CAPÍTULO 6

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Estava congelando quando Sirius acordou. Ele estremeceu e tentou se enterrar mais fundo nos cobertores de Snape, enrolando-os em volta do corpo como um casulo. Ele respirou fundo; ele podia sentir o leve cheiro de ervas e coisas verdes e crescentes incrustadas nos fios. Era estranhamente suave, e o fazia se sentir sonolento e estúpido, como uma xícara de chá de camomila. Isso até que um novo cheiro chegou ao seu nariz.

Bacon.

Sirius escorreu da cama como se fosse feito de líquido, ainda enrolado nos cobertores de Snape com apenas o nariz de fora. O cheiro de bacon o levou escada abaixo e para a cozinha. A cozinha ficava nos fundos da casa. Havia uma única janela de frente para o jardim acima da pia. Na parede oposta, os restos de uma grande lareira podiam ser vistos, mas em vez de um fogo crepitante e uma panela de lentilhas fervendo acima dela, havia um fogão de ferro fundido anão dentro da grande alcova.

Snape estava em frente ao fogão, com o cabelo preto caindo na frente do rosto e uma espátula na mão.

Sirius ficou perto de Snape, encarando-o com grandes olhos cinzentos até que o sonserino rosnou para ele, “Você é pior que um cachorro vira-lata. Aqui,” ele empurrou um pedaço de bacon para ele. “Agora sente-se à mesa e coma. E pare de me encarar!”

Sirius riu enquanto fugia com seu prêmio. Ele soprou as pontas dos dedos queimados e enfiou o bacon na boca, arrependendo-se imediatamente quando a tira de carne ainda chiando ficou presa no céu da boca. Isso vai formar bolhas, ele pensou enquanto finalmente engolia.

“Então…” Sirius começou enquanto lambia a gordura dos dedos. “Você gosta de cozinhar?”

“Eu não diria que gosto , mas sou melhor nisso do que o meu pai”

“E a sua mãe?”

“... Ela se cansa facilmente.”

"Ela está doente?"

“Sim, Black, ela está doente.”

A conversa chegou ao fim e, enquanto Sirius observava Snape quebrar um ovo em uma tigela, ocorreu-lhe que essa talvez fosse a primeira conversa civilizada que os dois já tiveram.

Snape despejou os ovos mexidos na mesma panela que usara para fritar o bacon. Com um bufo irritado, ele afastou bruscamente o cabelo do rosto. Sirius se endireitou bruscamente em seu assento, afastando os cobertores enquanto se levantava, quando viu um grande hematoma aparecendo por baixo dos fios oleosos.

“O que é isso no seu rosto?” Sirius exigiu saber.

“Meu nariz, lembra?” Snape zombou. “Você comenta sobre ele com frequência, eu acho que é difícil esquecer.”

“Cale a boca, estou falando daquele hematoma.”

Ele tentou ver melhor, mas Snape desviou de seus dedos curiosos.

"Eu caí quando tentava subir as escadas ontem à noite, agora deixe isso para lá." Os ombros de Snape estavam perto das orelhas e havia uma panela quente entre eles, como um escudo.

Sirius voltou furtivamente para a mesa, olhando desconfiado para o outro garoto. Os hematomas em volta do pescoço dele tinham desaparecido quase completamente, mas mesmo quando ainda estavam roxos e pretos, Snape não fez nenhuma tentativa de escondê-los. Ele parecia quase orgulhoso deles, como se tivesse vencido uma grande batalha. Mas aqui, agora, ele estava se esforçando para manter a cabeça abaixada sob o cabelo. Sirius conseguia distinguir o contorno do hematoma entre os cachos oleosos. Ele circundava sua bochecha direita e subia até a têmpora.

Passos altos e estrondosos ecoaram contra as escadas enquanto o corpo grande e pesado de um homem descia e entrava na cozinha. O Sr. Snape já estava vestido com suas roupas de trabalho jeans e um casaco grosso. Havia um gorro de tricô agarrado em uma mão e ele esfregou a barba grisalha em seu rosto com a outra. Ele olhou turvo para Sirius.

A dívida da morte  ( TRADUÇÃO )Onde histórias criam vida. Descubra agora