O vulgar, o vazio e o Rui

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Dois dias depois...

Omar ainda se lembrava do incidente de Maria, a janela e a sua mãe - era interessante
como isso soava muito com o título de um livro - e sim, ele ainda sorria quando se lembrava daquilo, mas, como ele poderia não rir? Foi engraçado pra caramba. Ele não estava rindo dela - isso nunca - estava rindo da situação em geral, dele lhe empurrando pela janela, ela saltando com as roupas no avesso e a sua mãe entrando no quarto.

Mais tarde naquele dia quando Rui chegou a casa ele contou-lhe tudo que tinha acontecido e tinha feito um pedido bem claro a Rui.

- Por favor, nunca mais a deixes entrar assim aqui - Foi o que ele pediu e Rui assentiu.

Tinha mandado mensagens a Maria pedindo desculpas pelo incidente mas ainda não tinha
ouvido nenhuma resposta da parte dela - ela ainda devia estar chateada - sem razão, na opinião de Omar, ela que tinha aparecido em um dia inoportuno sem que lhe dissessem para aparecer - e tinha sofrido as consequências da sua imprudência, só isso.

Quanto a situação da Sabrina, bom, eles estavam bem - a medida do que bem podia ser - as coisas tinham voltado quase ao que eram antes, eles se viam, conversavam, riam e brincavam - não na mesma medida, agora era tudo mais moderado, como se tomassem precauções para não magoarem um ao outro - estava correndo bem, o bem mais triste que alguma vez ele tinha se visto em.

Soltou um resfolegar fantasioso.

- Não me digas que ainda estás a pensar na Maria?

Ele fez uma cara como se aquilo fosse completamente descabido.

- Na Maria? - perguntou, dando voz a sua expressão facial - obviamente, não.

A cara de Rui ficou séria de repente, dessa vez como se quisesse ralha-lo.

- Ela parece perdidamente apaixonada por ti - comentou Rui desligando o telefone.

- Nós somos apenas amigos - falou Omar com indiferença na voz - amigos com benefícios -
acrescentou.

- Eu não quero dar uma de moralista...

- Nem deverias - interrompeu Omar.

- Mas você acha mesmo que ela se arriscaria tanto apenas por sexo?

Ele ficou pensativo por muito pouco tempo. Era Maria, não havia muito no que pensar, a resposta

era sim!

- Eu acho - respondeu veemente - ela é bem ninfomaníaca.

- Ela é ninfomaníaca por você - rebateu Rui - nenhuma mulher, por mais oferecida que seja faria o que ela fez.

Bom, para Omar, Maria era assim mesmo, uma pessoa sem noção da realidade, talvez,
alguém que gostasse de viver ao limite como se fosse um personagem em alguma série e não pudesse morrer ou se ferir.

- Ela é que sugeriu sermos amigos coloridos - retrucou, achando o termo "colorido" engraçado.

- Isso, quando? - perguntou ele, Omar parecia não saber a resposta, por isso Rui continuou - depois de terem terminado?

Ela tinha sugerido isso quando ele tinha ido a casa dela. E agora que revia esse momento na sua cabeça, talvez Rui pudesse ter razão, de primeira, ela não fechou a porta com força, na
verdade fechou tão devagar que teve tempo de meter o pé se sentir dor, e ela não tentou meter ele para fora - pelo menos, não o empurrou para fora - e a sugestão tinha vindo minutos depois dele ter-lhe dito que não podia mais estar juntos e que não eram um do outro.

Omar não sabia se Maria tinha outros parceiros sexuais - e esperava que ela não tivesse - e
caso ela não tivesse, isso explicaria a sua disponibilidade para ele - que era quase sempre - ele sabia que os pais dela eram separados e que ela vivia com a mãe que é agente da policia, logo, ela tinha a casa só para ela em diversas noites.

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