30

33 5 0
                                    

Você deve estar se perguntando "se queria tanto me ver e ter momentos comigo, por que me deixou? Por que seguiu com a gravidez? Ah minha pequena Rosalina, eu nem sei como contar isso para você.

O cafuné de Paulo era algo maravilhoso, e que eu nem se quer me dava conta que sentia falta daquilo. Estar em seus braços novamente era reconfortante, me sentia pronta para enfrentar qualquer coisa.

— O que acha de sairmos para comer?

- Péssima ideia.

O modelo riu, me tirando de sua perna para levantar-se. Olhei-o com ódio, eu estava gostando de ficar assim.

- Estou começando a achar que você não quer ser vista comigo, coração.

- Droga, você descobriu. - ri da sua cara de indignação, sentei-me no sofá, tentando inutilmente arrumar meu cabelo.

- Você ainda continua linda com os cabelos bagunçados.

— E você fica lindo de boca fechada.

— Por que tão agressiva? - sorri para ele, me levantando do sofá. Olhei para a janela no apartamento, a noite já havia caído ao lado de fora.

Quanto tempo ficamos ali?

Segui para o quarto de Rosalina, a bebê brincava quietinha com seu urso no berço, olhei para ela surpresa. Era a primeira vez que a via quieta sozinha, principalmente depois de acordar.

— Oi meu amor. - disse pegando ela no colo - Vamos tomar banho? Você está precisando de um.

A mais nova continuava alheia ao que eu dizia, seus dedos gordinhos pareciam mais atrativos do que qualquer coisa. Eu poderia considerar uma traição aquilo? Afinal ela estava me trocando.

- Vou comprar nosso jantar. — Paulo disse, se encostando no batente da porta do banheiro - Talvez eu demore um pouco, irei passar em casa para pegar algumas roupas.

- Pensando em dormir aqui pequeno gafanhoto?

- Esse é definitivamente um péssimo apelido coração, mas sim, irei dormir aqui.

— Quem disse? Não te convidei.

- Mas Rosalina sim, né princesa do tio.

Rosalina olhou para o rapaz, bocejando em seguida.
Deixei-a no tapete do banheiro, enquanto enchia sua banheira. Entreguei seus sapinhos de borracha que usávamos durante o banho.

— Alguma preferência?

- Apenas que volte logo com a comida.

Paulo riu, saindo do banheiro rapidamente.

Segundos depois ouvi a porta principal se abrir e fechar, voltei-me para Rosalina, que ainda se mantinha encantada com suas mãozinhas. Testei a temperatura da água, estava perfeita. Despi a bebê, colocando a mesma dentro de sua banheira com os sapinhos.

Rosalina bateu as mãos na água, fazendo ondinhas na banheira. Puxei seu sabonete e bucha, passei a esfregar seu corpinho enquanto a bebê brincava com os sapinhos na água. Enquanto Enxaguava a menor acabei me distraindo, voltando a realidade apenas quando Rosalina jogou água em meu rosto. Olhei para ela, sua gargalhada me impediu de gritar brava com ela, o sapinho em sua mão denunciava ser a arma do crime.

- Rosalina, Rosalina.

Espalhei o shampoo por seus fios loiros, esfregando um pouco antes de retirar e repetir o processo com o condicionador. O cheiro gostoso aquele produto me fazia amar ainda mais Rosalina, retirei todos os produtos de seu corpo e a deixei brincar com os sapinhos enquanto buscava sua toalha na porta do banheiro.

— Vamos sair bebê? A água está ficando gelada.

Rosalina bateu as mãos na água mais duas vezes antes de estender os bracinhos para cima, peguei-a enrolando na toalha de ursinho. Levei-a para seu quarto, escolhi um macacão azul bebê sem desenho, lembrava de ter comprado aquela peça de roupa na última compra que fiz para Rosalina, iria modificar a peça, mas acabei não tendo tempo para fazer. Coloquei sua frauda, e vestia com o macacão, tentei inutilmente arrumar seu cabelo, mas nada o deixava arrumado.

- Vem princesa, vamos assistir um pouco de desenho.

Peguei-a no colo, caminhando para a sala. Deixei Rosalina sentada sobre o sofá, enquanto organizava a bagunça do cômodo. Paulo havia feito pipoca enquanto ainda estávamos vendo filme, e acabou derrubando uma boa parte dela no chão. Liguei a televisão, procurando pelos canais infantis.

— O que quer assistir pequena? Patrulha canina ou masha e o urso?

Olhei as sinopses dos episódios que estavam passando, já havíamos assistido mais de uma vez. Conectei o YouTube, buscando pelo canal do mundo Bita, coloquei a música "fazendinha". Rosalina bateu palminhas quando começou a canção.

- Bom dia, o sol já nasceu lá na fazendinha. - cantei junto, enquanto terminava de organizar a sala -
Acorda o bezerro e a vaquinha que já cocoricou dona galinha.

- Linda canção coração.

Assustei com a voz repentina de Paulo, estava tão distraída com a música e a arrumação que nem se quer ouvi a porta se abrir. O modelo deixou as sacolas sobre o balcão, e sua mochila perto da porta.

- Ótima maneira de testar meu coração, obrigada Paulo, agora sei que não tenho problemas cardíacos.

- Não foi minha intenção. - riu - Quer ajuda para arrumar as coisas?

- Não, já terminei. O que trouxe? - olhei curiosa para as sacolas, logo identificando o logotipo do Mcdonald's. Voltei minha atenção para o modelo com uma linda careta - Lanche de novo Paulo?

- Desculpa coração, é que o brinquedo do McLanche feliz era do Super Mario, não resisti.

Prendi a risada ao ver o modelo tirar sete McLanche feliz da sacola, olhei-o surpresa. Paulo conseguia ser pior que uma criança "viajar pelo safari" passou a tocar na televisão, fazendo Rosalina resmungar e bater palminhas. Não duvidaria se a primeira palavra dela fosse alguma parte das músicas do mundo Bita.

- Quantas vezes ela assiste por dia?

- O dia inteiro meu pequeno gafanhoto.

— Vai realmente me chamar assim?

- Sim. Agora diga-me, qual é o meu?

- Três seu, três meu e um da Rosalina.

— Lanche para Rosalina? Paulo!

— O que? Não pode?

-Nao.

- Mas olha esses olhinhos pedintes, coração.

- Paulo Guerra, não.

— Vamos lá amor, só um pedaço.

Revirei os olhos, mesmo com o coração levemente acelerado. Ele havia mesmo me chamado se amor?
Que momento da nossa vida eu havia perdido?
Respirei fundo, antes de voltar a falar.

- Certo, apenas um pedaço.

Paulo sorriu. O modelo desembrulhou um dos lanches, levando a comida até a boca de Rosalina.

Peguei o celular de seu bolso, tirando diversas fotos enquanto a bebê se deliciava com o lanche. Valeria me mataria depois por isso? Provavelmente, mas a satisfação de Rosalina me traria uma morte satisfatória.

De repente mãe - PAULICIA Onde histórias criam vida. Descubra agora