11- THREE MONTHS

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Phellipe

Aconteceu.
Eu não vi o vídeo nem as fotos. Mas todos os outros sim. Ela conseguiu. Ela tinha se vingado. E ela também sumiu do mapa.
Faz três meses desde de tudo isso. Nem se fala mais sobre isso. A vida seguiu pra mim e pra todo mundo, mas pra ele não. Ele sequer vem à escola. Eu não tentei falar com ele depois do dia na sua casa. Ele também escolheu por isso.

Susy ficou desacreditada com tudo isso. Ela disse que não sabia quão ruim a Alice poderia ser. Eu já não conseguia saber se gostava ou não do Rafael. Não ver ele durante tanto tempo me dava uma sensação de esquecimento. Mas não sei se quando eu ver ele vou ter uma recaída... É tudo tão confuso agora.

Hoje começa a última semana de aula antes das férias de inverno. Levantei sem o mínimo de felicidade, isso vem sendo assim desde antes. Minha mãe até chegou a mencionar depressão, mas foi descartado. Eu não estou depressivo, estou triste de amor. Já, já isso passa, pelo menos eu espero.
Cheguei na escola um pouco atrasado, então fui direto pra sala. As aulas iniciais foram de Física. Após isso, eu saí com a Susy até a nossa árvore de sempre. Tivemos as conversas de sempre. Minha vida ultimamente é só isso. As mesmas coisas todos os dias.

O sinal toca e nós nos levantamos pra voltar pra sala quando o Rafael aparece e fica me olhando. Eu fiquei paralisado. Susy não teve muita reação também. Alguns segundos ali parados pareciam horas, anos, séculos. Ele começa a andar em nossa direção e nós apenas continuamos parados ali. Ele enfim chega perto da gente.

Rafael - Iae...? - fala tímido e nós respondemos juntos. - Phellipe... A gente pode conversar? - pergunta e a Susy me olha.

Susy - Eu vou indo. - diz saindo.

- É que... Já tocou e... - digo querendo fugir dali.

Rafael - Por favor... Eu só quero conversar rapidinho. - diz com a voz um pouco embargada e vejo seus olhos marejando.

- Tá... - digo e nós voltamos até a árvore.

Nós sentamos e ficamos calados por alguns minutos. Ele parecia abalado. Os olhos estavam escuros ao redor. Acho que ele não dorme a várias noites. Ele claramente perdeu peso. Parece que isso tudo abalou demais.

Rafael - Desculpa. - diz do nada até me assustando. - Desculpa por não acreditar em você. Desculpa por gritar contigo aquele dia. Eu queria voltar no tempo e acreditar em você, mas como isso é impossível eu só espero que você me perdoe por ter sido um idiota. Eu não sei como eu fui tão estúpido... - diz colocando as duas mãos nos olhos que já derramavam rios de lágrimas.

- Rafael, tá tudo bem. Eu não tô com raiva de você. Eu nunca estive. - digo e ele me olha parecendo confuso. - Por que eu ficaria com raiva de você? Eu tentei te ajudar, mas você não quis. Isso foi tudo. - digo e ele sorri enquanto enxuga algumas lágrimas.

Rafael - Você consegue ser, de longe, uma das melhores pessoas que já conheci. - diz de repente. - Esses meses foram horríveis. Mas não por que eu tive algumas fotos pelado vazadas, mas sim por que eu achava que você me odiava. Eu não queria que você me odiasse, não de novo. - diz e eu sinto novamente aquelas malditas borboletas no meu estômago.

Ficamos conversando por alguns minutos. Ele foi se acalmando durante nossa conversa. Ele me contou tudo o que aconteceu durante os três meses que ele ficou dentro de casa. Basicamente a vida dele parou. Após o sinal tocar novamente pra troca de aula, nós subimos e fomos pra nossas salas. Ele também disse que os garotos sequer tocaram no assunto das fotos e vídeos. Acho que eles tiveram o mínimo de senso como amigos dele.

A Susy me olhava curiosa. Ela queria saber de tudo o mais rápido possível. No início do recreio contei-lhe tudo. E quando saímos, o Rafael veio até nós novamente. Ficamos conversando normalmente no recreio todo. Na hora de ir embora eu e ele fomos andando e conversando até a minha casa.

- Quer entrar? - pergunto assim que chegamos na frente de casa.

Rafael - Sua mãe não vai estranhar? - pergunta tímido.

- O que? Claro que não! Vem! - digo puxando ele pela mão e entrando em casa. - Mãe! Cheguei! - digo fechando a porta.

Mãe - Eu tô vendo. - diz sentada na mesa nos assustando.

- Eu trouxe o Rafael, tá? - digo e começo a subir as escadas.

Rafael - Boa tarde, tia. - diz tímido vindo atrás de mim.

Entramos no meu quarto e ficamos conversando um pouco sobre a escola. Ele precisava saber de tudo que tinha acontecido nesse meio tempo. Eu também acabei dando umas aulinhas pra ele sobre alguns assuntos novos. Como ele perdeu bastante aulas, os vistos que valiam pontos não existiam, então o jeito é se dar bem na prova.

Rafael - Valeu mesmo por me ajudar com todas essas coisas. - diz enquanto escrevia anotações em seu caderno.

- Eu sou um anjo, eu sei. - digo convencido e ele ri.

Após alguns minutos minha mãe gritou lá de baixo que o jantar já tava pronto. Eu perguntei se ele queria jantar e ele negou dizendo que ia embora. Descemos e minha mãe fez a mesma pergunta.

Rafael - Obrigado, tia, mas eu já tô indo pra casa. - diz tímido.

Mãe - O que?! Mas você já tá aqui, garoto! Come aqui e depois cê vai pra casa. - diz nos fazendo rir.

Rafael - Tá bom então. - diz sorrindo.

Ele se senta do meu lado e nós começamos a comer. Minha mãe começou com as perguntas de toda mãe. "O que quer fazer da vida?" e afins. Ele respondeu sem problemas. Após terminarmos, e ele agradecer e elogiar a comida várias e várias vezes, eu acompanhei ele até lá fora.

Rafael - Tava tudo muito bom mesmo. - diz mais uma vez.

- Você pode vir comer aqui quando quiser, Rafael. - digo e ele sorri. - Porém, eu que tô com saudades de comer a sua comida! - digo e ele sorri mais ainda. - Quando eu vou poder experimentar sua comida de novo?

Rafael - Ah... - ele ri. - Quando você quiser. É só aparecer por lá. - diz sorrindo enquanto coçava a parte de trás da cabeça.

- Hmm, vou cobrar. - digo sorrindo e ele concorda com a cabeça.

Ele e eu ficamos calados por alguns segundos. Na verdade, pareciam horas.

Rafael - Eu acho que já vou indo, tá? - diz meio sem jeito.

- É! Claro! Vai lá. - digo igualmente sem jeito.

Sou surpreendido com um abraço que ele me dá do nada. Foi muito bom ter aquele abraço novamente. Sentir seus braços envolta da minha cintura novamente era tão bom... Seu aperto, seu cheiro... Eu não queria que aquele momento acabasse.

Rafael - Valeu por hoje, cachinhos. - diz baixinho no meu ouvido me fazendo arrepiar.

Após isso ele foi embora. Entrei em casa feliz como uma borboleta na primavera. Minha mãe me olhava sorridente sentada no sofá da sala. Ela sabia que eu gostava mesmo desse garoto. Eu não sei muito bem como lidar com essa paixão a longo prazo, mas por agora eu só queria sentir tudo isso.

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APENAS UM CLICHÊ (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora