Caminhando até você

Mais um dia na vida

Kerkkrai estava sentado de frente para a varanda em sua cadeira de rodas. Alguns meses haviam se passado e de fato Kongpob havia cuidado dele e equipado a casa com a ajuda de sua irmã para seu conforto. Ele ainda não podia falar e pelo visto seria uma condição permanente em sua vida, mas pelo menos agora ele via a vida com outros olhos. Todos os dias Coração chegava em casa e praticamente escalava sua cadeira para mostrar alguma lição nova da escola. Ele se arrependia muito pelo mal que causara aos olhos daquela criança doce, mas as pessoas que mais lhe pesava ali dentro era o casal. Kongpob como disse realmente não guardava nenhuma mágoa e o velho conseguia ver a satisfação nos olhos do filho em cuidar de si já Arthit foi mais difícil... Um coração bom endurecido pela dor...

Ele saiu de seus pensamentos quando viu a figura de Arthit sentar ao seu lado jogado no chão de forma descontraída. Uma coisa que ele agradeceu e que foi ideia do mesmo era que todos deveriam aprender a língua de sinais para se comunicar com ele, apesar de ainda ouvir ele precisava conversar também e Arthit achou justo que a família aprendesse e todos o apoiaram na ideia sendo assim eles trocavam algumas conversas:

- Hoje o dia está quente certo Kerkkrai!

Um aceno de cabeça foi o que teve como resposta. Dito isso Arthit lhe entregou um copo de chá gelado e continuou seu monólogo:

- Sabe se alguns anos atrás me dissessem que eu estaria cuidando do senhor eu expulsaria essa pessoa da minha casa por tamanha blasfêmia... _ ele encarou os olhos de Kerkkrai sem desviar e completamente sério o velho também não recuou sabia que aquilo era... Necessário _ todo o sofrimento e toda a dor que passamos eu não fui capaz de esquecer completamente, mas eu vejo Kong e Coração cuidarem do senhor de uma maneira tão bonita praticamente esfregando na minha cara o significado da palavra perdão. E todo mundo tem se esforçado muito pra te incluir em nossas vidas como sempre foi pra ser se tivesse aceitado desde o início... As pessoas te amam e eu não posso mudar o pensamento delas... Estaria eu tão errado de continuar guardando isso em mim?

Kerkkrai fez menção de mexer a cabeça negativamente pronto pra contrariar, mas foi interrompido por um aceno de mão de Arthit que disse:

- Eu ainda não terminei. Não seria errado Kerkkrai te devolver tudo em dobro... Todo o mal que nos fez..., mas seria errado apagar o sorriso no rosto de Kong toda vez que vamos dormir... Seria errado arrancar a companhia de Coração do senhor agora que ela se acostumou e até gosta de estar com você... Será errado apagar o esforço da nossa família pra te apoiar... Eu não consigo ser mesquinho a esse ponto...

Kerkkrai tinha uma expressão abatida nos olhos e queria chorar aquela criança estava dando a ele uma carga ainda mais pesada do que podia carregar então com as mãos trêmulas começou a sinalizar:

" Me arrependo de cada coisa que fiz que feriu vocês.... Eu estava tão cego pelo meu ódio que não queria que os meus filhos passassem pelo mesmo e não percebi que só estava sendo ainda mais cruel..."

- Eu sei... É por isso que eu te perdôo papa... _ o mais velho arregalou os olhos com tais palavras _ eu já havia perdoado, mas achei que o senhor precisava que lhe dissesse isso. O senhor foi alguém que machucaram e cego por isso acabou ferindo sua família, mas está tudo bem... Estamos aqui... Pode ser feliz de novo...

Num ato que jamais poderia imaginar Kerkkrai viu Arthit lhe dar o abraço mais caloroso que sentiu na vida e soube então que o menino falava a verdade. As lágrimas rolaram livres e ele abraçou o jovem de volta.

Da porta Kongpob e Coração assistiam a tudo emocionados. Eles pensavam que seria mais difícil para Arthit aquele convívio com seu malfeitor, mas quem diria que o nosso nobre rapaz era realmente tão nobre. Ambos seguiram até a varanda e se juntaram ao abraço. Kongpob não cabia em si de tanta felicidade. Ele tinha uma família. Uma grande família linda e feliz! Do jeito que sempre sonhou, do jeito que sempre contou pra sua mãe... Apenas algumas coisas faltavam agora, mas não ia se preocupar com elas naquela noite,pois estava em um jantar com seu irmão e cunhado. Estavam todos a mesa comendo a tão famosa comida da culinária da Sr. Rojnapat já que era uma comemoração.

Kerkkrai depois da refeição chamou Pick e Rome pra conversarem. Os três seguiram pra sala e o mais velho começou de forma devagar para que o casal entendesse:

" Eu sei que palavras nem nada do que eu fizer agora adianta pela dor que causei a vocês, mas hoje me mostraram que eu ainda tenho salvação..."

- Deixa eu adivinhar Arthit conversou com você não foi? _ Pick questionou já sabendo a resposta. Ele quem o incentivou a fazer isso sabendo que a melhor maneira de Kerkkrai entender as coisas era uma conversa direta e clara. Logicamente ele também já estava preparado pra quando viesse o dia da sua conversa.

" Aquela criança realmente tem um dom de reunir a todos... Criar um vínculo... Rome eu peço seu perdão por todas as coisas odiosas que já disse sobre você ... Todas eram mentiras eu mandei te rastrear eu conheci sua família, seu esforço, seu trabalho... Tudo... Eu achei que estava protegendo meu filho..."

- O senhor sabia?

Um aceno de cabeça afirmativo foi sua resposta:

- Olha por mim Rome estou disposto a passar uma borracha em tudo e começarmos do zero!

"E quanto a você Xichen?"

- Arthit faz mesmo milagres nunca vi o senhor rir tanto... Eu vou dar um voto de confiança pai... Não quebre novamente.

Ambos abraçaram o homem na cadeira de rodas e seguiram para voltar pra suas casas. Aquela noite foi especial para Kerkkrai ele estava realmente feliz.

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É isso pessoal mais um capítulo só pra finalizar e bem eu não sei o desfecho que vocês esperavam para Kerkkrai, mas conhecendo nossos personagens esse seria o final ideal e eu queria manter a essência deles aqui apesar de ser um A.U.

Desde já agradeço quem acompanhou até aqui!!

Bye!!