Capitulo 54 - Bônus

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GRILO

Antes do Arábia sair pra tal reunião que Cascavel convocou, os meninos lá do Vidigal chegaram. Eram cerca de 15 homens, vieram e trouxeram também os armamentos.

- Quero poucos dos nossos nas lojinhas, já está mais que na cara essa invasão, mas preciso que o funcionamento siga o mais normal possível pra eles não desconfiarem - começou a falar no meio da roda dos bandidos, tanto os nossos quanto os o Vidigal estavam ali - vocês que vieram pra somar - apontou - vão ficar próximo a boca principal, não é a primeira invasão de vocês, certo? - constatou e eles negaram - então já sabem o que fazer.

A movimentação começou a acontecer, todos já sabiam exatamente o que fazer. O dia de hoje estava sendo programado e esperado por nós há um tempo já. Liguei pra Victória e perguntei como estava o clima por lá, não dei muitas informações do que estava acontecendo por aqui, só pedi pra ela avisar caso tivesse alguma movimentação estranha e falei pra não estranhar, pois a segurança hoje estaria reforçada.

Fiel mandou mais de seus homens para proteger as meninas, mas principalmente Lara que estava grávida. Todo cuidado era pouco, porque nesse meio existem muitos que por uma grana ou poder a mais traem os irmão sem pensar nas consequências.

Arábia desceu de carro com Uva e Fumaça, os outros foram de moto escoltando o carro de longe,  até porque Cascavel e quem quer que seja que ele esteja envolvido, achava que iam só os três pra tal reunião.

Quando ele mandou radinho avisando que já havia chegado no galpão e só estava esperando TX pra entrar junto com ele, me deu uma sensação ruim pra caralho, mas não me deixei levar por ela, ainda tem uma possível invasão pra acontecer. Ele deixou claro, se tudo corresse como o esperado o Alemão seria meu.

Não demorou nem 30 minutos depois da sua comunicação e os fogos foram lançados. Cheguei na porta da boca principal e vi a movimentação dos que chegaram agora da favela parceira, passei um rádio pros outros pra saber por onde eles estavam invadindo e tive a confirmação que entraram pelo Campo do Sargento, que da acesso a rua Canitar, que corta o Complexo de fora a fora.

- Eles entraram pelo Campo do Sargento, então até chegar aqui na principal vai demorar, quero que fique cinco aqui e o resto sobe a Canitar pra tentar pegar eles, mas atividade - falei alto da porta da boca e logo eles se organizaram.

Os que ficaram vieram pra perto perguntar o que queria que fizessem.

- Fica atividade porque eles não devem chegar até aqui - fui sincero - do jeito que estamos forte, eles não passam do campo do seu Zé, só preciso que fiquem atividade porque sempre tem um ou dois que consegue ir mais longe - respirei fundo olhando as imagens do drone, que era comandado pelo GP - quero geral morto, até desistirem, não é pra pegar pra torturar não, quero morto nessa porra - avisei no radinho e deixei os que ainda estavam por aqui avisados, fazendo com que eles se espalhassem ao redor da boca principal.

Pedi pra levar o drone pra outras entradas, e a imagem me confirmou que estavam limpas, então decidiram vir todos de uma direção só, pelo menos nisso foram espertos. Fiquei com o GP mandando pelo radinho, porque conseguia adiantar os passos daqueles fudidos com o drone. 

O frente da Rocinha mandou aviso que a invasão também tinha começado lá. Liguei pro Coringa e ele me confirmou que estava tudo na paz pela Parada de Lucas, então eles não querem o território antigo, e sim os nossos, que estão lucrando pra caralho.

Eles estavam caindo, mas não recuavam de jeito nenhum. Dos nossos ainda não teve nenhuma morte, apenas alguns que foram atingidos de raspão. Depois que o confronto acabasse desceria com todos os feridos pra UPA. Olhei no relógio e já tinham duas horas que a invasão começou a acontecer. Nada de ter notícias do Arábia e do TX, muito menos das meninas, o que já estava me preocupando.

O barulho dos tiros começaram a ficar mais perto, estranhei por não achar que eles fossem chegar tão longe. 

- O que tá pegando porra - gritei no radinho - os tiros tão ficando perto e quero saber se vai precisar de eu descer.

- Precisa não, chefe - um dos que veio do Vidigal respondeu com a voz cansada - é só estratégia nossa do Vidigal, fica suave que tá tudo sob controle.

- Qual a localização? - pedi pra levar o drone mais perto, pra ver o que tava acontecendo.

- São Cristóvão, quase chegando no campo do seu Zé - um dos nossos respondeu.

- Não quero eles passando do campo, é pra meter bala nesses filho da puta - ordenei - se precisar de mim só mandar no radinho que eu desço.

Nem precisei pedir GP pra mandar o drone pra São Cristóvão, quando abaixei o radinho da boca ele já tava com imagens de lá me mostrando. Os caras estavam em minoria, muitos já tinham virado camisa de saudade, enquanto os meus seguiam pulando de laje em laje e atirando de forma certeira, da mesma maneira que treinamos nos últimos dias.

- TCP tá recuando - GP falou ao meu lado - depois que dois deles acabou de cair eles tão recuando caralho - começou a pular eufórico - é o Comando porra - gritou e me fez rir.

- Recuaram - recebi umas oito chamadas no radinho falando a mesma coisa, me deixando feliz pra caralho.

- Toque de recolher pros moradores, até limpar essa bagunça que eles fizeram - avisei - e os que se feriram mesmo que de raspão é pra descer pra UPA agora - ordenei e só ouvi a confirmação de todos eles no radinho.

Entrei de volta pra minha salinha e GP veio atrás.

- Dá uma olhada nos lugares que precisa de mandar gente pra recolher corpo e passa pra um dos meninos que tá lá fora - antes de terminar de falar o celular da boca começou a tocar sem parar.

"Grilo: Fala.

Linguiça: Irmão, aqui é o Linguiça do CDD - a voz ofegante me deixou preocupado - teve uma explosão lá no galpão que eu não sei por qual motivo estava tendo uma reunião que ninguém de nós foi avisado - respiro fundo esperando ele concluir a merda - Arábia, TX, Pinguim e uma galera foi atingida e preciso olhar um Hospital pra encaminhar eles, tu tem acordo com algum? - não esperou eu responder e continuou - já tem gente minha cuidando pra saber quem tá morto lá dentro, mas a situação dos que tão vivos não é boa - foi sincero.

Grilo: Temos acordo com o AmericanCor, vou ligar lá avisando que eles vão dar entrada, são quantos? - esperei ele responder dizendo que era cerca de 7 homens e perguntar onde é - fica no Méier.

Linguiça: Liga lá e avisa, assim que der te dou notícias - não esperou que eu respondesse e desligou."

Eu sabia que essa porra de reunião ia dar merda, Arábia devia ter ido com mais homens e mais preparado. Porra, ele não pode morrer agora não, tem filho pra criar e o caralho.

Liguei pra coordenadora do Hospital e deixei claro que eles estavam indo e precisava de descrição. Tive a confirmação após fazer um PIX de 5 mil por cabeça, usava o nome de laranja pra não levantar suspeitas.

Mandei mensagem pro Linguiça, falando que ele deveria chegar pela porta das ambulâncias e procurar por Dayane, que ela estaria lá esperando por eles. Depois de alguns minutos ele deu a confirmação que tinha dado entrada no hospital e estava esperando os médicos darem notícias. Nenhum dos nossos poderia descer pra ter notícias, então tive que tomar uma decisão arriscada. 

"Manda as meninas arrumarem as coisas e trás elas, Arábia tá entre a vida e a morte e de dentro do morro não consigo fazer muita coisa, preciso delas lá" - Mandei mensagem pro Caneta que logo deu seu ok.


Entregue à LoucuraOnde histórias criam vida. Descubra agora