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Nunca pensei que desejaria voltar para casa tão cedo.
Havia acabado de pisar no grande prédio da G&G's e já me arrependi. O motivo para isso?
Marie Plotnikova.

- Peço para que se acalmar senhora Plotnikova. -
Alex pediu.

O último andar estava uma bagunça, diversas pessoas tentavam retirar Marie do prédio, mas a mulher gritava com todos que a tocassem. Sofia também estava lá, junto com os Guerra.

- SAIA DE PERTO DE MIM. - gritou.

Desisti de tentar entender o que estava acontecendo por conta própria, principalmente ao ver a apresentadora Carmen Carrilho no meio de tantas pessoas. Me aproximei de Débora, que estava perto o bastante para conversamos.

— O que está acontecendo aqui?

- Creio que chegou agora, perdeu a melhor parte do show.

— O que?

Antes que a mulher pudesse me responder, Marie empurrou Alex para o lado, tendo a visão da filha junto com os Guerra.

— Quanto eles estão te pagando Sofia? POR QUANTO VOCÊS COMPRARAM MINHA FILHA? - gritou novamente.

Essa mulher não conseguia conversar civilizadamente?

- Não compramos sua filha senhora Plotnikova. - Ron responder calmamente. A calma daquele homem me causava inveja, se conseguisse ao menos metade da calma dele, Rosalina estaria nas nuvens.

- Está mentindo. Fez minha filha mentir!

— Do que ela está falando? - sussurei

- Você já vai entender. - Débora sussurrou de volta.

- Como podem rejeitar uma criança? Ela não tem culpa do erro de vocês.

- Mãe, já deu chega.

- Não Sofia, não! Meu neto merece a vida perfeita que deveria ter, quanto que eles estão te pagando para mentir? Quanto?

Arregalei os olhos. Aquele circo todo era por isso? Pelo simples fato de Jacob não ser filho de Paulo? Bufei.
Prestei um pouco mais de atenção nas pessoas ali presente, ao lado de Carmen estava sua equipe de filmagem, um pouco atrás os advogados dos
Guerra, e o Jorge. Desde quando o Jorge está se envolvendo com os Guerra? Que momento da vida dele eu havia perdido? Vários seguranças estavam no andar, apenas esperando um sinal de um dos Guerra para entrarem em ação. O resto das pessoas ali presente eram os funcionários normais da empresa, apenas apreciando o show de graça. Aquele pequeno acontecimento geraria uma fofoca de duas semanas no mínimo.

- Senhora Plotnikova se acalme, iremos conversar com você assim que estiver mais calma.

- Está me pedindo calma? Depois de manipular minha filha, você me pede calma?

Revirei os olhos. Aquela mulher me cansava. Queria ir apenas para minha sala, e trabalhar até o fim da tarde.
Bufei cansada, quanto tempo mais ela gastaria com aquele teatro todo? Meu pequeno momento de estresse chamou a atenção de Marie, seus olhos me queimaram viva. Ok, irá sobrar para mim, e eu nem se quer estava envolvida.

— É graças aquela vadia. - apontou para mim - Está jogando meu neto no lixo por conta dela? - o nojo em sua voz era notável, Paulo revirou os olhos.

Era um bom momento para me retirar do ambiente?
Acho que sim. Antes que pudesse fazer algo, Carmen deu um passo a frente com sua equipe. Me mantive no meu lugar, curiosa demais para sair.

- Sinto atrapalhar seu momento senhora Plotnikova, mas temos uma entrevista marcada com a sua filha e o Paulo. - olhou com desdém para a mais velha - E a senhora está atrapalhando nossa agenda, então se puder continuar com isso mais tarde...

- O que? — suas mãos pararam no peito em forma de ofensa. - Minha filha foi comprada por eles, quero que eles admitam.

— Lute por isso quando acabarmos, ok.

Carmen não esperou por sua resposta, seguiu para a sala de reuniões com sua equipe. Paulo finalmente deu o sinal para os seguranças retirarem Marie do andar. O resto do pessoal começaram a ir para os seus respectivos andares, os advogados aos poucos entravam na sala junto com o trio. Parei Jorge antes dele entrar.

- O que faz aqui?

- O mesmo que você, trabalhando.

- Com os Guerra, Jorge!

— Você é a estilista deles, esqueceu? E eu sou apenas mais um funcionário também.

— Pensei que não gostasse desse tipo de trabalho.

- Não gosto, mas eles pagam bem.

- Me disse que pegava poucos casos como esses.

- Paulo me contratou para representar Sofia, não vi problema nisso, ela não me parece ser uma pessoa como eles.

- Ela não, mas a mãe...

- Percebi, talvez seja por isso que ele me contratou, mas no momento eu não me importo, o dinheiro é bom, e o meu trabalho não parece ser tão complicado ou fora da lei, agora se me der licença, preciso ver como minha cliente está.

- Bom trabalho e se cuida. - beijei sua bochecha.

O andar já se encontrava praticamente vazio, apenas os que realmente trabalhavam ali permaneceram.
Segui para o meu andar, que como de costume estava tranquilo. Entrei na minha sala enquanto mexia no meu celular. Um convite para jantar com meus pais, em dois dias, seria a alta do meu pai, e eles queriam comemorar. O som de algo se trancando me chamou a atenção, levantei o olhar e lá estava, Marie.

- Saia da minha sala.

- Tsc, tsc, primeiro iremos conversar.

— Não temos o que conversar.

— Você roubou o futuro do meu neto.

— Você é louca.

— E você é uma ladra.

- Não roubei nada de ninguém, a culpa não é minha que seu neto não é filho de Paulo.

- Ele assumiria a criança se você não estivesse no caminho. - seu olhar raivoso me causou arrepios.

Aquela mulher não tinha boas intenções, não precisava ser adivinha para saber o quanto sua raiva a dominava.

— Eu e Paulo não temos nada a ver um com o outro, o que ele faz ou deixa de fazer não me diz a respeito.

Ela riu debochadamente. Jogou um envelope na mesa, diversas fotos caíram. Todas eram minhas com Paulo, em meu apartamento, na praça, na empresa.

Aquilo era a prova que ela era louca, e que certamente acabaria comigo de alguma maneira. Permaneci imóvel, não sabia como me comportar diante dessa situação. Ela era louca, e se tentasse algo com Rosalina?

Se Marie Plotnikova ousar tocar em minha filha, que Deus tenha piedade de sua alma, pois ela será uma mulher a sete palmos do chão.

De repente mãe - PAULICIA Onde histórias criam vida. Descubra agora