03

90 12 4
                                    

Suspirei cansada, não faz nem quatros horas que estou com Rosa em casa e eu já estou louca, a pequena não para de chorar e isso esta me preocupando, já havia trocado sua fralda e lhe alimentado, o que mais poderia ser?

Jaime

Eu: Jaime socorro
Ela não para de chorar
Já fiz de tudo

Jaime: Está pedindo ajuda pro irmão errado Ally

Eu: A Val está em cirurgia
Por favor Jaime eu preciso de ajuda
Ela vai me deixar louca

Rosalina continua chorando no meu colo, não sei lidar com crianças, muito menos com bebê. Essa situação me lembrou do terrível jantar que tive com um dos meus ex-namorados, a sobrinha dele estava conosco, foi terrível aquele dia.

Porque aceitei que Majo engravidasse? Poderia ter dito que não, poderia ter expulsado ela de casa, mas não, eu apoiei ela em tudo e agora estou aqui com um bebê no colo sem saber o que fazer.

- Vamos lá Rosa, se você continuar chorando eu vou chorar junto.

A bebê me olha sem saber o que eu estava falando, o som alto da campainha fez ela parar de chorar por alguns segundos.

- Seu salvador chegou. - Jaime disse entrando na casa, em suas mãos havia algumas sacolas. - Ela é linda.

Levantou a mão para tocá-la, virei meu corpo para trás afastando Rosa dele, arrancando-o uma careta de seu rosto e uma risada da bebê.

- Não lave suas mãos imundas antes de tocar nela.

- Quanto drama mamãe, já estou indo lavar a mão. - revirou os olhos, largou as sacolas na bancada e lavou as mãos. - Pensei que os avós dela estaria aqui.

- Foram embora hoje cedo, depois do testamento da Majo ser lido, eles decidiram ir.

- Então você é oficialmente mãe agora? - perguntou pegando Rosalina no colo.

A pequena parecia prestar atenção na conversa, olhava para nós a todo momento, os olhinhos esverdeados que a bebê tem a deixava adorável.

- Ainda não, tenho uma semana para decidir o que fazer com ela, e caso eu decida ficar com ela tenho que entrar com o processo de adoção.

Jaime me encarou sem entender, repassei minha fala mentalmente ver se falei alguma coisa errada.

— Ainda esta com dúvidas se vai ficar com ela?

— Jaime eu tenho o meu trabalho, não posso largar tudo.

— E vai abandoná-la?

— Eu não disse isso...

— Mas é o que parece.

Ele saiu da cozinha com Rosalina quase dormindo em seu colo, olhei o tinha na sacola que ele tinha trazido e eram coisas para Rosa, suspirei após ver as coisas, ficariam lindas nela.

Aproveitei a paz que estava a casa e fui fazer o almoço, assim que desliguei a ultima panela, fui atrás de Jaime, encontrei ele no quarto de Rosalina, observando a dormir em seu berço.

- O almoço está pronto.

Ele assentiu, cobrindo Rosa antes de sair do quarto.

- Estou com medo Jaime. - admiti pela primeira vez em voz alta. - Medo de falhar com Majo e Daniel, mas principalmente com Majo.

— É uma enorme responsabilidade, sabemos disso
Ally. — segurou minha mão por cima da mesa. - Mas precisa decidir o que fazer logo.

- Eu sei. - suspirei.

(...)

Jaime acabou passando o dia conosco, Rosalina pareceu gostar dele, graças a sua ajuda consegui guardar as coisas de Majo, ainda dói olhar o quarto e saber que ela nunca mais voltaria, terminei de arrumar a cozinha, Rosa dorme no seu carrinho, me aproveitei disso para levar ela para o meu quarto ainda no carrinho, parecia que ela estava em um sono bom, hora ou outra sorria levemente.

Peguei a caixa no fundo do guarda-roupa, era uma caixa de sapato, Majo havia encapado ela com algumas figurinhas, abri a mesma tirando dela as suas cartas para Rosalina, nunca havia lido nenhuma delas, apenas sabia que Majo guardava em meu guarda-roupa.

Minha pequena Rosalina, infelizmente nao
tivemos a oportunidade de se conhecer, mas quero que saiba que a mamãe te ama muito, talvez você sinta raiva ao saber da sua história, por saber que eu engravidei ciente que não viveria para te criar, mas eu nao encontrei motivos para viver sem seu pai, não via mais uma vida sem ele, eu tentei juro que tentei seguir em frente e recomeçar a minha vida, mas nao consegui, e nessa descobri que ainda havia uma maneira de manter nosso amor vivo, de realizar nossos sonhos, você minha pequena foi o nosso sonho, infelizmente nenhum de nós conseguiu te conhecer, porém lembre-se sempre que nós te amávamos bem antes de conhecê-la. Creio que sua tia (agora "mãe"), tenha cuidado maravilhosamente bem de você, eu mesma me certifiquei que você ficaria em boas mãos, desde que recebi o positivo, passei a escrever todos os dias para você, quero que conheça a historia dos seus pais, que sabia como éramos. Eu te amo muito minha filha, espero que não me odeie por causa da minha decisão.
Com amor, mamãe.

Fechei a carta com lagrimas nos olhos, olhei para Rosalina que ainda dormia tranquilamente em seu carrinho, não poderia deixá-la, não me perdoaria caso fizesse isso, guardei a carta novamente na caixa e coloquei no guarda-roupa, vou ler o resto em outro momento.

Arrumei Rosa em seu carrinho e a puxei para perto da cama, mandei uma mensagem rápida para Alex, pedindo para mandar meu trabalho por e-mail, trabalharia em casa até criar uma rotina e com Rosalina.

— É pequena, parece que seremos eu e você a partir de agora. - sorri, mesmo que ela não estivesse acordada para ver.

Estou ciente que criar um bebê não é uma tarefa fácil, mas eu estou pronta para esse desafio, pelo menos eu acho, tenho que fazer isso pela Majo, afinal eu prometi.

De repente mãe - PAULICIA Onde histórias criam vida. Descubra agora