Capítulo 13

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St. Augustine, Flórida

Casa de Brenda Murphy

O som irritante do meu alarme só para de tocar quando eu jogo um travesseiro e ouço o relógio cair no chão. Antes mesmo que eu abra os olhos, o cheiro de ovos e bacon invade minhas narinas me fazendo praticamente pular da cama.

Deixo o meu quarto e vou para o banheiro ao lado, parando em frente ao espelho quadrado acima da pia. Devo confessar que minha aparência mudou muito desde que deixei minha casa e tirei uma folga merecida do trabalho. As olheira que antes eram visíveis a trinta metros de distancia, já quase não existem mais, e a postura cansada que me deixava levemente corcunda, sumiu por completo.

Após tomar um banho de quase dez minutos, vestir uma roupa confortável - calça moletom cinza e um casaco da mesma cor grande, com o nome "Yale" marcado em azul na frente - e prender o cabelo em um rabo de cavalo alto, deixo meu quarto e sigo o aroma delicioso que está fazendo minha barriga roncar. Brenda está de pé de frente para o fogão e o cheiro forte do bacon emana da frigideira. A torradeira está ligada e há ovos em dois pratos de porcelana em cima da mesa.

- Bom dia! - falo, passando atrás dela para buscar um copo no armário. Quando retorno com o copo de vidro em mãos, paro ao lado dela e deixo um beijo em sua têmpora.

- Bom dia, minha filha. Dormiu bem?

Abro a geladeira e sinto o ar frio arrepiar minha pele. Tiro a garrafa de vidro com leite e levo para a mesa, onde Brenda já coloca o bacon junto dos ovos e as torradas nos pratos.

- Sonhei com algo essa noite. Não foi um pesadelo, disso eu tenho certeza, mas foi estranho. Mas fora isso, dormi feito uma pedra.

- Então não ouviu nada? - ela perguntou, sentando em uma das quatro cadeiras postas à mesa. Está séria e olha fixamente para mim.

Sento em uma cadeira de frente para ela e despejo o leite no copo.

- Ouvi o quê?

Ela respirou fundo e respondeu:

- Primeiro, seu telefone não parava de tocar e quando vi que você não atenderia, fui ver quem era; mas quando cheguei no seu quarto, desligaram. Voltei para o meu quarto para voltar a dormir, mas então alguém bateu à porta.

Ela para e morde uma torrada. Espero um longo tempo e quando acho que ela finalmente vai falar, ela crava o garfo no bacon e o leva à boca. A ansiedade começa a me consumir e nem consigo pensar em comer nada enquanto ela não falar.

- Quem estava na porta?

- Marlon. Quem mais seria? Ele disse que precisava falar com você, que estavam acontecendo coisas estranhas... Eu disse para ele ir embora, mas ele disse que não sairia daqui enquanto não falasse com você.

- O que?! Mas o que ele queria? Fui bem clara quando disse que não queria que ele viesse atrás de mim. O que você fez para ele ir embora?

Aproveito o momento que ela morde outro pedaço de pão torrado e coloco um pouco de ovos e bacon na boca. O sabor salgado se mesclando um no outro é como um pequeno carnaval na minha boca.

- Chamei a polícia - ela responde, por fim. Seu rosto não expressa nem uma preocupação ou qualquer sentimento que pudesse se mostrar após uma declaração como essa.

- O quê?!

Sei muito bem que meus olhos estão bem abertos e minhas sobrancelhas estão curvadas em um misto de surpresa e preocupação, mas Brenda parece não se importar nem um pouco com o que disse, como se fosse a coisa mais comum que já fez na vida.

Filha Do MalOnde histórias criam vida. Descubra agora