Piscina

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J U L I E S A N T I N E

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J U L I E
S A N T I N E

SEGUNDA FEIRA
27-06-2023
00:12

Eu estava deitada ao lado de Jayla, que já estava no quinto sono profundo. Era irônico, considerando que foi ela quem insistiu que passaríamos a madrugada acordadas. Dormir em lugares novos sempre me causa uma leve insônia no início, e naquela noite não foi diferente.

O jantar havia sido estranho. A energia dos Waltons estava pesada, quase palpável. Javon mal tocou na comida e foi alvo de contínuas broncas de sua mãe pelo uso do celular à mesa. Era como se o garoto animado e cheio de vida que conheci mais cedo tivesse desaparecido. Após alguns minutos de conversas forçadas e olhares desconfortáveis, ele subiu para o quarto e se trancou. Garoto estranho. Eu também já tive meu coração machucado, mas nem por isso me isolei do mundo.

Minha garganta estava seca depois de tanto tempo em silêncio, então decidi descer para tomar um copo d'água, apesar da vergonha de andar sozinha pela casa de desconhecidos. Levantei devagar, erguendo a coberta com a ponta dos dedos e saindo na ponta dos pés. Girei a maçaneta com cuidado, tentando não acordar Jayla ou qualquer outra pessoa.

Comecei a descer as escadas o mais silenciosamente possível. Cada degrau parecia ranger sob meus pés, mas sabia que era mais provável que fosse apenas coisa da minha cabeça; aquela escada parecia cara demais para ranger. O corredor estava escuro e silencioso, e meus passos ecoavam baixinho enquanto me dirigia à cozinha.

Abri a geladeira, a luz fria iluminando o ambiente, e peguei um copo d'água. Mas então ouvi um barulho vindo da área de trás da casa. Pensei mil vezes antes de investigar, mas a curiosidade venceu.

Caminhei até a porta de vidro que dava para o quintal e a abri com cuidado. Foi então que o vi: Javon estava à beira da piscina, seus olhos brilhando ao refletir a luz suave da água. Ele soltava a fumaça de um cigarro que segurava entre os dedos.

— Não sabia que lutadores podiam fumar — comentei, me escorando na moldura da porta agora aberta.

Ele virou a cabeça na minha direção, surpreso, mas logo sorriu de lado. — Não sabia que brasileiras aguentavam tanto o frio — ele respondeu, apontando para a regata que eu usava.

Eu vestia uma regata branca justa e um short de pijama coberto de pelinhos caramelo, enquanto Javon estava de calças de moletom e uma camisa preta, o contraste entre nós dois evidente na noite fria.

— Casa de rico tem aquecedor — brinquei, tentando aliviar a tensão. Javon riu suavemente antes de voltar a tragar o cigarro, a brasa brilhando intensamente na escuridão.

— Estou atrapalhando? — perguntei, sentindo uma onda de apreensão. — Estou, né? Desculpa, não queria invadir seu espaço. Eu não conseguia dormir, então achei melhor tomar uma água. Sei que é falta de educação andar pela casa dos outros sozinha e... — Eu falava rapidamente, as palavras saindo quase atropeladas. Javon me olhou com uma expressão confusa antes de me interromper.

Um Verão com os Walton's -Javon WaltonOnde histórias criam vida. Descubra agora