostumada com todos se afastando de mim. Vou me arrumar para sair, nos falamos depois. Beijos Tess.
— Tenha um bom dia e se alimente bem.
— Pode deixar!
— Beijos meu bem. — Falo antes de encerrar a chamada.
