3- ALICE

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Phellipe

Chego na escola procurando pelo Rafael. Eu nunca achei que faria isso um dia. Ele também está envolvido nisso, então, mesmo não gostando dele, acho que ele deveria saber disso. Eu não me lembro de muita coisa envolvendo nós dois a não ser nossas brigas diárias desde o 9° ano. Mas também não lembro dessa revolta antes disso. Mesmo nós dois estudando juntos desde o jardim de infância.
Acho ele com alguns de seus amigos perto de uma das salas do segundo ano. Aquela não era a sala dele, então provavelmente era de algum dos garotos. O olho de longe e fico sem saber como fazer aqui... É estranho ter que falar com alguém que eu não gosto.

- Rafael! - o chamo e ele me olha. - Pode vir aqui? - ele me olha estranho e depois olha pra os garotos que também estranhavam.

Rafael - Tá falando comigo mesmo? - pergunta o óbvio.

- Óbvio! Tem outro Rafael nesse meio? - digo já sem muita paciência. Os garotos riem um pouco e ele enfim começa a vir em minha direção.

Rafael - Diz aí, Phellipinho. - diz e eu o olho com desdém.

- Não me chama assim nunca mais. - digo e ele ri.

Pego meu celular e mostro as mensagens pra ele. Ele fica lendo sem nenhuma expressão e isso me dá uma ansiedade imensa. O que será que ele tá pensando? Ele me devolve o celular e fica me olhando meio confuso. Eu entendo... Isso tudo é muito confuso.

- Fala alguma coisa! - digo ansioso.

Rafael - É... O que você quer que eu fale? Eu não tô entendendo nada, tá? Eu... É melhor ignorar isso, Phellipe. Isso deve ser alguém muito entediado querendo tirar uma com a nossa cara. - diz me dando uma visão nova disso tudo.

- É... Pode ser. - digo me dando por vencido.

Rafael - Esquece essa história, Phellipe. Bloqueia essa número e deixa isso pra lá. - diz dando alguns passos pra trás. - Tchau.

Apenas me viro e volto pra minha sala. Ele tá certo. Pode ser só um idiota entediado querendo rir um pouco. Me sento e as horas se passam voando. Já em casa, após meu banho, me deito na cama e pego meu celular. Nova mensagen... Eu deveria ignorar, mas...

"Bons sonhos, Phê-Phê 😘🫶🏼"

Era só isso... Às vezes parece que essa pessoa sabe o que eu tô fazendo. Como se estivesse viajando. Fico pensando nessas coisas e acabo dormindo sem perceber. E de novo estou na escola. A Susy faltou hoje. Nem pra me avisar... Me sento e espero começar o que tem que começar. Quando do nada, uma garota loira adentra a sala. Ela é nova aqui. Quem troca de escola no meio do ano?
Ela se senta em uma das cadeiras atrás de mim e fica por alguns segundos. Ela é bem bonita, confesso, mas nada anormal. Pele clara, sardas, olhos claros como um mar de verão. Estranhamente quieta. Enfim... Uma novata não me é grande coisa, já que meu intuito é acabar com esse dia e ir embora pra casa. Pego meu celular nas mãos e abro em um jogo pra me distrair enquanto esse professor não chega. Durante uma das partidas sou surpreendido com uma batida na banca que quase me faz derrubar meu celular. Olho pra cima e vejo a garota nova com um sorriso medonho no rosto.

- Oi...? - digo inseguro.

Alice - Me chamo Alice! E você já me conhece, Phê-Phê. - diz e meus olhos quase saem pra fora.

- Você que me mandou as mensagens? - pergunto surpreso, confuso e assustado.

Alice - Sim! Nós dois e o Rafael temos muito o que conversar, certo? - pergunta como se a resposta fosse óbvia.

- O que? Por que? Eu nem te conheço. - digo e ela me olha confusa.

Alice - Você não se lembra de mim? - pergunta olhando pro nada. - Óbvio que não lembram. Eu nunca fui importante o suficiente. - diz ainda sem me olhar.

- Do que você tá falando?

Alice - Nós nos falamos mais tarde. Eu explico tudo pra você. - diz com um sorriso que rapidamente se desfaz e ela chega bem perto do meu rosto de forma aterrorizante. - Se falar sobre mim ou sobre mais alguma mensagem pro Rafael você é um homem morto, entendeu? - pergunta e eu rapidamente concordo.

Ela se separa de mim e sai da sala quase esbarrando no próprio Rafael que olha pra ela confuso. Eu apenas olho pro quadro enquanto tentava respirar normalmente. Ele pega uma cadeira e se senta de frente pra mim.

Rafael - Iae? Nenhuma mensagem nova?

- Não... Acho que você tava certo. Era só algum babaca desocupado. - digo sem nem olhá-lo.

Rafael - Te falei... É... Vai ter uma festinha na minha casa amanhã de noite, se tiver afim aparece lá. Pode levar a Susy se ela tiver afim também. - diz se levantando e colocando a cadeira no lugar.

- Por que tá me convidando? - pergunto confuso.

Rafael - Sei lá, talvez pra você ver que eu não sou um monstro como você acha. - diz sorrindo e sai da sala.

Após isso, as aulas seguiram normalmente. Depois de tomar banho e jantar voltei pro meu quarto e peguei meu celular. Já tinha novas mensagens da Alice. Abro com certo receio e leio o que tinha ali.

"Oi, oi, Phê-Phê! 😘
Nós vamos ou não colocar logo os pingos nos is?"

Me sento na cama e fico pensativo sobre isso tudo. Essa garota me conhece e conhece o Rafael. E, segundo ela, nós dois também conhecemos ela. E por que eu não lembro dela? Como que eu conheço ela se eu não me lembro dessa garota? Eu não quero, mas eu preciso saber quem é ela e o que aconteceu pra ela querer se conectar comigo e com o Rafael assim do nada.

Oi, oi, Phê-Phê! 😘
Nós vamos ou não colocar logo os pingos nos is?

Sim.

Espero que eu não me arrependa disso...

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APENAS UM CLICHÊ (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora