Capítulo 56

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LARA

Já era o segundo filme que passava pela tela da televisão de 50 polegadas da sala do Diogo, o primeiro não conseguiu me distrair como as meninas gostariam, agora o segundo muito menos. Não falei nada, permanecia quieta, mas minha mente não parava um só minuto.

Quando faltavam poucos minutos para o filme acabar, Caneta entrou pela porta da sala.

- Arruma suas coisas, Larinha - me olhou com o semblante abatido - Geleia vai te levar para o hospital, ele e mais dois vão ficar por lá fazendo tua segurança - concordei e me levantei rapidamente.

Entrei no quarto onde minhas malas estavam, separei algumas peças de roupa e dois pijamas de frio. Embora o clima estivesse quente, hospital sempre faz frio. Separei algumas coisas de higiene pessoal e meu carregador. 

Sentiria maior segurança se Caneta fosse comigo, mas sei que não é uma boa hora, e assim que possível ele iria. Aproveitei para tomar um banho.

- Estou pronta - cheguei na sala segurando minha bolsa, pronta para passar uma temporada no hospital.

- Tu não vai morar lá não, doida - Caneta riu pegando a bolsa pesada da minha mão - vai poder vir em casa sempre que quiser também.

Não falei nada, não sei o que me espera naquele hospital, então estou indo preparada. Não pretendo sair do lado dele até que ele fique bem. 

- Vai com Deus, minha filha, e mande notícias - fez o sinal da cruz em minha testa - qualquer coisa é só ligar pra mamãe - ri do jeito carinhoso que ela falou, dei um meio sorriso e a abracei apertado.

Despedi de Vick e Camilla em seguida, sendo guiada para dentro do carro novamente. Assim que entrei já tinha um dos vigias no banco do motorista e um no banco de trás, enquanto via a movimentação de mais um que iria nos seguindo de moto.

- Já passei pra vocês a ordem, espero não precisar repetir - Caneta disse da janela do carro e eles concordaram - depois do enterro do Fumaça vou trocar com vocês e faço a segurança dela.

- Cuida bem da minha mãe e das meninas, mas principalmente da dona Helena - interrompi Iago - não preocupa comigo que tenho certeza que estarei cheia de seguranças por lá, mas vou ficar de olhos abertos e qualquer coisa te ligo também, só mantêm elas seguras porque eu sei que aqui elas correm mais riscos do que eu naquele hospital - ele me deu um meio sorriso e concordou. 

Não me contive e abri a porta do carro, saindo e parando em sua frente.

- Muito obrigada por tudo, de verdade, sei que você sacrifica tua vida em função da nossa, e mesmo que receba pra isso, encontrei em você um irmão que eu nunca tive - seus olhos encheram de lágrimas, enquanto seus lábios estenderam em um sorriso - agora acho que tu vai virar é meu padrasto né - brinquei e ele riu - mas de qualquer forma, também estou aqui pro que você precisar, e eu sinto muito pela tua perda - o abracei apertado e pouco depois senti ele retribuindo o abraço, mas logo nos afastamos porque estava na hora de ir.

- Obrigada minha enteada - brincou - agora vai lá e dê notícias pra nós - concordei e entrei novamente no carro.

Os vidros foram fechados e logo estávamos saindo da favela. Demorou alguns minutos para chegar ao hospital, o carro foi parado dentro da garagem dos funcionários e sai direto para o elevador, com o tal do Geleia levando minha bolsa.

Uma Doutora já nos aguardava e foi nos direcionando até o quarto em que o Diogo estaria, e como eu esperava o hospital estava cheio de seus homens. Antes de entrarmos ela me parou.

- Ele está em coma induzido, para se recuperar melhor - começou a falar sobre seu caso - a cirurgia correu tudo bem, mas ele ainda está em protocolo de tomar sague, para repor o que perdeu e medicação, para controlar a concentração bacteriana em seu organismo, mas amanhã já iremos diminuir a concentração de sedativos para ver como ele vai reagir, esperamos que ele acorde entre amanhã ou depois.

Entregue à LoucuraOnde histórias criam vida. Descubra agora