Capítulo 60

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ARÁBIA

Saímos do hospital e fomos pra casa, desde que voltei do quarto do TX tenho achado Lara estranha, mas achei que pudesse ser coisa da minha cabeça. Quando chegamos em casa todos nossos amigos e sua mãe me receberam animados, enquanto ela ficava de canto olhando tudo com um meio sorriso no rosto. 

Não teve festa como eu pedi, mas a minha sogra fez um almoço maneiro pros mais chegados e eu tava felizão, mas o comportamento dela estava me batendo neurose. Fui até ela que estava encostada no batente que ligava a cozinha a sala. 

- Qual foi, amor - chamei sua atenção e ela me olhou ainda com o meio sorriso no rosto - tem alguma coisa te incomodando?

- Não é nada, só estou um pouco cansada - logo desfez do meu toque em seu rosto, me deixando mais neurado ainda - vou subir e tomar um banho, preciso deitar um pouco - me deu as costas e saiu do meu campo de visão.

Não estava entendendo mais nada, não quero pressionar ela, então deixei que tivesse seu momento e depois conversaríamos. Realmente acho que foi bem cansativo pra ela ficar esses dias no hospital. Voltei para perto da mesa de jantar e me sentei.

- Lara não vem? - sua mãe perguntou enquanto servia seu prato.

- Disse que está cansada e que precisa de deitar um pouco.

Minha sogra não disse mais nada, mas vi em seu olhar que também não entendeu a atitude da filha, assim como a Victória.

- Preciso de uma reunião contigo e com Caneta, Grilo.

- Claro pô, depois de rangar descemos pra boca - Caneta sugeriu e concordei.

- Depois de comer aqui vou tomar um banho e descansar um pouco com minha mulher - olhei o relógio em meu punho - quando for quatro da tarde eu desço e a gente faz a reunião, já quero passar a visão pro restante na parte da noite - eles se entreolharam e só concordaram, sabiam que era coisa grande.

Almoçamos e tava uma delícia, agradeci Helena pela comida gostosa e a todos que vieram e estavam preocupados. Mas no momento eu tava mais preocupado com minha branquinha. 

Subi até meu quarto e a encontrei deitada de lado, com um travesseiro entre as pernas e abraçada em outro. Cheguei pertinho e pude ouvir seu choro baixinho.

- O que tá acontecendo contigo, princesa? - sentei ao seu lado e fiz carinho em seu rosto, fazendo com que abrisse os olhos lentamente - estava tudo bem e agora nem almoçar com a gente tu quis, chego aqui no quarto e tu tá chorando, fala pra mim, o que que tá pegando.

- Não é nada - neguei com a cabeça - são só os hormônios da gravidez.

- Eu sei que não é só isso - insisti - vamos conversar - ela bufou, secou as lágrimas e sentou na cama.

- Então tá - falou com rancor - acontece que eu tive muito medo de te perder, que eu nunca te esqueci e quando soube que tu tava entre a vida e a morte no hospital não pensei duas vezes em ir ficar contigo, mas só isso não basta - voltou a chorar - você age como se tivesse tudo bem entre a gente e não está tudo bem, não voltamos e não vamos voltar antes de conversar sobre tudo que aconteceu e o que vai acontecer - me olhou nos olhos - estar nessa casa me faz mal, me lembra de tudo que vivemos, de que você teve uma vida com a Samantha aqui - respirou fundo - e ela continua sendo a merda de uma pedra no meu sapato, porque ninguém sabe o paradeiro dela, mas todos sabem de mim e da Clara, e eu não duvido nada que ela venha atrás da gente.

- Não vou deixar nada acontecer com  vocês.

- Tu não é Deus, Arábia - odiava quando ela me chamava pelo vulgo - consegue evitar, mas não consegue controlar tudo e todos a sua volta, principalmente agora que vai pra merda de outro país fazer um roubo como se não fosse NADA - sua voz subiu três oitavos - e eu mereço um pouco de paz nessa gravidez, coisa que eu não tive e acho que nunca vou ter enquanto ficar do seu lado - caralho, não esperava por isso.

Entregue à LoucuraOnde histórias criam vida. Descubra agora