Schoolgirl Life

Cruel.

______ P.O.V.

No meio da confusão, encontre a simplicidade. A partir da discórdia, encontre a harmonia. No meio da dificuldade reside a oportunidade... A oportunidade de cometer um homicídio, só se for.

Eu estou consciente de que cada cabeça dentro dessa sala está virada para mim no exato momento em que me ergo da cadeira sem a mínima discrição.

No fundo, queria ter vergonha e me retrair. Queria colocar em prática o grande ditado: "quem pariu, mantém e embale", mas a verdade é que não consigo. Sou como um ímã para problemas, e pode ter certeza que não estou com defeito nos últimos meses.

É estranho pensar numa comparação, mas minha vida se transformou em uma daquelas cópias mais baratas de Gossip Girl. Só que no meu caso, não posso enquadrar ninguém do meu meio social no perfil dos personagens porque EU sou a mistura de todos eles.

Vi uma vez alguém descrevendo Blair Waldorf: anti-heroína de temperamento forte, maligna, ambiciosa, inteligente e que sempre tem pensamentos malévolos sobre todos, e bem, se tirarmos o "inteligente" dessa lista, pode-se dizer que me enquadro perfeitamente nessas características. Mas também sou a it girl sempre exposta ao universo da internet, onde todos amam meu estilo, minha vida, meus luxos, mas odeiam a constância com a qual tomo decisões erradas, como a grandiosa Serena van der Woodsen. Só que aí, tenho uma parcela de culpa nisso tudo, porque igual a fubanga da Vanessa Abrams vivo metendo o bedelho onde não devo, como agora. Pra no final justificar o fiasco da minha vida com um simples "eu sou, Jeon _____", igual o Chuck a cada meio minuto dizendo: "I'm Chuck Bass".

— Aish. — Resmungo e solto um longo suspiro. Sinto vergonha de mim e dos meus pensamentos. Minhas comparações são tão ridículas que agradeço que só as faço em minha cabeça. Viver mergulhada num poço de problemas está me fazendo perder o compasso e a sanidade. Eu vou enlouquecer, tenho certeza. — Vou procurar um padre e me confessar. Devo ter cometido um pecado horrendo e agora tô pagando. — Continuo aos cochichos porque a gritaria de antes já não existe, muito menos os incentivos para que Wooyoung e Jisung se arrebentem, mesmo que os dois continuem inclinados a deixar um ao outro inconsciente.

Me aproximo cada vez mais e nesse meio tempo matuto o que de fato irei fazer. Por um segundo penso em elevar a voz e gritar para que parem com aquela briga de uma vez por todas, mas fazer isso só me assemelharia aquelas garotas que pensam ser especiais e pedem para um garoto se acalmar e olhar em seu olhos quando no fundo ele também esmurraria a cara dela se não fosse tão errado bater em uma mulher.

— Francamente... — Minha voz sai arranhada e nenhum dos dois me ouve. Jisung imobiliza Wooyoung e para sobre ele. Os dois se encaram e Jisung investe vários socos com o punho fechado no rosto já machucado do outro garoto. Vejo mais sangue brotar no alto da bochecha de Wooyoung e faço uma careta.

Isso deve doer.

— Ainda acha que pode defendê-la, Wooyoung?! — Jisung vocifera.

— Acho que está querendo fazer uma exibição para impressioná-la, mas lamento te informar que não vai funcionar! — Wooyoung retruca.

— E está incomodado com isso?! Pelo visto sim, né?! Já que parece muito interessado nela!

— Quem está incomodado é você! Está se sentindo ameaçado por mim, babaca?!

Estreito os olhos, e balanço a cabeça em negativa. O que esses imbecis estão dizendo? Desde quando virei protagonista desse clichê ridículo? Não respondam! Meu estômago ferve e eu quero esganar os dois. Ridículos. Quem eles pensam que são? Acham que vou dar um troféu pra quem ganhar essa briga?