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O chorinho de Rosalina me chamou atenção, estava com olhinhos fechados e se mexia dentro do carrinho.

- O que foi princesa? Está com fome? - perguntei mesmo sabendo que ela não me responderia.

Levantei do sofá e fui atrás da mamadeira, fiz como as enfermeiras haviam me ensinado, testei a temperatura do leite em minha mão, peguei Rosalina no colo e em troca ela sorriu para mim. Mamou calmamente, voltando a dormir em seguida, devolvi a pequena para o carrinho e voltei minha atenção a televisão, um programa aleatório passava, comecei passar canal por canal mas nada me interessava, estava quase mudando quando vi Paulo Guerra aparecer, aumentei um pouco do volume para entender do que se tratava, não que eu me importo com qualquer coisa que venha do Paulo, porém estou curiosa para saber do que se tratava.

- Paulo Guerra é um prazer tê-lo aqui novamente. - disse a apresentadora do programa com um enorme sorriso no rosto, que logo foi retribuído por Paulo.

- O prazer é todo meu carmen.

Revirei os olhos por conta do seu enorme sorriso, ele era patético, como as pessoas ainda correm atrás dele?

- Sente-te por favor.

Ambos se sentaram nas cadeiras brancas no centro do palco, minha curiosidade não me permite mudar de canal, me fazendo ficar presa ali até que o assunto viesse à tona. As coisas eram sempre assim quando se trata de Paulo.

— A última vez que esteve aqui, você estava comprometido Guerra, me diga seu coração ainda pertence a alguém?

- Para a infelicidade de vocês, sim. - Sorriu abertamente.

— E quem seria a sortuda da vez? Sofia conquistou seu coração novamente?

- Não, Sofia e eu não temos mais nada.

- Então nos diga Guerra, quem é a sortuda da vez?

Ele sorriu ainda mais, olhando fixamente para a câmera, meu corpo se arrepiou, era como se ele olhasse no fundo dos meus olhos.

- Alicia, Alicia Gusman.

Me segurei para não gritar, mas que porra estava acontecendo ali? Me tornei alheia ao resto do programa. Peguei meu celular, entrando em seu perfil no Instagram atrás de outra Alicia Gusman. Ele só poderia estar brincando com a minha cara, chequei todas as suas redes sociais, e não havia ninguém além de mim. Ótimo além de um bebê, ganhei um estorvo desnecessário na minha vida. A mídia cairia sobre mim, e nesse momento eu só quero paz.

Desliguei a televisão, perdendo totalmente a vontade de assistir algo, peguei a pequena Rosalina, levando-a para o quarto, ainda estávamos no meio dia, e eu já não aguentava mais ficar parada.

Jaime

Eu:Poderia vir me ver né
Aproveita e traga alguma coisa gostosa.

Jaime:O que você quer?

Eu: Um docinho cairia muito bem.

Jaime: Irei buscar a Valeria.
Chegamos em quinze minutos.

Sorri com a sua mensagem. Valeria e Jaime eram os melhores irmãos que Majo e eu havíamos conhecidos, ambos eram muito simpáticos e amáveis.

- Como pode não contar para nós que estava namorando? - Jaime pergunta entrando no meu apartamento. - Pensei que fossemos amigos Ally.

Encaro os dois sem entender do que eles se referiam, ambos estavam com um olhar zangado direrecionado a mim. Rosa começou a chorar no meu colo, graças ao susto causado pelos irmãos, balancei a pequena, tentando lhe acalmar, o que funcionou rapidamente.

— Do que estão falando?

- Sobre você e seu chefe. - Valeria disse como se fosse óbvio.

一Oque?

— Céus Ally, não se faça de sonsa, mais de duas mil pessoas sabem do seu namoro com o Paulo Guerra.

Revirei os olhos, o programa é claro, havia me esquecido do acontecimento enquanto estava dando banho na Rosa. Precisava conversar com o Paulo ainda, não poderíamos manter aquela mentira.

- Não estamos namorando, nós nem se quer conversamos.

— Ally, ele afirmou o namoro em rede nacional.

- Mas não é comigo.

Jaime passou a mexer no celular sem parar.

— Você é a única Alicia Gusman que ele segue nas redes sociais.

- O Paulo não me segue.

Peguei o celular vendo as diversas notificações que tomava conta da tela, bufei ao ver que algumas eram de Paulo.

— Eu odeio esse homem, não estamos namorando, ele mentiu.

- Ódio e amor caminham juntos Ally. - Jaime disse sorrindo.

- Trouxeram meu doce? - perguntei rapidamente, querendo fugir do assunto. Valeria balançou as sacolas em sua mão, me fazendo sorrir com o ato.

- Então, o gato do seu chefe mentiu estar namorando com você, porque?

— Não sei, Paulo é louco e ama me irritar.

Abri a sacola, me deparando com diversos doces, salivei apenas de ver. Ali estava meu ponto fraco, quer descobrir algo ou me convencer de alguma coisa? Me dê doce.

— Não está escondendo nada de nós Ally?

- Não, já disse Jaime.

Revirei os olhos, ataquei os doces como se não comesse a dias, suspirei satisfeita ao sentir o gosto de açúcar em minha boca.

- Ele deve ter algum motivo aparente, ninguém anuncia um relacionamento em rede nacional por nada.

- Seja o que for, ele irá desmentir isso. Não temos nada, além de ódio.

O assunto do meu "namoro" com o Paulo foi esquecido, graças ao resmungo de Rosalina, que ganhou toda atenção dos irmãos Ferreira.

(...)

— Não quero saber se ele está ou não ocupado Alex, eu quero falar com ele. - gritei.

Rosalina me olhava assustada, como se eu fosse um monstro. O cabelo totalmente bagunçado não ajudava muito em minha aparência. Estava nervosa, precisava falar com Paulo o quanto antes, o silêncio do outro lado da linha estava me irritando cada vez mais.

— Amor, já está com saudades? — a voz de Paulo preencheu minha sala, me fazendo revirar os olhos.

- Paulo Guerra. - bufei. — Que merda é essa?

— Do que estamos falando?

- Não se faz de idiota Paulo, que porra de história é essa de relacionamento?

Ele apenas riu do outro lado da linha, fazendo meu sangue ferver ainda mais. Céus eu mataria esse homem sem pensar duas vezes caso estivesse na minha frente.

— É claro que eu ia te chamar para jantar amor, as 19h no Spectrum.

Olhei rapidamente para Rosa, mordendo o meu lábio inferior, como eu arrumaria aquela situação sem revelar Rosalina para Paulo?

- Não Paulo, não posso sair.

-— Como assim amor?

— Para de me chamar de amor. - revirei os olhos.

- Precisamos conversar coração, se não pode ir ao restaurante, o que sugere?

Mais um apelido que Paulo me desse ele teria uma visita ao inferno, precisava de uma solução, não poderia sair graças a Rosalina, mas trazer Paulo aqui não era uma opção.

- As 19h na minha casa, traga comida.

Desliguei antes que Paulo tivesse a oportunidade de me responder, seria uma longa noite e eu não estava preparada.

De repente mãe - PAULICIA Onde histórias criam vida. Descubra agora