fiquem tranquilas amores, eu sei o que tô fazendo (não sei de nada.
Seu corpo todinho doía.
Sua cabeça latejava como uma bomba relógio, seus braços ardiam com os pequenos e irritantes cortes provenientes do vidro, suas articulações estavam em chamas, como se o advogado estivesse mergulhado em lava, de dentro para fora. Alguma coisa havia acontecido com seu cotovelo, e não era nada bom, porque ele não conseguia esticar o braço esquerdo sem que uma dor dilacerante cortasse o membro ao meio.
Stenio se arrastou pelo chão (teto) do carro, rastejando até conseguir sair pelo buraco da janela. A noite estava quieta, somente o barulho de insetos cortava o ar denso e frio em meio ao matagal, ainda no chão, o advogado olhou de um lado para o outro, tentando enxergar alguma coisa na escuridão. Ele não sabia sequer dizer a distância em que o carro tinha despencado morro abaixo, pode ter sido apenas alguns poucos metros, mas também poderia ser bem mais.
Provável que a primeira opção fosse a mais correta, já que o carro não estaria nesse mesmo estado se tivesse enfrentado uma longa descida, e ele muito mesmo.
Tateou os compartimentos internos, buscando qualquer coisa que pudesse ajudá-lo. Esses carros alugados geralmente possuem alguns objetos úteis, uma lanterna seria ótimo naquele momento, de grande ajuda mesmo. Stenio quase chorou, engasgando com um soluço quando seus dedos encontraram um objeto retangular, que ascendeu assim que foi erguido em sua mão.
Um celular.
O celular dele.
O aparelho estava com a tela completamente arrebentada, mas esse problema não atrapalhou as funções do touchscreen, que continuava perfeitamente apto ao uso. A bateria ainda tinha bastante pano pra manga, mas as barrinhas de sinal estavam completamente desaparecidas.
Tentou a chamada de emergência, sua última saída, mas a ligação não completou por nada no mundo, o que era estranho, já que aquela estrada não era completamente sem sinal assim. Devia ser um ponto cego aquele em que estava, ele precisava se levantar e sair andando e, principalmente, precisava encontrar Helô com urgência.
Ligou a lanterna do aparelho e começou a apontá-la para o espaço ao seu redor, pensando que ela poderia ter sido arremessada para fora do carro na queda, apesar de se lembrar de ver a mulher ao seu lado até o momento em que perdeu a consciência, mas sua mente podia estar pregando peças nele, certo?
O mero pensamento de encontrar Helô estirada em algum ponto naquela floresta, era totalmente aterrorizante, se a mulher tiver mesmo sido arremessada do veículo, as consequências podem ter sido fatais. Stenio balançou a cabeça, não se permitindo ceder aquele tipo de linha de raciocínio.
Onde quer que ela estivesse, estava bem. Existia a possibilidade de sua esposa estar sã e salva.
Talvez ela tenha ido pedir ajuda, uma ideia que foi praticamente corroborada pelo som de hélices que pareciam pertencer a um helicóptero. Essa interrupção foi seguida de latidos de cachorros ao longe, e por uma luz forte que só podia pertencer ao veículo que sobrevoava aquela parte da floresta acima de sua cabeça.
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último romance (steloisa)
RomancePerto de completar um ano de rerecasamento, Helô e Stenio embarcam para a Espanha, onde o advogado está auxiliando um de seus antigos clientes num caso enigmático, onde o homem foi acusado de estar envolvido em um suspeito roubo de joias. Em meio a...