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Esperar estava me matando.

A audiência sobre a adoção de Rosalina estava acontecendo nesse momento. Infelizmente não pude comparecer, Jorge me garantiu que não havia necessidade.

Rosalina estava dois andares abaixo do meu, junto com Débora. O pessoal estava levando a sério o "operação babá", íamos terminar a semana sem que os Guerra percebecem a existência de um bebê no prédio. Ao menos era o que acreditávamos, já que os dois não falaram nada sobre o assunto.

Chequei novamente meu celular, e como antes, não havia nada. Jorge prometeu que me ligaria assim que terminasse, mas e se ele tivesse esquecido? E se precisou fazer algo mais importante? Quis jogar o trabalho pro ar e ir até o tribunal, precisava saber o que havia sido decidido. Necessitava de uma resposta.

- Se continuar estressada desse jeito não chegará aos trinta.

Revirei os olhos, ele poderia ser mais educado e bater na porta antes de entrar? Iremos esquecer por segundos que ele é o dono desse prédio e que tem direito ao lugar todo.

- O que você quer Paulo?

— Uau, agora eu sou apenas o Paulo?

Tudo o que eu precisava, Paulo Guerra me infernizando. Desejei tê-lo visto antes de entrar em minha sala, assim poderia ter trancado a porta.

- Irá me contar o que está fazendo você soltar fumaça pelos ouvidos?

- Não estou soltando fumaça pelos ouvidos.

- Está parecendo. - respirei fundo. Deus, me dê paciência antes que eu cometa um assassinato.

- A audiência é hoje.

- E está nervosa por qual motivo? - olhei para ele como se a resposta fosse óbvia, e definitivamente era.

- Pelo visto ainda não sabe.

- Não sei o que? - ele sorriu.

- Parabéns Alicia Gusman você é oficialmente a mãe de Rosalina Medsen Zapata.

Olhei para ele surpresa, ele estava brincando certo?
Quais as chances dele saber disso antes de mim? Ok era muitas.

- Não brinque com isso Paulo.

- Não estou. - seu tom calmo me fez sorrir - Vim te parabenizar.

— Como soube?

- Tenho meus contatos.

- Paulo. - ele sorriu.

- Parabéns mamãe.

Ele se retirou da sala, sem ao menos me explicar como descobriu primeiro. Segundos depois meu celular tocou, era Jorge, que Paulo não tenha mentido.

- Ally está sentada?

- Sim, o que aconteceu?

- Você conseguiu você é oficialmente a mãe de Rosalina.

Olhei para a porta do elevador no fim do corredor que se fechava, Paulo sorria diretamente para mim. Não gostava nenhum pouco do modo como pessoas ricas como os Guerra ganhavam tudo o que queriam, mas naquele momento não me importei. Sabia que havia dedo de Paulo naquele processo, ele não me deixaria perder Rosalina, mesmo que para isso tivesse que gastar milhões.

- Temos que comemorar. — a voz de Jorge me trouxe de volta a realidade.

- Claro, nós vamos comemorar, agora preciso ir, nos falamos mais tarde.

Encerrei a ligação. Precisava ver Rosalina, minha filha.

Apenas o peso dessa palavra me fez sorrir. Eu era mãe agora, não do jeito que planejei, mas era, e não podia estar mais feliz.

Ao chegar na sala de Débora encontrei o lugar vazio, chequei o grupo de mensagens que tínhamos, ainda era o horário dela, mas não havia nada ali além de um bilhete.

"Débora está em reunião coração."

Gelei. O apelido já entregava.

Como pude ser tão ingênua em pensar que os
Guerra não saberiam o que se passa na própria empresa. Me dirigi de volta para o elevador, indo direto para o penúltimo andar do prédio. Não precisei de muito para saber que o cretino estava com a minha filha. A risada dela preenchia todo o ambiente. Entrei na sua enorme sala, ambos estavam sobre o sofá.

Rosalina ria enquanto Paulo fazia cosquinha nela.

- O quanto ganho se te processar por sequestro?

- Olha só lili, sua mamãe está aqui.

— lili?

- Sim, melhor do que chamá-la de Rosalina.

- Mas é o nome dela Paulo.

- E daí? O que impede de ter outro?

- Desde quando sabe?

- Desde o primeiro dia.

- Por que não falou nada?

- Queria ver o que faria com ela, apenas isso.

- Certo, aonde está a carta de demissão?

- O que faz pensar que eu a demitiria?

- Escondi algo dos meus chefes, e esse algo é um bebe que pode muito bem manchar a imagem da empresa.

- São bons motivos coração, mas ainda assim não seria capaz de demiti-la, afinal quem me desafiaria em uma reunião.

- Você é o chefe, todos iram abaixar a cabeça, não querem perder o emprego.

- Mas você não.

— Não sou eles.

- Eu sei coração.

— Poderia devolver minha filha?

- Humm... Não.

- Paulo!

- Deixa de ser chata lilica, todos nessa empresa já passaram um tempo com ela, agora é minha vez.

- Não.

Paulo me ignorou, voltando toda sua atenção para
Rosalina.

- Terá tempo o suficiente para brincar com o seu filho quando ele nascer, agora devolve Rosalina.

- Filho?

- Sofia, gravidez. - encarei ele com tédio.

- Ah, isso.

- Pensei que estivesse feliz, será papai.

- O filho não é meu, coração.

- O que? Mas...

- Eu sei, foi noticiado pelo mundo inteiro que serei pai do filho de Sofia, mas não serei, não é meu.

- E como tem tanta certeza disso?

- Simples, não transei com ela desde que terminamos a meses atrás.

- E porque aceitou tudo isso? Você foi na minha casa pedir perdão.

- Minutos de fama, e para sua próxima coleção.

- Próxima coleção? Paulo eu não tenho outra.

— Vi seu caderno de desenho, as roupinhas e acessórios de bebê.

- São apenas esboços.

- Que logo mais terão seu nome, e estarão em todas as lojas infantis.

- Paulo...

- Sei que deveria ter contado antes, mas você me conhece, sabe que eu amo um holofote.

- Então Sofia não está...

- Está, mais não de mim.

Olhei para ele, tentando assimilar tudo o que ocorreu recentemente.

- Deveria seguir carreira de ator, se daria bem.

Ele riu. Me sentei ao seu lado no pequeno sofá de sua sala. Acariciei as enormes bochechas de Rosalina. Pensei em Maria Joaquina, e em como estaria feliz pela minha recém conquista. Agora Rosalina era completamente minha.

Minha eterna lembrança dos meus melhores amigos, estaria ali comigo, para sempre em meus braços.

De repente mãe - PAULICIA Onde histórias criam vida. Descubra agora