Quarta-feira, 5:50 da manhã. O despertador do celular toca e Chris o desliga, virando o corpo para o outro lado da cama e permanecendo com os olhos fechados por mais alguns segundos. Com coragem, ela finalmente abre seus olhos cor de mel e analisa o lado esquerdo da cama. O lençol intocado, o travesseiro posicionado no mesmo lugar que ela o havia deixado na manhã anterior, quando arrumou a cama. Fazia sete meses que seu namorado Jax estava em uma missão no Afeganistão. E quatro dias que ela não conseguia contato com ele. Chris e Jax estavam juntos há quase sete anos. Eles se conheceram em um bar através de alguns amigos em comum. Na época Chris tinha acabado de entrar para o K9 da Polícia de Los Angeles, após 4 anos trabalhando na patrulha da cidade. Ela estava terminando a sua graduação em Psicologia na Universidade da Califórnia (UCLA) e estava animada com os seus planos que estavam dando certo: pegar seu diploma de psicóloga, guardá-lo em uma caixa e seguir na carreira policial. Ter entrado na Academia aos 18 anos era apenas o início. Ficar alguns anos no K9 se especializando e seguir para a SWAT era o sonho almejado. Jax, fuzileiro naval, estava de férias e havia marcado o bar com os amigos para comemorar seu aniversário de 24 anos, alguns dias atrasado pois ele ainda estava no exterior. Chris não se lembra muito bem qual das suas amigas tinha um colega que era conhecido de um amigo de Jax, mas ela se lembra muito bem do que pensou quando o viu pela primeira vez: alto, loiro, olhos azuis. Musculoso e militar. Com um sorriso impecável e com um rosto perfeito. Ela sempre foi sagaz e logo viu que ele seria um problema. O problema é que a Chris ama um problema. E mesmo sempre desconfiando de homens bonitos, ela deu uma chance ao Jax para conversarem e posteriormente marcarem um encontro. A história de amor deles é a preferida de Chris. Os primeiros quatro anos foram perfeitos, regados de companheirismo, viagens, festivais, amizade e parceria. Mas os últimos três a faz repensar se eles ainda deveriam estar juntos.
- Ok, eu vou levantar - Chris fala para si mesma. E também para seu cachorro, Cookie, um vira-lata caramelo que ela adotou há alguns anos, que dorme com ela na cama quase todas as noites. Todo dia ao levantar Chris tenta pensar na nova chance que ela tem de ter um dia bom. Porém, tem alguns dias, que se tornaram mais raros com o passar dos anos, que um ar pesado vem sobre ela e ela já consegue sentir que será um dia mais difícil de ver as horas passarem. Sem saber o porquê, Chris pressente que esse será um desses dias.
Ela vai direto para o banheiro, lava seu rosto, escova os dentes e coloca a sua roupa de corrida. Come uma porção de fruta com aveia e mel que ela já havia deixado separado no domingo, quando prepara toda a comida da semana, pega seu fone de ouvido, celular, chaves e parte para a rua. Hoje seriam apenas 6 quilômetros, um treino leve e regenerativo. Após impecáveis marcações de 5 minutos por quilômetro, variando apenas 5 segundos para mais ou para menos, Chris retorna para casa, toma seu banho, passa uma maquiagem de leve e segue para a sede da SWAT em seu Jeep Wrangler cinza. O look do dia não fugiu muito do seu estilo casual: jeans, bota de cano curto com um pequeno salto e alguma parte de cima que varia conforme a estação. Como estavam no outono, o top escolhido foi um suéter de ombro caído creme. Seu gostos são dúbios: sua cor favorita é vermelho, ama música eletrônica e ir em festivais, é defensora e ativista de cachorros abandonados e pratica muay thay desde os 15 anos. Gosta de assistir dorama e ler livros de romances, desde Taylor Jenkins Reid até Jane Austen. Aprendeu a tocar piano aos 5 anos, com sua mãe. "Gosto de manter minha mente aberta a várias possibilidades", é o que ela diz quando seu irmão mais velho Tyler questiona seus gostos. "E quanto à possibilidade de arrumar um emprego comum e sair da polícia?" É o que ele questiona em seguida, sempre que tem a abertura. Tyler nunca escondeu sua opinião contrária sobre Chris ser policial. Mas apesar de sempre respeitar o irmão e de terem um relacionamento bacana, esse é um assunto que, para Chris, é uma ofensa Tyler questionar.
O dia é tranquilo, com algumas investigações paralelas, trabalho burocrático, reunião com o Comandante Hicks, treino na academia da sede e brincadeiras entre os membros do seu time. Seu superior, Buck Spivey, 20-David, é um sargento de meia idade, de voz calma e sempre com um ar paternal. Em seguida tem o sargento David Kay, ou Deacon. Deac foi um dos primeiros com quem Chris desenvolveu uma amizade. Ela vê muito de Tyler nele e por isso sempre se sentiu à vontade com ele para conversar, trocar ideias e conselhos. Mesmo Deac sendo cristão e Chris estando afastada da igreja desde a adolescência, ele sempre teve respeito pelas suas escolhas e carinho por ela, como por uma irmã mais nova, que ele nunca teve. Logo após o Deac tem o Daniel Harelson, ou Hondo, 22-David. Hondo sempre foi mais reservado, o que trazia um certo ar de mistério e curiosidade para Chris. Não que fosse o seu tipo, mas assim que entrou na SWAT, dentre os diversos policiais que trabalham ali, Hondo foi o que chamou a atenção de Chris pela beleza. Em seguida vinha o Luca, 23-David. Oficialmente o melhor amigo de Chris. Os dois vivem se zoando, trocando memes e figurinhas e possuem uma comunicação que, para o restante do time, é difícil de acompanhar. Luca é 12 anos mais velho que Chris, mas parece um jovem de 18 anos que acabou de entrar na faculdade. Brincalhão e zoeiro, mas com um coração enorme e muito generoso e gentil. Chris é a 24-David. Se apossou do posto de melhor sniper da SWAT e orgulhosamente o mantém a 3 anos seguidos, desde que entrou para o time, junto com suas habilidades não tão habilidosas em eletrônica e direção. Por fim tem o Victor Tan, 25-David. Tan é filho de imigrantes chineses, expert em eletrônica e faz sempre questão de lembrar a Chris sobre isso, mas de uma maneira competitiva e engraçada. Chris o treinou quando ele entrou para a SWAT, há um ano atrás, e por essa aproximação, acabaram se tornando amigos também.
O turno está quase chegando ao fim quando um alerta é emitido devido a moradores que ouviram tiros na parte sul da cidade. A unidade 20-David atende ao chamado e vai até o local. Deacon fica com Chris e Tan enquanto Buck fica com Hondo e Luca e os dois grupos correm para lados opostos para perseguirem os assaltantes que estavam saqueando negócios locais. De repente tudo o que Chris escuta em seu rádio, enquanto aponta sua arma para um dos fugitivos enquanto Tan o algema, é Hondo informando ao time sobre uma vítima que foi baleada por um oficial. Quando chega no local do incidente, Buck está pálido, mudo e com um olhar de tristeza que Chris nunca havia visto nele, que sempre foi tão alegre e sereno. Luca então coloca Chris, Tan e Deacon a par de tudo o que aconteceu, enquanto Hondo fala com o Comandante Hicks por telefone e os paramédicos fazem o atendimento. Não foi preciso esperar Luca terminar de falar para Chris já entender tudo. A bala que atingiu a vítima veio da arma de Buck. Buck, o chefe do 20-David. Buck, o sargento condecorado. Buck, que escolheu a dedo o currículo da Chris para fazer parte de seu time. Buck, o seu mentor, líder, colega, amigo, que Chris tanto via de seu pai nele. O Buck cometeu um erro imperdoável para a SWAT. E isso não iria terminar bem. É. A Chris sabia que aquele dia não ia ser bom.
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SWAT - A história de Christina Alonso
FanfictionDepois de um evento terrível acontecer na vida de Chris aos seus 12 anos de idade, ela precisa reunir todas as suas forças para recomeçar e viver uma vida digna de ser vivida. Conheça Christina Alonso Langley, uma jovem de 29 anos, filha de imigrant...