1- INÍCIO

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Phellipe

Eu até poderia dizer "bom dia", mas isso seria uma grande hipocrisia da minha parte. Já que acordar sabendo que eu terei que encarar o Rafael novamente é algo de estragar o dia de qualquer pessoa. Meu nome é Phellipe, tenho 16 anos, sou negro da pele clara e tenho os olhos castanhos claro. Eu estudo na mesma escola que o Rafael desde o 9° ano e nós nunca nos demos bem. Sempre brigamos por besteira. Até que no fim do ano passado as coisas pioraram. Ele começou a me ameaçar de forma agressiva. A gente nunca tinha saído de farpas e algumas discussões mais esquentadas. Até que ele meio que surtou e quase me bateu no banheiro da quadra após a Educação Física. Enfim... Vocês irão conhecê-lo mais cedo ou mais tarde.

Desço as escadas de cara fechada e me sento à mesa. Minha mãe já estava sentada e apenas me deu um sorriso. Como e depois de escovar os dentes, saio em direção a escola. Eu moro perto, então não preciso ir de carro ou ônibus. Assim que chego, vejo o meu maior pesadelo na porta da sala. Não consigo conter meus instintos e reviro os olhos instantaneamente. Antes de quase chegar perto, sou puxado por alguém com a voz fina. Susy. A Susy é minha melhor amiga desde o fundamental. Nós somos inseparáveis.

Susy- Aí amigo, que saudades que eu tava!! - diz alto me abraçando forte.

- Também tava com saudades, amiga. - digo animado. - Como foram as férias? E essa viagem com o Luccas, hum? Rolou ou não rolou o...? - faço um gesto sexual com as mãos?

Susy- Aí amigo... Não rolou nada! Ele nunca tem atitude pra nada! - diz e eu reviro os olhos.

- Amiga, eu já falei que se tu quer alguma coisa, vai lá e faz. Não fica esperando esses meninos irem atrás, porque eles são muito lesados. - digo e ela sorri.

Susy- Talvez na próxima. - diz olhando seu celular. - Tá na hora, vamos entrar? - diz e eu concordo com a cabeça.

Passamos pelo Rafael enquanto riamos e conversávamos sobre as férias da Susy. Eu podia sentir seu olhar sobre mim. Era pesado e raivoso. Ódio recíproco. Garoto nojento. Me sento e as aulas enfim começam. Sobre mim... Eu sou gay assumido. Minha mãe me apoia nisso tudo e meu pai não apoiou nem minha criação, imagina minha sexualidade... Enfim, os pais ausentes. Eu namorei uma vez só. Foi terrível. Aqueles namoros infantis sem pé nem cabeça. Depois disso eu nunca mais namorei com ninguém.

Professora - Phellipe! - diz me assustando.

- Oi? - pergunto confuso.

Professora - A chamada...

- Ah, sim! Claro... Presente. - digo ouvindo a Susy rir de mim.

Após algumas aulas o almoço começou. Eu e Susy saímos andando com nossas bandejas nas mãos. Nós vamos pro nosso lugar de sempre. Uma árvore velha atrás do laboratório de biologia.

Susy - A gente pode sair hoje de noite? - pergunta meio insegura.

- Por que?

Susy- É que eu queria ver o Luccas hoje. - diz sem me olhar.

- Você levou ele pra sua casa durante toda as férias, Susy, sua mãe já deve saber que vocês têm alguma coisa. - digo o óbvio.

Susy- Amigo, mesmo se ela souber, ela não vai me deixar sair com ele sozinha. Por favor, vem comigo! Se quiser eu até levo um amigo dele pra vocês conversarem. - diz e eu a olho estranho. - Não? Tá... - diz dando de ombros.

- Eu vou pensar no seu caso... - digo com um sorriso no rosto que rapidamente se desfez.

Susy- O que ele tá fazendo aqui? - pergunta me olhando e depois olhando a árvore.

- Me provocando. - digo olhando o Rafael e seu grupinho sentados em volta da árvore rindo e conversando alto.

Susy- Ai amigo, tá tudo bem, a gente pode sentar em outro lugar, vamos. - diz.

- O que?! A gente senta ali há quase um ano, eu não vou abrir mão assim. - digo andando até lá.

Susy- Phellipe! - diz entre os dentes vindos atrás de mim.

- Ow! - digo um pouco mais de perto, fazendo eles me olharem. - Esse é o nosso lugar, vocês podem sair? - digo tentando me manter calmo.

Rafael - Eu achei que a escola fosse pública... - diz de um jeito debochado. - A gente não vai sair, bixinha. - diz e eu apenas fecho os olhos me controlando.

Susy- Amigo, vamos pra outro lugar, por favor... - diz chegando mais perto.

Rafael - Escuta a Susy, Phê... - diz sorrindo. - É melhor pra você. - diz agora me olhando sério.

Eu apenas dou as costas e saio andando. Eu odeio esse garoto. Eu odeio ele com todas as minhas forças. Me sento em uma cadeira aleatória no corredor e a Susy se senta ao meu lado. Ele faz de tudo pra me irritar. Isso cansa pra cacete.

Susy- Você tem que começar a ignorar as provações desse garoto. - diz tentando me acalmar. - Ele sempre tanta e consegue te atingir com qualquer coisa. Assim ele nunca vai cansar de te irritar.

- Ele não podia ter pego o nosso lugar! - digo irritado. - Ele é um escroto do caralho. Não tem nada pra fazer e fica me irritando. - já estou sem paciência.

Após isso voltamos pra casa. Minha mãe ainda não estava em casa. Tomo um banho e me jogo na cama. Tudo isso do Rafael me cansa de uma maneira inexplicável. Eu preciso me livrar desse estresse todo. Pego meu celular e mando mensagem pra Susy combinando deles passarem aqui às 19:30. Pedi também pra ela chamar sim aquele amigo do Luccas. Ela ficou surpresa comigo, mas não falou muito.

Esse amigo do Luccas é o Breno. Ele é um fofo comigo, mas eu nunca dei nenhuma chance pra ele. Acho que eu poderia sim ter algo com ele, mesmo que seja casual. Me arrumo e fico esperando a Susy e os meninos passarem aqui durante alguns minutos. Acho que o local vai ser o de sempre. Sorveteria e depois pracinha. Não tem muito o que fazer aqui. Sinto meu celular vibrar no bolso e o pego pra ver o que é. Mensagens de um número desconhecido. Abro e às leio.

"Se liga tá?
Eu não tenho medo de você
Não tenho medo da polícia
Então baixa tua bola
Uma bixinha como você é fácil de apagar"

Meu coração palpita de uma forma acelerada. Eu não consigo pensar em qualquer outra pessoa a não ser aquele escroto idiota. Ele tá indo longe demais. Isso não vai ficar assim...

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APENAS UM CLICHÊ (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora