Capítulo 1

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Austin aguardou pacientemente, observando enquanto os outros alunos levantavam-se da mesa, um a um, até que finalmente apenas Atlas permaneceu ali, alheio à movimentação ao redor.

Aproveitando o momento em que o espaço estava ficando mais vazio, ele se levantou discretamente e começou a caminhar em direção a Atlas.

Atlas estava concentrado em seu caderno, onde rabiscava uma caricatura detalhada de um garoto magro que estava parado alguns metros a sua frente e se lambuzava de cheddar como um animal recém-fugido do zoológico. Ele parecia completamente absorto, se divertindo com a sua criação repleta de exageros, que nem notou Austin se aproximando.

— Atlas! Quanto tempo, cara! — Austin diz animadamente colocando as mãos sobre a mesa, buscando criar uma conexão íntima entre os dois.

Atlas ergue o olhar e faz uma expressão de estranhamento. O rosto dele refletia uma mistura de surpresa e desconforto, como se estivesse tentando processar a interrupção repentina. Após um breve momento de hesitação, ele franziu a testa e desviou o olhar de volta para seu caderno, ignorando o garoto à sua frente, como se tudo aquilo fosse uma grande loucura.

— Como se fôssemos grandes amigos. — Ele sussura, voltando a desenhar.

— Podemos ser. — Austin insistiu, tentando manter o tom leve e amigável.

Atlas levantou um olhar cético, distante e desinteressado.

— E por que você acha que eu estaria a fim disso? — Ele questiona despreocupadamente e indiferente, como se a conversa fosse um mero aborrecimento.

— Podemos fazer favores um ao outro. — Austin sorri de maneira maliciosa, acreditando que poderia convencer o garoto com um pouco de charme.

— Eu não preciso de favor nenhum. — Atlas diz irritado com a insistência — E do que você está falando, afinal? Esse papo tá bem estranho.

— Quê? Não é nada disso que você está pensando. — Austin balançou a cabeça, tentando afastar a sensação de constrangimento, percebendo o duplo sentido em sua frase. — Você é amigo da Denise, não é?

— Sim, mas o que é que tem? — Atlas responde como se não soubesse o que o garoto queria.

— Você poderia me dar uma ajudinha com ela, né? — Austin sorri amigavelmente, seus olhos implorando por misericórdia.

— E por que eu faria isso? — Atlas cruza os braços e deita as costas no descanso da cadeira, sentindo o poder em suas mãos.

— Pelo bem do amor? — Austin sugeriu, tentando apelar para qualquer sentimento de solidariedade que Atlas pudesse ter.

— Sou hater de casal.

O garoto era duro feito pedra. Nem toda a água do mundo ou argumento amoleceria aquele coração.

— Você gosta dela, é? Por isso não quer ajudar?

Atlas fez uma careta de nojo, como se o simples pensamento fosse repugnante.

— Não, que nojo! Somos só amigos, tipo irmãos. — Atlas faz uma expressão de desprezo. Ambos ouvem o sinal tocar, anunciando o início de uma nova aula. O garoto se levanta e começa a guardar suas coisas na mochila.

— Então por que não pode me ajudar, cara? — Austin insistiu, a frustração evidente em sua voz, enquanto observava Atlas se preparar para sair.

— Porque eu nem te conheço, você não me conhece, nós não nos conhecemos. Não somos amigos. Nao vou perder meu tempo com essa bobagem. Esquece. — Atlas respondeu, claramente enfurecido, antes de se levantar e sair da cantina com passos pesados e decididos.

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