— Já está pronta? — me virei para Bibi, parada no batente da porta com Rosalina em seu colo.
- Sim.
- Vamos então, Valeria está nos esperando lá embaixo.
Assenti seguindo as duas. O almoço com meus pais era hoje, e claro, eles convidaram Bibi também, haviam simpatizado com ela.
O caminho inteiro foi silencioso.
Era a terceira vez que eu o pedia para ir, e a cada ida dele doía mais. Pensei que seria mais fácil vê-lo partir, mas não foi, e lidar com isso estava sendo complicado.
— Filha! — a voz de meu pai acabou com o silêncio instalado entre mim e Bianca por todo o caminho. O mais velho estava na porta de sua casa, e como em toda minha infância e adolescência, ele usava um avental.
- Pai. - meu corpo foi puxado para si, sorri, mesmo sendo massacrada.
- Vem, entrem.
Seguimos ele para dentro da casa, já muito conhecida por mim. Priscilla logo apareceu, levando Bianca para um pequeno tour, me deixando sozinha ali.
Acompanhei meu pai para a cozinha, ele estava concentrado demais para conversar, e agradeci por isso.
Doze anos antes
— O que você está fazendo?
- Vou cozinhar para você coração.
— Ao menos sabe fazer isso Paulo? — o rapaz sorriu, e naquele momento me perguntei se precisava esperar para ligar para os bombeiros.
- Você vai queimar minha casa.
- Eu não vou coração.
Revirei os olhos. Sentei-me sobre o balcão da cozinha, observando Paulo organizando os ingredientes que
usaria.— Ao menos posso saber o que irá fazer?
- Surpresa coração.
- Para de me chamar assim.
- Você me chama de "Paulo".
- Todo mundo chama você assim. - ele revirou os olhos, voltando sua atenção para o que fazia.
A demora dele para ligar o fogão, me deu a confirmação que ele não sabia o que estava fazendo.
- Não coloque fogo na minha casa!
- Não irei.
Gargalhei ao vê-lo jogar uma cebola inteira na panela.
- Preparando uma refeição para matar vampiros?
Ele me ignorou, focando na panela. Mesmo com toda sua concentração, queimou a cebola.
Revirei os olhos, descendo do balcão.
- Sai, me deixa fazer isso.
— Não, eu consigo.
- Não irei pagar para ver.
Atualmente
Sorri com a lembrança, deixamos tanto tempo a panela no fogo, que por mais que limpássemos ainda haveriam marcas no fundo da panela.
— No que está pensando?
- Hm? - meu pai sorriu, em suas mais estava uma enorme travessa de lasanha.
— No que está pensando?
- Nada.
- Alicia.
O olhar de meu pai me trouxe uma onda de carinho e saudade. Ele sempre usava o mesmo olhar para mim quando desconfiava de algo, e sempre, sempre mesmo, conseguia a verdade, por mais que demorasse a vir a tona, ele sempre descobria.
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De repente mãe - PAULICIA
FanficPAULICIA + | Alícia Gusman é surpreendida com o testamento de sua melhor amiga, a qual lhe concedia a guarda da pequena Rosalina. Nunca havia pensado em filhos, muito menos naquele momento de sua vida mas não podia recusar o último desejo de sua ami...