10

79 11 1
                                    

O fim, era o que eu desejava naquele momento. Não estava mais aguentando ver notícias falsas sobre mim.

— Só mais quinze dias pequena, só mais quinze dias. — susurrei para Rosalina que me olhava atentamente.

O lançamento da coleção estava próximo, o que resultou em diversos encontros entre Paulo e eu. Estar na capa de uma revista era uma coisa, mas estar na revista inteira, era coisa demais para mim. Não via a hora de tudo isso terminar, Rosalina precisava conhecer o mundo lá fora, porém ainda não podíamos sair. Agora com seus quase dois meses, Rosa estava com os mesmos traços que Majo, era a mistura perfeita dos pais.

Minha maior preocupação estava sendo a guarda da Rosalina , por mais que Majo havia deixado em seu testamento que sua filha seria minha, ainda tínhamos que lidar com a parte judiciária e podemos dizer que essa era a pior parte. O processo estava sendo o mesmo que de uma adoção, e eu particulamete não imaginava que demoraria tanto para ter sua guarda. jorge estava me ajudando nisso, ter um amigo advogado nunca foi tão útil em toda a minha vida.

Deixei Rosalina em seu carrinho, puxei-a até a cozinha, precisava cozinhar algo para comer, pelo fato que nas últimas semanas eu estou vivendo de fast-food. Abri os armários mas nada me parece tão apetitoso quanto um pedaço de pizza ou um enorme pedaço de lanche, alguém tocou a campanhia. Fui para a porta e puxei Rosalina comigo, abri-a me deparando com Jorge, em suas mãos estavam duas sacolas.

- Me diz que é comida. - apontei para as sacolas em suas mãos.

— É um prazer te ver de novo, e sim eu estou bem, obrigado por perguntar.

- Desculpa Jorge, mas estou faminta.

— Eu imaginei, eu posso? - apontou para dentro do apartamento.

- Claro. - dei passagem para ele entrar. — O que te traz aqui? Não me diga que são notícias ruins.

- Relaxa Ally só vim ver como vocês estão.

Jorge colocou as sacolas sobre o balcão, retirou as coisas de dentro, salivei ao ver a comida, o rapaz riu. Tirou Rosalina do carrinho e ficou brincando com ela em seu colo.

- Sua obsessão por comida deveria ser tratada Ally.

- Terei uma coleção lançada em quinze dias, tenho o direito de descontar minha ansiedade na comida.

— Certo, mas se isso cont...

- Eu já sei Jorge, vou ao médico.

Ele sorriu. Nos sentamos no sofá, eu com o prato de comida e ele com Rosa no colo. Era adorável o modo que ele cuidava da Rosalina, Jorge a tratava como uma boneca de porcelana que a qualquer momento poderia se quebrar, eu achava fofo, apesar dos momentos loucos de super proteção que ele tinha com ela.

- Ela gosta de você.

- Impossível não gostar. - piscou para mim.

— Seu ego é enorme Cavalieri.

- Não é para tanto tambem Gusman, iremos fazer o que para comemorar o mêsversário dela?

- Não pensei em nada.

- Alicia Gusman.

— O que?

- Não iremos deixar passar em branco, já deixou no primeiro mês de vida dela.

- Ok, você pode fazer o que quiser. — ele sorriu.

- Sua tia é uma desnaturada Rosinha, é, ela é sim. - a bebê sorriu amplamente enquanto Jorge balança em seu colo. A gargalhada de Rosalina nos fez sorrir juntos.

- O melhor tio do mundo aqui irá fazer uma festinha para você.

— Jorge não, é o segundo mês dela.

- E qual o problema Ally? Vamos comemorar com um bolinho, e as pessoas mais próximas.

Revirei os olhos, nada o faria mudar de ideia, e aquilo me deixava levemente irritada. Não queria bagunça na minha casa, muito menos diversas pessoas nela.
Porém Jorge fazia questão de me infernizar até conseguir minha aceitação, se ele não fizesse, Jaime faria.

— Você paga então. - ele riu me puxando para mais perto.

- Você sabe que sim.

Minha cabeça estava sobre o seu peitoral, Rosalina olhava para nós com o lindo sorriso banguela que ela tinha.

— Já pensou sobre a proposta que o Ron fez?

- Já.

— E então?

— Irei recusar, não posso ir embora daqui, Rosa merece ter os avós por perto, tios incríveis para passar um tempo e visitar os mesmos lugares que seus pais já foram, a vida dela é aqui, não posso apenas sumir por um erro meu.

- Fico feliz que irão ficar, ou então meu salário iria inteiramente para passagens de avião.

Jorge colocou Rosalina no carrinho de frente para nós.

Passava os canais da televisão, atrás de algo interessante para assistir, mais de setenta canais e nenhum deles me chamava a atenção. Jorge estava concentrado no celular ao meu lado.

Comecei a rir ao lembrar que semanas atrás Alex estava comigo me ajudando com coisas do trabalho quando Paulo chegou, o modo como ficou irritado apenas por estarmos sozinhos ali me fazia rir por um bom tempo. Paulo não tinha motivos para aquilo, o que tivemos ficou no passado e nada irá mudar isso, sempre soube que ficar com ele era um problema e agora era pior ainda. Ele não mudaria, não mudou antes e não mudaria agora, sempre seria o mesmo Paulo.

— Do que está rindo? — Jorge perguntou.

- Nada, apenas estou me lembrando de alguns acontecimentos.

- Certo Ally, eu preciso ir.

- Já? - minha voz saiu manhosa, me ajeitei mais em seu corpo.

Amava a companhia de Jorge, e Rosalina também. Não queria ficar sozinha aquela noite, estava carente demais para ficar só.

— Fica mais um pouco.

- Eu adoraria Ally, mas tenho que ir, preciso revisar alguns casos, amanhã passarei o dia no tribunal.

- Por favor Jorginho. - minha mão parou em seu rosto, em um leve carinho na pele recém barbeada.

- Eu volto amanhã, assim que sair do trabalho.

— Vai me deixar aqui sozinha Jorge cavalieri? - perguntei ao vê-lo se livrar da minha mão e corpo, parando em frente a porta do apartamento.

— Claro que não, você tem a Rosa.

Mostrei a língua para ele, e em resposta me mandou um coração com as mãos.

- Não quero que apareça aqui amanhã.

— Eu sei que você quer. - riu enquanto ajeitava a jaqueta em seu corpo. - Até amanhã Ally.

Taquei a almofada nele, mas infelizmente ele já havia saído do apartamento. Rosa me olhava rindo, céus, essa menina tem um lindo sorriso.

De repente mãe - PAULICIA Onde histórias criam vida. Descubra agora