CAPÍTULO 2

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Sirius respirava com dificuldade pelo nariz enquanto o mundo mudava, as cores começavam a se distorcer, mudando, assumindo uma forma diferente. A neve sob seus pés era mármore branco; o garoto aranha de cabelos pretos ficava mais alto, mais feminino — uma mulher. Sua mãe. Walburga.

Um livro estava sobre seu colo. Havia fotos, xilogravuras de trouxas se contorcendo de dor, espumando pela boca, enquanto os bruxos e bruxas ao redor deles bebiam em taças. Braços pendiam de galhos de árvores, balançando na brisa. Sangue pingava de cabeças decepadas. "Comece do topo", Walburga ordenou, e Sirius leu o latim rabiscado em páginas de pergaminho com tinta feita de sangue humano.

“ Tibi, magnum Innominandum, signo stellarum nigrarum e bufoniformis Sadoquae sigillum. "

Sirius reagiu sem pensar; o latim, o livro, o cabelo preto e o sorriso torto haviam desencadeado algum medo primitivo e animalesco dentro dele. Ele se lançou para frente, suas mãos envolvendo a garganta branca como leite, mal percebendo o grito que foi subitamente silenciado ou a forma como o corpo macio abaixo dele desabou no chão. Ele queria que as palavras parassem, que a voz ficasse em silêncio. Ele queria–

Sirius voltou a si enquanto a dor se registrava através da névoa vermelho-sangue. Ele pulou para longe de Snape, as palmas das mãos chiando enquanto as primeiras camadas de pele borbulhavam e queimavam. Snape conseguiu rolar sobre as mãos e joelhos, tossindo e tossindo, enquanto ele meio rastejava, meio tropeçava para longe dele.

“Porra, porra, porra,” Sirius sibilou e enfiou as mãos sob as axilas como se isso ajudasse a parar a queimação. “Que porra você fez comigo!?”

“Vinculando,” Severus disse asperamente, esfregando o pescoço. Ele caiu de volta no chão, e mesmo estando fraco e ferido, havia um sorriso louco em seu rosto enquanto ele nivelava aqueles olhos escuros em Sirius. “Você não pode me machucar... Estou fora dos limites... Parte das regras...” Ele teve outro ataque de tosse.

Sirius, com medo e relutante, tirou as mãos de onde as havia escondido e olhou para baixo. As queimaduras não estavam tão ruins quanto ele havia acreditado inicialmente; elas formariam bolhas e não lhe causariam nenhuma agonia pelos próximos dias, mas elas iriam sarar. Ele não tinha tanta certeza de que isso ainda seria o caso se ele não as tivesse soltado, no entanto. "Que regras?" Ele gritou enquanto Snape recuperava o fôlego.

“A Dívida de Morte que você tem. Quer você saiba ou não, você prometeu uma alma à Morte quando tentou me matar. Você falhou, então agora eu posso escolher o substituto, ou então será sua alma que será ceifada.” Seu sorriso cresceu mais, exibindo aqueles dentes tortos.

“E daí, se eu não matar quem você disser, serei queimado vivo?” Ele levantou as mãos para mostrar as queimaduras a Snape.

“Às vezes isso acontece, ou um acidente acontece com você, ou seu coração simplesmente para por causa de uma condição desconhecida. O livro diz que uma mulher foi atingida por um meteorito. Acho que é diferente a cada vez; mas o ponto é, você vai morrer se se recusar a tirar outra vida, e não pode ser a minha.” Snape rastejou até onde ele tinha deixado o livro cair e Sirius deixou suas mãos caírem. Ele pegou punhados de neve, agarrando-se a ela, pensando, certamente o calor das queimaduras irá derretê-la em segundos. “Você já tentou me matar e falhou,” Snape continuou enquanto sacudia a neve de seu livro. “Você costumava brincar de esconde-esconde? É um pouco assim. Você não me pegou, e agora eu alcancei 'Segurança'. Você vai ter que tentar novamente com outra pessoa.”

“Eu sempre soube que você era uma aberração maligna,” Sirius cuspiu nele.

“Você tentou me matar!” Snape retrucou. “Duas vezes agora! Nunca pense que é melhor do que eu, porque você não é! Você é tão vil e nojento quanto o resto da sua família!”

A dívida da morte  ( TRADUÇÃO )Onde histórias criam vida. Descubra agora