CAPÍTULO 3

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"Merlin, eu me pergunto o que Snivellus disse para merecer isso, ” James riu quando viu os hematomas escuros envoltos no pescoço do sonserino quando ele finalmente apareceu no Salão Principal alguns dias depois. Snape não se incomodou em tentar escondê-los; parecia ser uma questão de orgulho, um distintivo de honra, para ele. Uma vez, Sirius pensou ter pego o sujeito seboso pressionando o dedo em um dos hematomas lívidos. Sirius empurrou sua comida pelo prato, suas mãos encharcadas na pomada rosa de Pomfrey e escondidas por luvas. Ninguém questionou sua escolha de vestuário; graças a Merlin, era inverno. James olhou para ele e sorriu. “Essa é uma maneira de calá-lo.”

Um olhar de desgosto cruzou o rosto de Moony por um breve segundo, mas foi rapidamente passado para longe. Ele virou a cabeça de James e Sirius e começou a questionar Peter sobre seu último teste enquanto ele comia suas ervilhas.

Sirius suspirou. Era agora ou nunca. “Prongs, preciso te contar uma coisa.”

“O que foi?”, perguntou James com a boca cheia de batatas.

“Não irei para casa com você neste Natal.”

James engoliu as batatas em um único e grande gole e exigiu: “O quê? Por que não?”

“Tenho que voltar para Grimmauld este ano. A mãe insistiu.”

James trocou um olhar preocupado com Peter e Remus. “O que está acontecendo? Tem alguma coisa errada? Ela nunca se importou para onde você foi antes, desde que não fosse para a casa de um nascido trouxa.”

Sirius sabia o que eles estavam pensando; o apoio de sua mãe ao Lorde das Trevas não era exatamente um segredo. Ninguém ousaria acusá-la de nada, não sem provas, mas todos sabiam. Essa insistência repentina para que ele voltasse para casa deixou seus amigos nervosos. Ela iria apresentá-lo ao seu círculo social, como ela gostava de chamar? Era esperado que ele fosse a uma reunião? Ele estaria lá? Todos eles tinham ouvido sussurros, rumores — nada concreto, nada que lançasse sequer uma sombra sobre esses "Comensais da Morte". Mas as pessoas às vezes desapareciam, desapareciam para sempre ou então retornavam em pedaços.

Eles se autodenominavam um partido político. Outros diziam que eles eram um culto. Eles acreditavam que os nascidos trouxas deveriam ser expulsos de Hogwarts e do Ministério, que o Estatuto do Sigilo deveria ser removido, que as antigas magias das Trevas  deveriam ser restauradas.

“Não vá,” James disse. “Não é como se ela pudesse vir aqui e te arrastar até Grimmauld pela orelha.”

“Eu tenho que fazer isso. Não consigo sair dessa, não dessa vez,” Sirius mentiu. Ele olhou para os rostos arregalados e aterrorizados dos amigos, sentindo-se podre. “Posso pegar sua capa de invisibilidade emprestada durante o feriado? Só... bem, só por precaução.”

“Claro.” James bateu a mão no ombro dele. “O que você precisar, Padfoot.”

“E se você precisar que um de nós venha buscá-lo, é só dizer,” Remus disse. Peter assentiu em concordância.

Sirius deu a eles um sorriso fraco, e seus olhos se desviaram para a mesa da Sonserina, onde ele captou o olhar escuro de Snape. Sirius deu um aceno quase imperceptível e Snape sorriu para ele antes de se virar para falar com Priscilla Yaxley, rindo do que quer que ela tivesse acabado de dizer.

____

Sirius sentou-se no compartimento ao lado de Remus e olhou melancolicamente pela janela enquanto o Expresso de Hogwarts chacoalhava em Londres. O céu estava espesso com nuvens cinzentas e inchadas que ameaçavam explodir em chuva a qualquer momento. Ele podia ouvir James e Peter jogando cartas, suas vozes mal passavam de um sussurro, como se estivessem com muito medo de perturbar o manto escuro que os havia dominado. Quando o trem chegou à estação, os outros colocaram uma mão reconfortante em seu ombro enquanto passavam, e Sirius se sentiu um pouco como um cadáver em seu caixão, disposto para a família ver e lamentar.

A dívida da morte  ( TRADUÇÃO )Onde histórias criam vida. Descubra agora