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Quando cheguei em casa, eu ainda tremia. Meu sonho havia sido realizado, e eu estava explodindo de felicidade. O sorriso em meu rosto era algo que não desaparecia.

- Pizza para comemorar? - Jaime sugeriu.

- Se você pagar. — o rapaz revirou os olhos, fazendo
Valeria rir.

Enquanto os irmãos Ferreira entravam em uma discussão sobre o sabor da pizza, comecei a me sentir vazia. Era como estar ali, mas ainda assim não, em instantes me senti perdida.

Não é que não amasse a companhia dos irmãos
Ferreira, eu os amava, e muito. Mas meu desejo era estar com quem não poderia estar nunca mais. Queria poder abraçar Maria e Daniel, e dizer "eu consegui" , mas eles não estavam mais ali, apesar de ter Rosalina comigo, não era o suficiente.

Jorge chegou minutos depois que a pizza. O trio conversava alegremente, tentei participar, porém minha cabeça estava em outro lugar. Aproveitei que todos estavam distraídos, e sai do apartamento com Rosalina no colo. Não demoraria muito para voltar, apenas precisava respirar um pouco.

A caminhada até o parque nunca havia me parecido tão rápida como hoje. Rosalina olhava ao redor, admirada com toda aquela paisagem, só então me dei conta que aquela era a primeira vez na qual a bebê saia de casa sem ser em um carro.

O parque não estava cheio, porém, preferi ir para o cantinho que anos atrás pertenceu a Majo e Daniel. Para minha surpresa já havia alguém lá. Ele estava de costa para nós, ainda não havia notado que tinha companhia, e eu, particulamente preferia assim. A bebê em meu colo resmungou, nos fazendo ser descobertas.

- Pensei que estaria comemorando com os seus amigos.

— Eu estava.

- Então o que está fazendo aqui?

- Eu não sei.

Me sentei no banco embaixo das árvores. Os olhinhos de Rosalina brilhavam com tantas novidades, aquele momento fez o sentimento de culpa crescer dentro de mim. Eu havia privado ela de conhecer o mundo fora do apartamento por conta de Paulo e toda mídia que poderia cair sobre nós, eu estava fazendo as coisas erradas e claramente me deixariam com peso na consciência daqui a alguns anos.

- Me senti perdida. - confessei - Estavam todos lá, felizes e comemorando minha conquista... eu me senti uma intrusa no momento, apesar de ser para mim.

- Imaginei.

— O que faz aqui?

- Precisava respirar, Marie está acabando com a minha paciência.

— O que ela quer?

- Que eu me case com Sofia.

— E você irá?

- Não sei, provavelmente não.

- Pensei que gostasse dela.

Paulo revirou os olhos, se sentando ao meu lado. Aquele pequeno gesto dele, me mostrou que o assunto Marie e Sofia estava fora da pauta naquela noite.

- Oi pequena. - suas grandes mãos fizeram Rosalina parecer menor do que realmente era. - Senti falta de você.

Enquanto ele falava, Rosalina sorria para ele, era como uma forma de mostrar para nós que ela estava entendendo, ao menos era como eu interpretava.
Gostava de pensar que a bebê me entendia, porque assim, eu não me sentia tão só no meu apartamento.

- Obrigada.

— Pelo que?

- Por tudo.

Nossos olhares se encontraram. Havia tantos segredos, memorias, mágoas, uma paixão que ainda queimava em nosso peito. Paulo foi o primeiro a desviar, me fazendo suspirar.

- Melhor eu ir. - assenti em silêncio, enquanto observava ele se afastar, o vazio voltou dentro de mim.

Rosalina passou a reclamar em meu colo, sabia que estava com fome. Estávamos a tempo demais fora de casa. Antes de voltarmos, parei próximo a árvore com nossa iniciais. Eu daria tudo para tê-los comigo novamente.

De repente mãe - PAULICIA Onde histórias criam vida. Descubra agora