12- HUGS

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Phellipe

Faz dias que eu voltei a falar com o Rafael. Estamos mais próximos do que nunca. Parecíamos até mesmo amigos de infância. Fui a casa dele ajudá-lo com seus deveres durante todos esses dias e ele vem me recompensando com sua receitas. Ele fez umas atividades que valiam pontos, isso após conversar com alguns professores e explicar o porquê de seu sumiço.

Hoje ele vai vir aqui. Eu não consegui me arrumar a tempo de ir, então pedi pra ele vir pra minha casa. Minha mãe fez uma janta e deixou dinheiro caso a gente quisesse pedir mais alguma coisa. Ela vai sair com umas amigas e provavelmente só volta durante a madrugada. A gente combinou de estudar um pouco, comer e assistir algo. Eu até chamei a Susy, mas ela disse que ela já tinha marcado uma coisa com o Luccas.

Foi tudo normal, a gente estudou um pouco de português e depois filosofia, jantamos e fomos assistir o filme. O filme era "Divertidamente 2". Ele estava em um lado do sofá e eu em outro, e isso foi estranho. Já que... Eu esqueci de falar isso... Mas basicamente a gente vive grudado. Grudado mesmo. Na verdade ele que sempre faz isso, eu apenas deixo. Ele me abraça, deita na minha perna, deita no meu ombro... E isso pra mim já é natural. Então era estranho ele ficar afastado agora. Num momento onde só tem a gente. Ele faz essas coisas na frente de quem quiser olhar. Então ele ficar distante assim era estranho. Mas não falei nada. O filme acabou e nós notamos que caía uma chuva bem forte lá fora.

- Como tu vai embora assim? - pergunto o olhando.

Rafael - Vou tentar falar com minha mãe pra ela vir me buscar. - ele diz tirando o celular do bolso.

Pego o meu e ligo pra minha mãe também. Ela atende e meu ouvido quase fica surdo. Um barulho de som alto, risadas e muita voz gritada. Falo gritando enquanto o Rafael me olha sorrindo. Pergunto se o Rafael poderia dormir aqui hoje por conta da chuva e ela concordou enquanto ele me olha surpreso. Desligo e ele vem até mim.

Rafael - Mas eu te falei que ia falar com a minha mãe.

- Olha esse tempo, Rafael. Sua mãe é uma mulher ocupada igual seu pai, dorme aqui e amanhã você vai pra casa. - digo olhando nos olhos dele.

Rafael - Tá bom então, senhor mandão. - diz sorrindo e depois me dando um abraço.

É sempre assim, não tem muito um padrão. Ele sempre abraça quando quer. Após ele me soltar eu fui até a parte de cima da casa, onde ficam os quartos pra arrumar o hóspedes pra ele. Ele ficou na parte de baixo falando com a mãe no celular.
Enquanto eu arrumava algumas coisas na cama e também tirava o máximo de poeira possível, eu comecei a pensar sobre isso tudo. Sobre eu estar gostando do Rafael e sobre todo esse toque físico da parte dele. Eu acho que isso pode ser um sinal... Ou não. Mas isso tudo tá me deixando confuso. Eu não sei se isso é um sinal ou não. E antes disso, eu estava tentando esquecer esse sentimento, mas agora... Eu não acho que isso seja possível.

Rafael - Posso entrar? - pergunta depois de bater na porta.

- Am? Ah, sim! Claro! - digo meio apressado por ter saído de meus pensamentos de forma brusca.

Rafael - Vocês têm quarto de hóspede? Que burguesia... - diz com as mãos nos bolsos da calça e me olhando com desdém.

- Que culpa eu tenho? Eu sou um burguês safado... - digo e ele sorri.

Rafael - Achei que ia dormir no seu quarto. - diz e eu sinto o redemoinho de borboletas novamente.

- Ah... Eu achei que você ia gostar de mais privacidade, então eu fiz esse quarto, mas se você quiser pode dormir lá no meu quarto. - digo meio receoso e muito mais confuso.

Rafael - Eu não vou desperdiçar teu tempo, eu fico aqui mesmo. - diz sorrindo e eu sinto uma pontada de alívio, mas também de arrependimento.

O restante da noite foi tranquila, acho que seria melhor ele ter dormido no meu quarto mesmo, já que ele ficou bastante tempo lá. Jogamos videogame, assistimos alguns episódios de American Horror Story e brincamos de verdade ou desafio.

Rafael - Verdade ou desafio? - pergunta após ter girado a garrafa.

- Verdade.

Rafael - É verdade que você... - ele para e olha pra nada pensando. - Que você já beijou mais de duas pessoas em uma festa? - pergunta e eu bebo um gole do meu refri enquanto ele sorri me olhando.

- Em minha defesa, eu estava bêbado e um dos garotos foi o meu amigo da época, então tudo bem. - digo e ele levanta os braços.

Rafael - Eu não tava julgando. - diz rindo.

Após mais algumas perguntas, vimos que já passava das 01:00 da madrugada.

Rafael - Acho melhor eu ir pro meu quarto. - diz se levantando após eu bocejar.

- Tá bom. - digo me levantando também.

Nós fomos até a porta do meu quarto e ele abriu. Antes de sair ele veio até mim e me deu um abraço rápido e apertado.

Rafael - Boa noite, Cachinhos. - diz no meu ouvido me fazendo arrepiar.

Digo o mesmo a ele e ele enfim vai embora. Fecho a porta e deito na cama. Passa um filme na minha cabeça. As coisas aconteceram muito, mas muito rápido mesmo. A quatro meses atrás eu e ele éramos inimigos e hoje ele tá dormindo no quarto ao lado dentro da minha casa. A Alice conseguir sua vingança e sumir depois disso foi tão estranho quanto sua aparição. Mas acho que é melhor assim mesmo

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APENAS UM CLICHÊ (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora