Phellipe
Faz três dias desde o dia na piscina. Nós não nos falamos desde então.
Susy e Anderson me disseram o que aconteceu, já que eu não me lembrava, e me repreenderam pelo o que fiz e falei.
Entendo ele não querer falar comigo. É tudo muito estranho. Eu nem sei o por que fiz aquilo. Eu não queria colocar a culpa na bebida, já que sei que ela só faz aquilo se libertar enfim.
Eu acho que tudo aquilo foi o meu sentimento sendo expelido da forma errada. É frustante demais gostar de alguém que também parece gostar de você, porém que se diz hétero. Acho que tudo o que falei foi a frustração que estava e estou sentindo diante disso.Mas tudo piorou agora. Agora eu tenho que vê-lo andando por aí com seus amigos e nem poder falar com ele. Não posso chamar ele pra assistir um filme. Não posso ter o abraço dele todas as manhãs e todas as noites. Não posso ouvir ele reclamar sobre como o jogo de futebol do time dele foi ruim... É o que dá torcer pro Vasco. Não posso ouvir a risada dele. Eu não posso mais ter ele por perto. Tudo ficou pior agora.
Professora - Tá me ouvindo, senhor Phellipe? - ela chama minha atenção.
- O que?! - digo de repente e ouvi alguns rindo.
Ela refez a pergunta e eu respondi. Após as aulas eu voltei pra casa e lá estava ele. A dois, passos de mim, também voltando pra sua casa. Isso é uma tentação. Ele caminhava lentamente olhando seu celular e usando seus fones de ouvido. Eu sei que pode ser um erro, mas...
- RAFAEL! - gritei e ele olhou pra atrás meio assustado. Sua feição mudou totalmente quando ele me viu. Antes ele sorria e agora ele apenas ficou sério me olhando.
Rafael - Oi. - ele disse sem muita emoção na voz.
- A gente pode conversar?
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- Mãe! Cheguei! - gritei entrando em casa enquanto o Rafael vinha atrás de mim.
Mãe - Tô na cozinha! Já, já o almoço tá pronto! - diz aparecendo. - Rafael!? Deveria ter avisado que ele vinha almoçar com a gente, né Phellipe! - disse me olhando sorrindo.
Rafael - Eu não vou demorar, tia. - diz com um sorriso tímido.
Subimos para o meu quarto e eu me sentei na cama enquanto ele permaneceu de pé me olhando. Eu nem sabia por onde começar...
- Desculpa. - digo quase em um sussurro. - Eu acho que não consegui segurar minhas expectativas dentro de mim naquele dia... - digo e ele me olha confuso.
Rafael - Que expectativas? - ele pergunta se aproximando e se sentando do meu lado, ficando de frente pra mim.
- Como assim "que expectativas", Rafael? Você vive me abraçando todo dia, beija meu rosto, fica me iludindo! Eu gosto de você faz muito tempo, e você fazendo todas essas coisas só piora tudo! Eu queria muito, mas muito mesmo, não gostar de você, mas eu não controlo essa merda toda! - digo tudo o que vem na minha cabeça e eu consigo ver ele realmente surpreso com isso tudo.
Rafael - Desculpa. - diz baixo sem me olhar. - Eu notei que você meio que me olhava demais durante esses meses, mas eu achei que não era nada. Eu não sabia que você gostava de mim assim... Eu não sei se consigo fazer isso... É complicado, Phellipe. - diz ainda sem me olhar.
- Fazer o quê? - pergunto confuso.
Rafael - Sabe... Gostar de você dessa forma... Namorar você... É novo demais pra mim. - diz me deixando mais confuso.
- Eu não tô te pedindo isso, Rafael! Eu só te falei por que eu não aguentava mais segurar isso. Eu sei que você é hétero e tudo isso é loucura. Não se culpa por não gostar de mim assim, eu sei que é impossível.
Rafael - Não é impossível. - diz me olhando. - Eu já gostei de um garoto antes. - diz me deixando surpreso. - Eu só não sei se realmente gosto de você assim. Eu te vejo como um amigo incrível e muito importante pra mim, não sei se quero estragar nossa amizade tentando fazer isso acontecer.
- Eu não quero que você se force, nem que tente gostar de mim. Se isso fosse acontecer, eu queria que fosse naturalmente. Então é melhor a gente só continuar nossa amizade normalmente. - digo ainda pensando. - Se bem que a amizade já tá estragada também...
Rafael - Não diz isso. A gente vai continuar amigo, se você quiser. - diz me olhando nos olhos e eu forcei um sorriso.
- A gente deixa fluir, se continuar de boa, ótimo, mas se não, a gente vai ter que deixar de mão. - digo e ele apenas concorda.
Rafael - Eu posso te dar um abraço? - pergunta como se isso fosse piorar a situação.
- Deixa de ser bobo. - digo sorrindo e abraçando ele.
Acho que esse foi o abraço mais forte que eu dei nele. Meu rosto afundou entre seu ombro e seu pescoço. Seu cheiro entrava nos meus pulmões de forma brusca e avassaladora. Parecia que esse era o nosso último abraço. Soltar o corpo dele foi tão doloroso quanto levar um tiro.
Rafael - Acho melhor eu ir embora. - diz me olhando nos olhos. - Te vejo amanhã? - ele pergunta se levantando e pegando sua bolsa no chão.
- Eu não tenho como dizer que não, sou obrigado a ir. - digo e ele sorri e bagunça meu cabelo.
Rafael - Tchau, Cachinhos. - diz se distanciando.
- Tchau, Rafa. - digo e ele sai.
Tomo um banho quente, visto uma roupa folgada e me deito na cama novamente. Olho o relógio e já eram 12:40, mas eu não sinto fome.
Ouço batidas na porta antes do rosto da minha mãe aparecer na mesma.Mãe - O almoço tá pronto, filho. - diz sorrindo.
- Não tô com fome, mãe. Talvez mais tarde, tá? - digo sem muita animação.
Mãe - Tá, mas tá tudo bem? Cê tá tão tristonho. - diz parecendo preocupada.
- Tô sim, mãe. Tá tudo bem. Só tô um pouco cansado, preciso dormir um pouco. - minto.
Mãe - Qualquer coisa me chama, tá? - diz e eu concordo.
Após ela sair, ouço a porta fechar. Não posso mais segurar isso.
Meus olhos pesam e as lágrimas escorrem. Acho que acabei dormindo em meio ao meu choro de profunda tristeza e frustração.×××××××××××××××××××××××××××××××××××××××××××××××××××××××××××××××××××××××
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APENAS UM CLICHÊ (Romance Gay)
RomansaO título fala por si só. Essa história é apenas um clichê adolescente. Phellipe e Rafael são inimigos desde infância dentro da escola. Mas isso não dura por muito tempo após tudo virar de ponta cabeça. Cor Representativa: 🟤