Vermelho sangue!

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Matteo Denaro

Suspirei pela décima vez quando mais um sócio saia pela porta do escritório.

- Como a garota está? - Connor me olhou sério.

O cansaço me tomou ao lembrar dela, quanto acordei ela não estava na cama, da mesma forma que da outra vez. Estava sentada na poltrona em frente a janela com os olhos melancolicos e o rosto marcado por lágrimas. Não entendia qual era a porra do problema dela, quando não sabia quem eu era fodia com os dois, o padre e o stalker, e agora que sabe, deveria ficar feliz não? Porra eu sou os dois, porque não aproveita?

A fiz comer alguma coisa antes de sair de casa sob ameaça para não ter que encontrar a mesma cena do dia anterior, quando voltei de uma viagem urgente que fiz com shammuel e a vi desmaiada no chão do quarto. Chamei o médico e depois de avaliar a situação e colocar um sorro com vitaminas nela, me informou que a garota estava desidratada e fraca devido a fome!

Meu sangue ferveu ao ouvir aquilo e quando chamei a mulher que deveria tê-la feito comer, ela me disse que a garota não estava comendo e que apenas trocava as bandejas como havia sido ordenado. Tive que me controlar para não matar ela e todos os que estavam encarregados de cuidar da garota e não me informaram, que a ela não estava se alimentando!

- Não está comendo! Tive que trocar a porra dos funcionários da casa antes de matá-los! - rosnei e fechei meus olhos sentindo minha cabeça latejar.

- Isabela quer vê-la! Porque não deixa elas ficarem juntas por enquanto?

- Ainda não! - o olhei sério - sua garota não é uma boa influência pra ela, não me esqueci que foi ela quem a levou aquela boate! - o olhei irritado e Connor revirou os olhos.

- Foda-se Jhon! Você sumiu por um ano sem dar notícias e queria que a garota ainda estivesse te esperando? E outra, você sabe que foram aqueles filhos da puta que as levaram ali, não a Isabela! - Connor rosnou. Esse filho da puta e Shammuel eram os únicos que eu permitia falar assim comigo.

- Se já acabou a DR aí, tem uma fila esperando! - Shammuel falou zombeteiro, antes que eu tivesse tempo de responder.

- Fique ai brincado de mafioso, vou ver como minha garota está! - Connor falou com desdém, levantou e saiu. Filho da puta!

- Pode mandar entrar! - ordenei e apertei minhas têmporas, sentindo a dor de cabeça aumentar.

Eu odiava ficar atrás de uma mesa, foi por isso que passei vinte e sete anos sem voltar pra casa. Sabia o tédio que me esperava e odiava lidar com pessoas, ouvindo suas lamurias. O que é Irônico de dizer,  já que passei dez anos como padre! Mas na época era diferente, eu estava  drogado demais para entender a armação daquele filho da puta e depois que descobri a verdade, pude entender que o que ele disse tinha um fundo de verdade: fui um cachorrinho nas mãos dele!

Vladivostok filho da puta! Espero que esteja se divertindo no inferno!

Quando tinha sete anos gostava de ir com meu pai quando ele precisava resolver algum assunto para alguém, porque eu sabia que envolvia gritos, tortura e sangue!

Foi nessa época que eu matei a maioria dos animais que tínhamos ao redor da nossa casa, sem que ninguém descobrisse que fui eu! Gostava de ver o sangue jorrando enquanto a vida se esvaia de seus olhos. Mas foi aos dez anos, quando meu pai me presenteou com uma marreta e me deixou participar da festa, que senti meu coração pulsar feliz, ao desferir os golpes que faziam um som incrível de estalos e gritos agoniado! Ali entendi quem eu era e o que queria fazer! A partir daí, eu era encarregado de finalizar os assuntos e passei a ser temido por nossos inimigos e eles me apelidaram de "Diabolik, o carniceiro!"

Quando sai de casa tinha apenas quinze anos. Ao ver minha mãe pendurada por uma corda em seu quarto no dia do meu aniversário, o último resquício de sanidade que eu tinha morreu com ela. A mulher era a única que conseguia tirar algum sentimento bom de mim, já que como meu pai sempre falava, eu era um sádico, filho da puta mimado e psicopata! E só conseguia demonstrar algo bom por ela.

A mulher me adorava, mesmo sabendo como eu era perverso, me mimava e me dava tudo o que eu desejava, assim como meu pai! Culpei ele por sua morte, mas ele não tinha culpa, ela teve depressão pós parto e não aceitava ser tratada, então um dia ela apenas partiu, sem crises ou cartas de despedida, só se foi!

E quando vi a única mulher que conseguia me fazer sorrir sincero, ali pendurada, entendi que nada naquele mundo me faria parar agora e comecei a fazer algumas merdas, que me enviaram ao meu tio Conell, para me colocar na linha e ser treinado para controlar meu "temperatamento diabólico!"

Passei cinco anos preso na porra de uma prisão, no meio do nada, onde só se saia dali por meio de barco ou helicóptero, sendo treinado para ter controle sobre meu corpo e minha mente. Rodeado pelos criminosos mais perversos e psicopatas de todo o mundo, que eram jogados ali para morrerem. Torturando e matando os filhos da puta, para sobreviver dentro daquele inferno.

Fui tão fodidamente torturado, fisica e psicologicamente que não sobrou nada de bom em mim. Até aprender a controlar meu demônio e poder sair daquele inferno, virando a porra do melhor agente que o mundo já viu!

Linda foi uma das vítimas da minha obsessão, quando a vi tão inocente e tímida, a quis pra mim, mas com o passar dos anos o tesão que sentia por ela havia passado, mas mesmo sendo um filho da puta, eu não podia abandona-la, não com uma filha minha! Até descobrir o que ela escondia! Linda não me amava, amava o luxo que eu proporcionava, além da proteção que tinha ao meu lado! Até me fazer sair da agência e o fim dela foi trágico!

Mas agora, sentado aqui, ouvindo um velho reclamar de algum filho da puta que estuprou sua filha, depois de passar o dia todo enfurnado nesse escritório, senti que tudo o que eu fiz até ali foi em vão! Deveria ter ficado aqui, já que terminaria aqui de qualquer jeito!

- Por favor me ajude! - o homem me suplicou e eu levantei como era o costume.

- Não se preocupe, mandarei resolver hoje mesmo! - respondi sério e o olhei firme.

- Muito obrigado, Dom matteo! - ele encheu os olhos de lágrimas, beijou minha mão e se despediu, saindo pela porta.

- Era o último? - olhei para shammuel que me olhava com tédio.

- Sim! Estou com fome! - reviro os olhos pra ele. Parece que só sabe comer.

- O que tem pra mim sobre os irmãos Vladivostok? - pergunto sentando em minha poltrona e me sirvo de whisky.

- Eles estão em movimento. Depois que o avô morreu, o mais velho asumiu a família e está buscando vingança! Uma cidade pertencente a irmandade já caiu! - Shammuel falou calmamente.

- Eles ainda não nos procuraram para pedir ajuda? - acendo um cigarro e trago paciente.

- Não, acho que estão tentando encontrar os responsáveis, antes que os russos os esmaguem! - ele riu - acho difícil, só se a garota dedurar! - arqueou a sobrancelha pra mim.

- Penélope não vai falar nada! - Afirmei tomando meu whisky

- Você sabe que ela quer seu pau não é? Sabe o que uma mulher rejeitada pode fazer! - ele me avisou com cinismo.

- Você está equivocado! Penélope não pensa em mim assim! - afirmo, sabia que ela não tinha tais sentimentos por mim. - Pode ir shammuel, vai foder alguém e me deixe em paz! - me levanto e passo por ele que me olha cínico e saio do escritório.

Dou um beijo em minha mãe ao passar pela cozinha e em Antonella, e saio em direção ao jardim, onde fica a minha casa nos fundos. Só espero que a garota esteja mais receptiva hoje!

Mas ao entrar no quarto e não a ver, nem ouvir o chuveiro ligado, franzo o cenho e  tento entrar no banheiro. Chamo o nome dela e ao não obter respostas, estouro a porta com um chute e meu sangue ferve ao ver a cena, Bianca está dentro da banheira com os pulsos cortados e o chão vermelho com seu sangue.

...

Vishiiiiii!

Será que dessa vez ela consegue?

Tô roendo as unhas pqp!

Estrelinha ples;)

Padre Cameron - Renda-se ao Pecado...Onde histórias criam vida. Descubra agora