14- PISCINA

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Phellipe

- Pode entrar. - digo olhando ele parado na porta da minha casa.

Anderson - Mas vai molhar e pode sujar. - diz tímido.

- Não tem problema, depois eu limpo, entra logo ou então você vai pegar uma gripe. - digo e ele enfim entra.

Após aquele beijo inesperado nós tivemos uma breve conversa sobre sexualidade. Tudo ficou bastante claro naquele momento. Agora eu entendia toda a raiva despejada em mim. O Anderson é gay, mas não quer aceitar esse fato. E isso faz com que ele oprima mais garotos como ele. É confuso e errado, mas dá pra entender.

Anderson - Sua mãe não vai ficar brava por você ter me trago pra cá sem avisar e ainda por cima, molhado? - pergunta e eu acabo deixando um riso escapar.

- Minha mãe não liga muito pra o que eu faço quando ela não tá aqui. Contanto que eu não quebrei nada e que eu limpei tudo, tá tudo bem pra ela. - respondo e entrego uma toalha pra ele.

Após nos secamos um pouco ele enfim começou a falar sobre tudo o que vem acontecendo com ele. Ele falou sobre seus pais serem super preconceituosos e contra a comunidade, falou sobre ele sentir que é BI a alguns anos, mas sempre se reprimiu por medo do que seus pais e os outros pensariam sobre ele. Durante tudo isso, ele chorava controladamente. As lágrimas caiam de maneira rápida.

- Olha, sobre os seus pais, eu não sei muito bem o que fazer. Mas eu tenho na minha cabeça que a melhor opção é se assumir depois de sair de casa. Vai ser o momento que, provavelmente, você terá mais controle sobre a sua própria vida e não vai precisar de tanta aprovação quanto morando com eles. - digo e ele me olhava parecendo cheio de esperança.

Anderson - Uma das coisas que me deixam mais... Assim, são as minhas péssimas amizades. - diz falando o óbvio. - Eu ando com um pessoal que reprime tudo e todos. E pra me encaixar eu acabei sendo igual a eles. Por isso eu acabei sendo um escroto contigo hoje cedo. Aliás, desculpa. - diz me olhando envergonhado.

- Tá de boa. - digo sorrindo. - Sobre amizades, que tão você começar a ter amizades melhores? - pergunto sorrindo. - Eu e uns amigos vamos dá uma festinha na piscina amanhã, se quiser vir... - digo e ele nega de imediato.

Anderson - Não, não. Valeu, mas eu não acho que seus amigos gostariam muito de mim. - diz rindo meio tímido.

- Eles provavelmente iriam estranhar, mas eles são legais. Se quiser vir, pode vir, sério. - digo e ele apenas concorda.

Após conversarmos mais um pouco sobre coisas aleatórias ele foi embora. Nunca achei que o Anderson fosse do vale. E nunca achei que ele me beijaria. Mas enfim... Tomo um banho e vou pra cama, amanhã é dia de festa.

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- NADA A VER!!! - grito rindo enquanto o Luccas dizia que eu gostava do José Paulo do 2° C. Qual é? O garoto tem um cc do brabo.

Estávamos na piscina. Havia bebida, comida e a gente. Estava tudo muito legal. A Susy e o Luccas estavam sentados sobre a cadeira de praia na beira da piscina, o Rafael estava dentro d'água e eu estava sentado apenas com os pés dentro da água.

Rafael - Vem pra a água, cachinhos! - disse chegando perto e apoiando os braços nas minhas pernas.

- Talvez depois. - digo e a campainha toca.

Susy - Quem será? - pergunta e o Rafael me olha confuso.

Rafael - Cê chamou mais alguém? - pergunta e eu apenas concordo e levanto correndo pra atender a porta.

Abro e lá estava ele. Com uma camisa do Flamengo e uma bermuda jeans rasgada. Acho que ele cortou o cabelo. Sinceramente, ele tá um puta gato agora. Não sei se isso é efeito do pouco álcool que tomei, mas eu ficaria com ele agora mesmo.

Anderson - Oi! Você falou pra eu vir, então... - diz meio sem jeito.

- Ainda bem que veio! Entra, vamos, a gente tá lá atrás. - digo fechando a porta e puxando ele pelo braço.

Quando chegamos na área da piscina fomos recebidos por olhares bastante julgadores. Isso já era de se esperar. Nenhum deles conhecia o Anderson como eu conheço. Paramos em frente a piscina e ele soltou um sorriso tímido.

- Gente, o Anderson veio por que eu chamei. Ele ontem veio falar comigo e ele não é esse monstro que vocês acham que ele é. - digo olhando pra cada um. - Espero que vocês tratem ele normal, porque ele é meu amigo também! - digo o abraçando de lado.

Os outros apenas se entre olharam e confirmaram com a cabeça.
Pronto, esse foi o início de um longo dia.
Susy e Luccas ficaram super bêbados e subiram para o quarto para fazer... É...
Eu, Rafael e Anderson ficamos lá embaixo. Tocava "365 ft. shygirl" da Charli xcx. Eu já não estava muito sóbrio e chamei o Anderson pra dançar comigo.
O Rafael que estava sentado com os pés na piscina apenas ficou observando.

Em um breve momento, me lembro de ser puxado para mais perto e acabamos nos beijando. Eu sentia que tinha alguma coisa errada naquilo, mas o que seria? Eu gosto do Rafael, mas também sei que isso é impossível. Ele é hétero e só gosta de mim como amigo. Então, que tal eu viver o que eu quero viver?

Continuamos o beijo e após nos separarmos notei que o Rafael não estava mais lá. Pedi pra o Anderson me esperar lá e fui ver pra onde ele tinha ido.
Após chegar na sala, o encontro pegando sua mochila e se preparando pra ir embora.

- Onde você vai? - pergunto fazendo ele me olhar.

Rafael - Eu vou embora, acho que já deu pra mim.

- Do nada?

Rafael - É. Eu acho que já tá bom de você também parar de beber. - diz e pega o copo da minha mão.

- O que? Não! Eu vou continuar bebendo até eu dizer que chega. Quem tu pensa que é? - digo um pouco alto e totalmente bêbedo.

Rafael - Tá bom, Phellipe, eu só tava tentando te ajudar. - diz e eu não sei o que isso acendeu na minha mente, mas foi alguma coisa muito ruim.

- EU NÃO QUERO AJUDA, RAFAEL! - grito fazendo ele se assustar. - VOCÊ ACHAR QUE É QUEM PRA ME AJUDAR? EU NÃO QUERO AJUDA DE NINGUÉM!

Anderson - Tá tudo bem? - chega ele do nada com cara de assustado.

Rafael - Ele tá bêbado demais e começou a surtar. - diz.

- SURTAR? EU?! VOCÊ SURTOU COMIGO MESMO EU TENTANDO TE FALAR QUE AQUELA GAROTA ERA UM UMA PUTA!! MAS COMO SEMPRE EU SOU O LOUCO POR AQUI! - eu gritava sem o mínimo de noção.

Susy - Gente, o que tá acontecendo?! - aparece na escada.

Rafael - O seu amigo tá surtando comigo. - diz com voz de choro.

- SAI DA MINHA CASA, RAFAEL!! SAI! - digo abrindo a porta.

Ele apenas olha pra mim e sai. Fecho a porta com força e recebo os olhares de Susy e Anderson. Foi a última coisa que vi antes de desmaiar.


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APENAS UM CLICHÊ (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora