ARÁBIA
Tinha acabado de montar na moto depois de pegar o pagamento da última lojinha, quando o celular tocou. Estava indo pra boca principal deixar todas as anotações e pagamentos, pra ir almoçar e só depois fazer a contabilidade, então nem peguei pra ver quem era, mas o fato de vibrar sem parar nesse curto trajeto me deixou preocupado.
Parei a moto em frente de casa mesmo, e antes de entrar peguei pra resolver. Não queria levar trabalho pra casa, ali já não era um ambiente confortável pra Lalá, não queria tornar pior.
Assim que desbloqueei vi várias mensagens e ligações do Caneta, e antes de se quer ler o que ele falava em cada uma delas liguei desesperado. Só falta ter acontecido algo com minha sogra.
Arábia: Qual foi? Aconteceu alguma parada com Dona Helena?
Caneta: Ela só está em choque, mas já estou a cominho do aeroporto - sua voz estava mais séria que o normal - acionei dois dos nossos pra descer pro apartamento da tua mulher e ficar lá pra caso alguém volta não estava entendendo esse papo dele.
Arábia: que papo é esse, Caneta? Quem vai voltar, porra? - comecei a ficar pilhadão com a ideia de ter gente lá esperando Lara.
Caneta: Olha as mensagens que te mandei, irmão - pediu - assim que deixar Helena e sua segurança no aeroporto, vou direto pra boca principal pra resolver essa para, mas já adianto que vai ter que entrar em contato com os irmãos de Minas pra auxiliar na proteção da minha mulher - respirou fundo - marca 30 que tô chegando ai - desligou sem me deixar falar mais nada.
Já de cara entrei na conversa com seu nome e meu mundo parou quando eu vi todas as fotos que ele me mandou. Aquele apartamento lindo que fui algumas vezes, estava parecendo cena de crime.
A primeira foto era da sala, o sofá estava todo rasgado e sua espuma espalhada por todo cômodo. A televisão tinha marcas de sangue, além de algumas roupas rasgadas. A cozinha tinha comida estrada espalhada por todo o chão, comida essa que já estava começando a dar larvas e só pelo que eu via, era possível ter uma noção do cheiro horrível que devia está. Um dos quartos tinha a cama toda destruída como o sofá, e bastante sangue espalhado por ele.
Mas o que me deixou mais preocupado foi o quarto da Lara. Era possível ver marcas de pés com sangue por todo o cômodo, escreveram VADIA bem grande na parede em que sua televisão ficava e destruíram todas as suas roupas. Fora o guarda-roupa e os espelhos que estavam todos quebrados. Quando passei para a última foto, meu sangue ferveu e meu ódio subiu, tinha uma boneca sem a cabeça dentro do vaso, com bastante sangue e uma faca enfiada em suas costas.
Não poderia existir uma ameaça mais real do que essa.
"Além disso, achamos esse papel na lavanderia"
A mensagem do Caneta era seguida de uma foto. Demorou mais do que eu imaginava para carregar, assim que carregou eu pude ler tudo que estava escrito ali.
"Não ache que tu vai ter Arábia pra te proteger pra sempre. Ele tirou o amor da minha amiga e tu me tirou o meu amor, sua vagabunda. Está feliz agora? por estar vivendo o MEU sonho? Fica esperta que uma hora eu te pego sozinha, pego tu e tua mamãezinha"
A filha da puta da Samantha estava quieta demais, agora ela resolve aparecer com essa lambança. Quando eu pegar essa mulher, ela vai se arrepender tanto por tudo que ela fez nos últimos tempos.
Encaminhei todas as imagens e mensagens que recebi do Caneta pro Grilo, mas precisava engolir o ódio que estava sentindo e ir almoçar com minha mulher como se nada tivesse acontecido, isso que ia ser o mais difícil a se fazer.
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Entregue à Loucura
Fantasy"Depois de muito relutar, de muito brigar e de muito desdenhar, me vejo aqui, completamente entregue à loucura que é amar ele."