tudo tem o seu fim

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                                                                                                    26

Omar

Omar

Omar

Omar

Omar

Depois de tanto tempo aquele nome ainda ecoava na cabeça dela como o coro de uma música pop.

A noite passada tinha sido fria, John saiu do apartamento para dormir em um hotel porque precisava de pensar. Sabrina nunca quis que esse fosse o desenrolar dela e John, porque, ela realmente achava que era com ele que ela devia ficar.

Era estranho como aqueles sentimentos da adolescência tinham lhe seguido até a vida adulta, a verdade era que ela e Omar era algo que ela quis por muito tempo e nunca conseguiu ter por completo.

Ela sempre se importou com ele e ficou destroçada quando ele se mostrou se importar tão pouco com ela, como se aquele momento que por muito tempo ela tinha guardado em um lugar especial de sua memória, tivesse sido nada, tivesse sido apenas aquilo, um momento.

Ela levantou-se da cama.

Aquela estava a ser uma manhã muito conflituosa e ela nem estava a meio.

Durante o banho, ficou parada debaixo do chuveiro olhando para o vazio como se estivesse se perdendo nele, ela não queria explorar o que sentia por Omar, porque ela sabia que quanto mais se aprofundasse naquele desejo, naquela vontade de tê-lo, mais ela iria se perder, mais triste iria ficar, mais confusa, enfim, o ponto era que pela sua sobrevivência, ela tinha que encerrar o capítulo de Omar.

****

Chegou a empresa, tinha procurado pelo carro de John pelo estacionamento mas não achou.

Ela tinha feito a sua cabeça, ela ia pedir desculpas a John e tudo voltaria ao normal, não haviam motivos para ela estragar algo tão bonito por algo que ela nem mesmo sabia se existia de verdade.

Ouviu o som de um carro chegar - olhou para trás e era o carro de John.

Ela acenou - como uma menina de liceu e ele pareceu não ter notado.

Estaria ele tão chateado assim? Ao ponto de ignora-la de propósito?

Ela aproximou-se do carro dela, dando passos apressados.

Chegou perto dele que estava a desligar o carro e prestes a tirar a chave.

- Senti a tua falta na noite passada - falou, com a voz baixa.

- Era necessário passares a noite sozinha - respondeu ele sem tirar os óculos escuros do rosto - Já te decidiste?

- Não há uma decisão a fazer - respondeu ela apressada, com um pouco de desespero na voz - tu sabes que o que temos é bom.

- Sim, é - concordou - mas, será perfeito? - perguntou.

Ela ficou confusa.

- Qual é o teu romance favorito?

Ela piscou algumas vezes e abria os lábios lentamente sem saber qual era o ponto da conversa.

- Romancing Mister Bridgerton, por quê? - pergunto, atenta a cada movimento do rosto dele.

Ele franziu a testa e curvou os lábios em um sorriso de desapontamento.

- Nesse livro o casal fica junto depois de anos de serem amigos e gostarem um do outro em segredo? Certo?

Ela sentia suas pernas tremelicarem.

- É. Quase isso - respondeu incerta.

      Ela não via o ponto, não era como se Sabrina estivesse enamorada por Omar desde o momento que o via até os dias atuais, ela gostou dele? Sim, mas houve intervalos entre o surgir e esmorecer dos seus sentimentos - algo que dizia a si mesma para se proteger - ela podia ser uma amante de grandes histórias de amor, mas, também sabia que nem todas as histórias de amor tinham um final feliz e nem todas fantasias deviam ser realizadas.

Ele desceu do carro.

- Eu acho melhor darmos um tempo - disse ele parando em frente a ela.

- Um tempo? - ecoou ela com a irritação ficando mais explicita no rosto - Eu já disse que eu não tenho nada com o Omar e ele nem gosta de mim!

John era um sujeito calmo, ele pouco ou nunca se alterava, tinha um controlo pleno dos seus sentimentos.

Ele cerrou os olhos e balançava a cabeça lentamente para os lados.

- E se ele gostasse? - murmurou.

Sabrina parou por um instante, sem ter certeza do que ele tinha perguntado.

- O quê?

- E SE ELE GOSTASSE DE VOCÊ?!

Ela engoliu em seco, dando um passo atrás.

Ela nunca tinha visto John se irritar, por isso, aquilo era estranho para ela, ainda mais no estacionamento do serviço.

- John... - chamou por ele tentando esticar a mão até ele.

Ele agarrou a mão dela antes que ela tocasse o seu rosto.

- Não, Sabrina - respondeu convicto - tu não gostas de mim.

- Eu gosto de ti - protestou ela.

Ele soltou uma risada de escárnio.

- Tu não gostas de mim, nós somos amigos. Você me trata como um amigo! - disse ele movendo as mãos de forma nervosa - nós nunca ficamos juntos, você nunca disse que me ama, passamos o dia a falar sobre as tuas amigas ou sobre um programa de TV aleatório mas nunca sobre nós. A única razão pela qual vivemos juntos é porque você tem medo de estar sozinha, de ser ultrapassada. De ser a solitária enquanto todos estão felizes!

 Os olhos dela estava arregalados com lágrimas surgindo deles, nunca antes alguém tinha lhe dito tantas coisas e com tanta frustração e raiva, ela sentia as palavras dele queimando a sua pele, ecoando na sua cabeça.

Ele virou-se para trás, segurando o rosto com as mãos e apoiando-se nos vidros do carro.

Ela queria muito responder, seus punhos estavam cerrado guardando a dor que ela sentia, aguentava firme para não chorar a frente dele.

Ele recompôs-se e segurou-a pela mão.

Ela estava quieta como uma boneca de porcelana, apenas parada sem mover um músculo ou piscar os olhos.

- Sabrina... eu... - os olhos dele brilhavam reluzindo a dor neles - me desculpa.

Ele olhou para ele, ele estava certo, eles não deviam estar juntos.

- Eu não sou uma rapariga carente, emocionalmente dependente e obcecada que você me pinta por ser - respondeu coma voz baixa e certeira - eu gostava de ti, John, eu achava que eras relaxado e que em 3 meses de namoro não me irias pressionar a nada...

- Sabrina, eu juro que...

- Eu ainda estou a falar! - rebateu ela com os olhos intensos - é melhor ficarmos por aqui, as tuas coisas estarão a tua espera na porta - concluiu.

Ainda magoada por dentro, ainda processando os seus sentimentos, ainda miserável e triste, mas por fora parecendo perfeita, calma, serena e uma assassina, ela andou para longe dele, deixando-o praguejando no estacionamento. 

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