27

34 6 0
                                    

Nunca pensei que fosse me apaixonar por Daniel. Não que seu pai fosse um homem ruim, longe disso, ele era tudo o que sempre quis. No fundo sempre senti algo por ele, mas qualquer chance de termos algo desapareceu com a separação de Paulo e Alicia.

O modelo permanecia parado em minha frente, esperava que eu fizesse algo. Mas a questão era, o que eu iria fazer? Eu amo aquele homem, mas ainda assim não conseguia falar nada. Paulo respirou fundo.

- Preciso apenas que fale Gusman, nem que seja para que eu vá embora. Apenas preciso da sua decisão final.

Prendi o ar.

- Paulo... - desviei meu olhar, não era capaz de encará-lo.

Onze anos antes

- Não devíamos estar aqui.

— Com medo de ser pega coração.

Revirei os olhos. Estávamos novamente na cobertura do novo prédio comercial dos G&G's, e como sempre Paulo estava desobedecendo seu pai. O prédio estava em obras, ninguém tinha permissão para estar ali.

- Estou com medo desse lugar desabar.

Paulo revirou os olhos.

- Não irá desabar.

- Quem garante?

— Podemos mudar de assunto?

- Não.

Ao contrário do que pensei, Paulo sorriu malicioso, o rapaz girou rapidamente para cima de mim, me prendendo embaixo de si.

— Paulo Guerra, saia de cima de mim.

- Podemos mudar de assunto agora?

- Claro, vamos falar da sua dieta.

- Não faço dieta.

— Pois comece, está precisando.

Ele riu, deitou ao meu lado.

- Eu estava pensando...

— Você pensando? Uau, Paulo Guerra sabe usar o cérebro.

— Vai pro inferno Gusman.

— O que estava pensando?

- Você poderia ir comigo.

Paulo não precisou terminar sua fala para que eu entendesse ao que se referia. Suspirei, aquele era um assunto delicado, muito delicado.

- Paulo nós já conversamos sobre isso.

- Eu sei, e você é uma cabeça dura por não aceitar nenhuma das minhas propostas.

- Paulo Guerra, você se ofereceu para pagar a faculdade para mim. - bufei.

- Coração..

- Já falei que não.

- E como iremos ficar? - me calei, sabia bem o que eu terei que fazer, e não me alegrava nada.

- Daremos um jeito Paulo, nós sempre damos.

Selei nossos lábios, lhe passando um pouco de confiança, ficaremos bem no final.

Atualmente

Paulo Guerra foi embora, e junto com ele uma parte de sua tia também. Passei dias em sua casa, garantindo que se cuidasse. Seu pai fez o máximo que pode, mesmo de longe.
Nunca vi ela tão abalada, e espero que você nunca a veja assim.

- Eu sou incapaz de decidir isso.

Paulo fechou os olhos, respirando fundo. Ele sorriu tristemente.

— Acho que tenho minha resposta final.

- Paulo... - engoli em seco.

Dez anos antes

O dia cinzento combinava com meu humor. Hoje se completa um mês desde que ele se foi, não estava fácil aceitar que não veria mais Paulo Guerra, ao menos não do modo como eu desejava.

- Eu achei.

— Achou o que?

Olhei confusa para Majo, que mantinha um lindo sorriso no rosto enquanto olhava o celular. Estávamos jogadas na cama da garota, aquela deveria ser a noite D, mas não era a mesma coisa sem ele.

- Uma casa.

— Pensei que fosse continuar aqui. — a loira revirou os olhos.

- Podemos voltar para o mundo que não seja triste e repleto de corações partidos?

— Tivemos essa conversa antes Ally, pensei que estivesse procurando também. - olhei sem entender para a garota - Céus Alicia Gusman, havíamos concordado em morar juntas, ou você desistiu da idéia?

Me senti culpada, estava tão perdida em meu próprio mundinho que nem se quer havia me lembrado de Maria, e da nossa busca por casas.

— Desculpa Majo, acabei perdendo o foco.

— Tudo bem, veja e me diga o que você acha.

Olhei as fotos da casa, grande demais para nós duas, mas se era o que Majo queria, por que não? Desviei minha atenção para meu celular, nenhuma mensagem dele.

- Ele deve estar ocupado.

- Não, não esta.

O olhar de pena que Maria Joaquina me lançou, me fez querer gritar. Não estava mais aguentando receber aqueles olhares, eu o havia pedido para ir, não precisava ter pena de mim. Voltei minha atenção para o celular em minha mão. Minha respiração falhou ao ver uma notificação de Ron Guerra, não tinha muito contato com o pai de Paulo, então porque estava me procurando?

- Quem morreu? - Majo pergunta curiosa.

— Espero que ninguém.

— O que aconteceu?

Li a mensagem rapidamente, arregalando ainda mais meus olhos.

- O senhor Guerra quer uma reunião comigo.

Atualmente

O amor pode ser cruel as vezes minha pequena, mas ainda sim, não tenha medo de amar.

Respirei fundo.

- Não tire palavras da minha boca Paulo.

- Não preciso, você nem se quer consegue pronunciá-las em alto e bom som. - bufou - Estou cansando Gusman, sei que errei diversas vezes com você e que sou uma bagunça, mas não estou pedindo para tentar arrumá-la. Nunca pedi para entrar em minha vida, e mesmo assim você entrou. Não pedi para arrumar a bagunça, e ainda assim você tentou. E eu entendo completamente se quiser ir, eu mesmo iria se fosse capaz. Mas preciso que você fale, fale com toda certeza, que me quer fora da sua vida. Quero que me peça para ir embora, mas não por conta de terceiros, mas por ser o melhor para você.

— Mas eu não quero.

— Então porque ainda estamos aqui Ally? Se me quer, então me segue por inteiro. Não sou um bichinho de pelúcia que você abraça as vezes, muitos menos um cachorrinho para que prenda na coleira quando recebe uma visita que não se dá bem com cachorros. Sei que sua preocupação é a Rosalina e o futuro dela, e eu entendo isso. Estou tentando consertar as coisas, eu estou tentando Gusman.

Encarei ele ainda incapaz de falar algo. Havia tanta coisa para ser dita, mas naquele momento me senti incapaz de pronunciar qualquer coisa, até mesmo seu nome.

De repente mãe - PAULICIA Onde histórias criam vida. Descubra agora