- Bom, eu acho que... Eu acho que preciso ir pra casa... - Chris pigarreia e finalmente quebra o silêncio que ficou entre os dois. Street abaixa o olhar, um pouco decepcionado.
- Eu te levo.
- Não, você bebeu... Eu peço um Uber. - Chris se levanta da banqueta com uma certa dificuldade, se apoiando na bancada com uma mão e pegando o celular com a outra.
- Eu não bebi. - Street a corta e Chris o encara surpresa. Ela realmente não tinha percebido que ele não bebeu uma gota de álcool sequer durante todo o tempo que ficou desabando mais uma de suas tragédias sobre os ombros dele.
- Ah... Eu não percebi. - Ela balança a cabeça, tentando acordar sua mente. - Eu vim com o meu carro...
- Tudo bem. Eu te levo nele e volto para cá depois para buscar minha moto. - Street também se levanta e segura o antebraço de Chris, de forma não muito bruta para não ficar à mostra que Chris está precisando de apoio para sair do bar.
Chris ficou o caminho todo até sua casa observando a cidade passar pela janela do carro. Não sabia sentir nada além de vergonha. "Talvez eu tenha me aberto demais, me deixado vulnerável demais".
- Chegamos. - Street avisa, não muito animado, mas também não de uma maneira melancólica. Chris se desperta de seus pensamentos e se vira para ele.
- Obrigada... - Ela abre um sorriso tímido, ainda envergonhada. - E desculpa por você precisar me trazer até aqui... E por ouvir aquilo tudo... - Ela abaixa a sua cabeça, levando sua mão à testa.
- Chris... Não. - Street solta o cinto de segurança e vira seu corpo para ela, que logo levanta sua cabeça para olhar a movimentação dele. - Não tem o que agradecer. - Ele analisa o olhar dela. - E nem se envergonhar. Eu praticamente te obriguei a me contar... - Street dá uma leve risada. - Inclusive desculpas por isso... Você deveria se abrir porque queria se abrir, e não porque eu te forcei a isso.
- Acho que é a primeira pessoa que me fala isso... - Chris ri, abaixando a cabeça.
- Eu também não gosto muito... De falar, sabe... Meus pais... - Street suspira. - Mas... Às vezes é bom... Acho que ajuda. Não sei, você é a psicóloga! Você que deveria saber disso! - Ele ri.
- Não... Nem de perto sou uma! - E então Chris ri também e ela logo se sente mais à vontade, esquecendo do desconforto que sentia há poucos segundos. Chris olha para Street com carinho. E então vai abaixando seu olhar, analisando seu rosto, chegando até sua boca, e suas covinhas. E então ela se relembra do encontro que agendou para ele mais cedo.
- Bom... Obrigada mais uma vez! - Ela solta o cinto de segurança e abre a porta, saindo do carro. Street também se retira e vai até ela.
- Boa noite. - Ele entrega a chave do carro para ela.
- Boa noite, Jimmy! - Chris pega a chave e entra em seu prédio.
Depois de um longo banho quente, Chris vai até sua cozinha preparar um chá para conseguir dispersar o álcool do organismo. Enquanto espera a água ferver, um sentimento de dúvida começa a brotar na mente de Chris. A fala de Street no bar. A maneira como a defendeu, mais uma vez, de Jax. O modo como a ouviu, a olhou, a guiou para fora do bar, com sua mão forte segurando gentilmente seu braço. Chris sai da cozinha e vai até a sala. Ela se senta no sofá, apoiando os cotovelos nos joelhos e sua cabeça entre as mãos, de modo a fechar os olhos. De início sua cabeça lateja, e a escuridão dos olhos fechados a deixa zonza. Mas logo o sorriso de Street vem em sua mente e então Chris dá um salto quando ouve o barulho da chaleira apitar.
- Demorou, hein, cara? - Luca cumprimenta Street assim que ele entra em casa.
- Hã? - Street desperta dos próprios pensamentos e repara na sala cheia. Além de Luca, Tan, Hondo e Deacon estavam em sua casa. - O que vocês estão fazendo aqui?
- Ihhh... - Tan logo zomba o amigo.
- Marcamos de assistir a luta aqui, lembra? - Deacon avisa.
- Chris também furou! Mandei mensagem para ela confirmando mas ela nem respondeu! Estava com ela? - Luca pergunta.
- Hã? - Street tenta se recompor. - Não sei, não a vi... Você não falou com ela no QG?
- Ela saiu tão rápido que ninguém a viu! - Hondo avisa sem tirar os olhos da televisão.
- Ei, tá tudo bem? Parece que viu um fantasma! - Tan pergunta.
- Tudo certo! Eu só estou cansado! E tinha me esquecido que íamos assistir a luta hoje. - Street tenta disfarçar. Ele pega uma cerveja na geladeira, se senta no sofá ao lado dos amigos e dá um longo gole. Sua boca estava tão seca que parecia que ansiava por uma gota de álcool desde o momento que se sentou no bar ao lado de Chris.
Quando a luta já havia acabado, Hondo, Deacon e Luca estavam conversando na cozinha e Street estava sentado no sofá, com a garrafa de cerveja vazia na mão e olhando para o nada, pensativo.
- Tá tudo bem, cara? - Tan pergunta ao sair do banheiro, se sentando ao lado dele.
Street respira fundo e pensa em disfarçar, iniciando um outro assunto ou fingindo estar apenas cansado. Mas como estava em uma dúvida que agonizava sua mente, decidiu tentar conversar com Tan: - Se eu te pedir conselho numa parada você promete que vai ficar só entre nós e que não vai zoar com a minha cara?
De imediato Tan pensa em dar uma resposta já zoando com a cara de Street mas ele repara que o amigo está falando sério e então ele se esforça para manter a seriedade também: - Ok. Eu prometo.
Street respira fundo, em dúvida se estava fazendo o certo ou não em pedir um conselho a Tan: - Se você estivesse conhecendo uma garota e ela... Te olhasse de modo diferente... Se abrisse com você, contasse coisas pessoais da vida dela pra você... E... Vocês passam bons momentos juntos, a conversa é boa, vocês se divertem... Mas... Ela não te dá abertura. Sabe? Pra algo além de amizade... E ela também diz que você não é o tipo dela... O que isso significa?
- Puts...
- O quê? - Street se vira curioso para Tan.
- Ela não tá tão afim de você...
- Como você sabe?
- Você mesmo falou, ela disse que você não é o tipo dela. E que ela também não te dá abertura.
- Mas será que isso não é por causa do jeito dela?
- Que jeito?
- Sei lá... - Street pensa cuidadosamente sobre quais palavras escolher para não deixar transparecer que é sobre a Chris que eles estão falando. - Mais reservada.
- Tipo a Chris?
Street engole a saliva e quase engasga. - Como assim?
- Ah, a Chris é meio na dela, né... Ela não dá muita intimidade para quem ela não conhece. Até fiquei surpreso por vocês terem se aproximado! Achei que ela nunca fosse criar uma amizade com você... - Tan responde sem dar muita bola, pegando o celular no bolso.
- Por que não? - Street pergunta curioso e surpreso.
- Cara, você dava em cima dela e ela namorando... Meio sem noção, né? - Tan responde rindo.
- Ah... Eu não sabia que ela namorava na época... E isso já tem tempo, não sou mais assim...
Tan não continua a conversa e fica digitando uma mensagem no celular.
- Cara? Vai me ajudar? - Street pergunta irritado.
- Foi mal! - Tan ajeita a postura. - Olha, de qualquer modo, se ela não está tão a fim de você, relaxa! Mês que vem a gente vai para Las Vegas e lá você conhece alguém e esquece ela!
- Vocês vão para Las Vegas? - Hondo se intromete na conversa e pergunta.
- Mentira! Você conseguiu o ingresso para o UFC? - Luca pergunta animado.
- Bonnie acabou de me mandar mensagem! Agora é só comprar as passagens!
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SWAT - A história de Christina Alonso
Hayran KurguDepois de um evento terrível acontecer na vida de Chris aos seus 12 anos de idade, ela precisa reunir todas as suas forças para recomeçar e viver uma vida digna de ser vivida. Conheça Christina Alonso Langley, uma jovem de 29 anos, filha de imigrant...