Poderia ser você?

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Fazia uma semana que cumpria com o que tinha prometido a si mesma - se afastar de Omar - e estava funcionando. A última vez que se viram foi naquela noite em que se encontraram nas casas de banho da feira, naquela noite tudo nela queria falar com ele, andar de mãos dadas
com ele - como costumavam fazer - mas, não o fez. Estava farta de continuar na expectativa de saber se eram ou não mais que amigos.

Ela precisava de se afastar pelo seu bem, pela sua saúde, pelo seu amor-próprio e se ele sentiu saudades deles - do que eles eram - não deu nenhum sinal disso, não a procurou depois do sino tocar, não a visitou, não mandou mensagem - e assim, ela soube que tinha acabado de vez.

Tinha acabado - era estranho dizer isso, eles nunca sequer tinham começado.

Estava na sala da sua casa com Mariano - que tinha aparecido sem convite.

Depois de alguns dias falando com ele, se apercebeu que ele nem era tão mau assim. Ele era egocêntrico mas de um jeito engraçado - Sabrina achava que ele usava o egocentrismo para esconder as suas inseguranças - por isso, ele não era a pior companhia do mundo.

Estava sentados no sofá enquanto comiam pipocas e viam uma telenovela - Mariano, surpreendentemente tinha aceitado. Reclamou um pouco de início mas, depois ele entendeu a história e gostou.

- Não sejas estúpido Maria Isabela - falou com sotaque espanhol - tu sabes que ele não presta!

Era engraçado para ela o quão entretido pela telenovela ele estava, ele gritava com os personagens, dava palpites e até fizeram um jogo, por cada vez que Juan Miguel dissesse a frase “eu fiz isso por amor” eles davam pipocas na boa um do outro.

- Ele falou, vamos abre a boca - falou Sabrina metendo umas pipocas na boa de Mariano - Aaah

E ele também meteu na dela.

Eles eram estranhos mas, era seguro serem estranhos um com o outro.

A telenovela acabou e agora tinham que de facto conversar um com o outro.

Mariano se virou para ela esticando os pés na mesinha de centro - ele era muito folgado mesmo.

- Então, como vai a tua história de amor com o meu primo? - perguntou enquanto comia as pipocas restantes.

Sabrina recostou-se no sofá e soltou um suspiro. Com um sorriso frustrado no rosto olhou para ele e disse:

- Não temos uma história de amor - falou, se apercebendo do quão amarga a sua voz soava.

Mariano dirigiu-lhe um olhar de compaixão. 

- Ainda - falou ele, com a voz motivadora - Omar sempre foi muito lento, desde que eramos crianças.

Sabrina não sabia se isso devia anima-la ou deixa-la ainda mais deprimida, não queria ficar uma eternidade esperando que ele se apercebesse - era confuso, ela queria esquece-lo deixar para trás o que sentia ou o que imaginava mas ao mesmo tempo ela se perguntava, e se...? Eram esses e, se...? que faziam a sua cabeça andar as voltas como se ela fosse uma louca, sempre dizendo que queria esquece-lo mas voltando a pensar nele daquela maneira na primeira vez que o seu nome fosse mencionado, era um sentimento paradoxal, complicado e sem dúvida
irritante.

Ela tirou a tigela das pipocas da mão de Mariano.

- Credo! Só sobraram bagos - ralhou com ele quando viu a tigela.

- Eu tinha fome - falou ele fazendo movimentos circulares por cima da barriga - nunca te disseram
que as visitas se recebem com comida?

Sabrina revirou os olhos e rebateu:

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