2- MENSAGENS

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Phellipe

Me sento em uma das cadeiras da mesa da sorveteria e o Breno se senta à minha frente. A Susy e o Luccas se sentam ao nosso lado. Pedimos nossos sorvetes e ficamos conversando. O Breno é um garoto incrível, além de inteligente e lindo. Ele tem um cabelo não muito grande e loiro escuro, sua pele é branca com algumas sardinhas espalhadas por todo o corpo e seus olhos são claros cor de mel. Ele tem uma conversa legal. Ele é bi, mas parece até ser hétero pela forma de falar, se vestir e agir (sem as partes ruins e vergonhosas feitas por héteros). Seu sorriso é um espetáculo à parte.

Breno - Você tá me ouvindo, Phê? - pergunta sorrindo.

- Ah! Sim, claro. - digo balançando a cabeça tentando me manter focado. - Eu só tava um pouco desconcertado. - digo enquanto ele ainda sorria de mim.

Breno - Deu pra notar. - diz rindo.

Volto a focar na conversa e tento esquecer todas as outras coisas que poderiam me desfocar, mesmo elas estando bem na minha frente. A conversa foi muito legal. Ele sabe como não deixar um papo morrer. Sempre buscando um assunto novo. Ele até mesmo me ouviu falar sobre como a escola vem sendo um saco. Ele parece se interessar em cada coisa que eu diga. Isso é legal.
Agora nós estamos na pracinha, Susy e Luccas ficaram em um parquinho que tem lá e eu e o Breno ficamos em um dos muitos bancos.

Breno - Você... Sei lá, tem namorado ou...? - pergunta sem nem me olhar.

- Eu não tenho namorado, não. Você tem? - pergunto o óbvio.

Breno - Não! - ele responde de imediato. - Eu te acho super legal e bonito, Phê. Talvez a gente poderia... - meu celular começa a tocar bem na hora.

- Desculpa, é a minha mãe, só um minutinho. - digo me levantando e ele concorda.

Atendo e minha mãe diz que eu deveria voltar pra casa agora. Bom, já passava das 22:00 então eu realmente teria que ir mesmo. Tenho aula amanhã, por mais que isso não seja animador, é preciso. Volto onde o Breno estava após desligar o celular e me sento novamente no banco.

- Eu vou ter que ir embora. - digo e ele meio que fica tristonho.

Breno - Sua mãe?

- Sim, é que eu tenho aula amanhã e tals. - digo e ele concorda com a cabeça. - A gente pode se falar pelo whatsapp? - pergunto e ele me olhar parecendo animado.

Breno - Claro!

- A gente marca de se ver em algum final de semana, tá? - digo e ele concorda com a cabeça.

Dou um abraço rápido nele e fui até o casal feliz. Hora de acabar com essa melação. A Susy fica meio relutante, mas concorda em vir comigo depois que digo que iria embora com ou sem ela. Quando chego em casa, tomo um banho e como algo antes de cair na cama e morrer... Acordar no dia seguinte é o meu inferno. E o diabo nós conhecemos muita bem. Me arrumo, como e saiu. Com aquele humor de sempre. Mas de hoje não passa. Se ele não parar de me irritar e me mandar essas porra de mensagens eu vou na polícia. Ele se acha em um nível de ir contra a polícia? Acho que ele ainda pensa.

Chego na escola e já o avisto de longe. Abro o celular nas mensagens e ando em sua direção com certo ódio. Vejo que ele nota quando já estou mais próximo e fica me olhando estranho.

- Olha só seu escroto de merda, eu acho melhor você parar de dar uma de bad boy pra cima de mim e mandar essas merdas de mensagens, por que se você não parar eu vou na polícia, tá me entendendo?! - digo irritado enquanto ele me olhava sem muita reação.

Rafael - Que mensagens? - se faz de bobo.

- Não seja tão sínico, seu idiota. Você me mandou elas ontem no fim da tarde. - digo mostrando as mensagens.

Rafael - Não fui eu! - diz olhando as mensagens. - Eu juro! - diz me fazendo rir.

- Como você consegue ser tão estúpido?! - digo saindo andando pra sala de aula.

Aquele garoto é escroto em outro nível! Ele é tão irritante! Mas já está tudo bem, se ele não parar, eu vou na polícia e pronto. Me sento e vejo a Susy entrando pela porta meio sem reações. Ela se senta ao meu lado e fica me olhando assustada.

Susy- O que foi aquilo lá fora? - pergunta e eu explico tudo. - Mas como você tem certeza que foi ele? Era uma conta fake, qualquer um poderia ter te mandado essas mensagens, amigo. - diz me irritando.

- Caralho! Quem perderia seu tempo me mandando mensagens ameaçadoras a não ser o Rafael, Susy? Ele me odeia desde muito tempo. Isso até demorou a acontecer. - digo me levantando e saindo da sala.

Não vou ficar na aula. Pelo menos não nas iniciais. Preciso de ar fresco. Como é possível alguém se irritar tanto às 07:00 da manhã? Me sento em uma das raízes daquela árvore que eu me apeguei tanto. Minha respiração vai se estabilizando com o passar do tempo. Eu gosto da escola. Não gosto das aulas, não gosto da grande maioria das pessoas e muito menos de algumas cômidas, mas... Sei lá... Aqui é tão quieto. Pelo menos aqui onde eu tô agora. Eu consigo ouvir minha própria respiração. Consigo ouvir pássaros, alguns insetos e o balançar das folhas. Eu consigo me sentir em paz, poucas vezes, mas consigo.

Rafael - Você é estranho, sabia? - fala me tirando dos pensamentos e também levando minha paz embora.

- Olha só, Rafael... Eu não quero me irritar agora, então me deixa sozinho. - digo sem nem mesmo olhá-lo.

Rafael - Eu não vim te irritar. - diz se sentando ao meu lado. - Eu vim pra te falar que, realmente, não foi eu quem mandou as mensagens. - diz me fazendo o olhar.

- E por que alguém me mandaria aquelas mensagens, Rafael? - pergunto e ele dá de ombros. - Você é a única pessoa nessa vida que faz da minha vida um inferno. Não existe alguma pessoa ou alguma outra coisa que me cause mais revolta ou irritação no mundo, a não ser você. Eu acordo todos os dias com raiva por saber que você vai fazer minha manhã e minha tarde um inferno. Eu não sei se você é uma espécie de karma pra mim... Mas eu só queria que acabasse de uma vez. Mas isso é muito pra você. Você precisa irritar alguém pra ficar se provando pra aqueles idiotas que te veneram, não é? Isso só te faz mais patético. - digo o olhando nos olhos.

Rafael - Olha, eu não sabia que você me odeiava tanto assim. - diz com um rosto indiferente.

Ele se levanta e coloca as mãos nos bolsos do moletom. Fica me olhando de cima enquanto eu apenas tento ignorá-lo.

Rafael - Foi mal por todo mal que eu te causei então. Eu parei. - diz e sai andando.

- Até parece. - digo sorrindo.

Claramente falou isso com o intuito de que eu acreditasse pra amanhã mesmo ele me tratar igualmente nos últimos anos. Eu não acredito em nada que ele fala. Mas agora acho que as mensagens podem não ser dele. De quem seriam essas mensagens afinal?
O restante do dia foi como de costume. A não ser o sumiço do Rafael, mas isso não é algo para se reclamar. Volto pra casa e tomo um banho. Após o jantar pego meu celular e vejo alguns novas mensagens daquele mesmo número.

"Apostou no culpado errado
Achei que você fosse mais inteligente, garotinho
Mas pelo visto é só mais um idiota
Você e o Rafael não podem ter uma memória tão ruim assim, não é?
Vocês irão lembrar de mim logo, logo
Beijinhos, Phê-Phê 😘❤️"

Isso só pode ser brincadeira...

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