Atlas analisava a situação com uma precisão quase cirúrgica, delineando cada passo do plano como se estivesse arquitetando uma operação complexa.
Se era pra fazer isso, que fizessem bem feito.
— Olha, Austin, o primeiro passo é se aproximar dela de uma forma que não levante suspeitas. Você precisa estar por perto o suficiente para que possam conversar com naturalidade, mas sem que ela sinta que você está forçando a barra ou tentando impressioná-la. A ideia é que tudo pareça completamente casual, como se fosse uma coincidência do destino.
Atlas fez uma pausa, deixando suas palavras assentarem antes de continuar.
— Para que isso funcione, você tem que fazer com que a Denise te enxergue de verdade. Se fosse só uma questão de beijá-la, uma mensagem direta no Instagram resolveria. Mas você quer mais do que isso; você quer que ela goste de você de verdade. E para isso, você precisa criar um cenário romântico, algo que pareça obra do acaso ou uma benção divina.
Austin ouviu com atenção, como um aluno dedicado que precisa passar numa prova importante, completamente admirado pela perspicácia de Atlas.
— Você realmente entende dessas coisas. — disse ele, impressionado. Ele não havia pensado nesses detalhes.
Atlas esboçou um sorriso de canto, demonstrando confiança.
— Você precisa se infiltrar no dia a dia dessa garota. Fazer com que ela aprecie sua companhia e, eventualmente, sinta sua falta quando você não estiver por perto.
— Mas por que eu me afastaria? — Austin questionou, um tanto confuso. Do que diabos Atlas estava falando, afinal? Ele queria grudar em Denise como chiclete e não sumir depois de lutar tanto por isso.
— Ninguém valoriza o que está sempre disponível. E conhecendo a Denise como eu conheço, ela se cansa fácil das coisas. Se você for sempre acessível, vai perder o encanto. O truque é ser presente o suficiente para ela gostar de estar com você, mas não tanto a ponto de se tornar previsível ou entediante.
Austin começou a tomar notas mentais, absorvendo cada conselho como se fosse uma fórmula mágica.
Ok, casualidade e depois ficar indisponível.
— Tudo bem, entendi. Mas como faço para criar esse "acaso"?
Atlas então revelou a peça-chave do plano, inclinando-se ligeiramente para frente.
— Você vai entrar na aula de culinária. A Denise está nessa disciplina, e eu também. Posso te ajudar a se enturmar, fazer com que pareça que você só quer aprender algo novo, nada além disso.
Austin franziu o cenho, visivelmente incomodado com a ideia.
— Culinária? Eu odeio cozinhar. — protestou.
— Você vai ter que aprender a gostar, porque a sua futura namorada é apaixonada por gastronomia e quer cursar isso na universidade. Além disso, essas aulas serão o ambiente perfeito para vocês se aproximarem de forma natural.
Austin suspirou, ainda hesitante.
— Não sei se vou dar conta.
Atlas sorriu, desta vez mais largo, com um ar de tranquilidade.
— Relaxa, vai ser moleza. E lembre-se, foi você que me fez entrar nessa, então se quer mesmo conquistar a Denise, vai ter que fazer o que eu digo.Não havia outra possibilidade, o ruivo teria que enfrentar a cozinha se quisesse ser alvo da atenção de Denise Bloom. Por mais que essa alternativa não lhe agradasse muito e seu repertório gastronômico consistisse em farofa de ovo e arroz.

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Desafeto
HumorAustin e Atlas nunca se falaram de verdade na vida. Atlas acredita que Austin nem ao menos tem consciência da sua existência. Austin acha que se ele sumisse hoje mesmo, Atlas agradeceria, talvez até soltasse fogos de artifício. Mas toda essa parede...