Capítulo 8

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Austin e Atlas saíram da aula de culinária juntos, com o cheiro de temperos ainda impregnado em suas roupas. O corredor estava vazio, exceto por eles, e os sons abafados das conversas nas outras salas eram quase inexistentes. Austin segurava um avental manchado de molho, enquanto Atlas, ajustava a alça da mochila no ombro.

— Fico muito feliz que esteja ajudando — Disse Austin, quebrando o silêncio enquanto lançava um olhar agradecido para Atlas.

Atlas parou, virando-se para ele com um olhar cansado, mas sem perder a compostura.

— Austin, você praticamente me obrigou a isso — Respondeu com um tom sério, mas sem qualquer dureza, como se quisesse deixar claro que não estava ali por escolha própria.

Austin riu baixinho, sem deixar a leveza desaparecer de seu rosto.

A paz havia reinado por pouco tempo.

— Mesmo assim, você é o meu herói, saiba disso — Disse, em tom brincalhão, mas com um brilho genuíno nos olhos.

Atlas bufou, revirando os olhos de modo exagerado, como se tentasse resistir à leve provocação, mas não pôde evitar uma pequena curva no canto dos lábios, mesmo que por um breve segundo.

O ruivo tinha uma habilidade única de deixá-lo completamente desajeitado. A sensação de inadequação que tomava conta dele sempre que o garoto estava por perto era desconcertante e estranha. Cada palavra e gesto de Austin pareciam cuidadosamente calculados para deixá-lo fora de equilíbrio, como se estivesse constantemente tentando encontrar o seu lugar em um terreno instável.

— Que seja, Austin. Eu não ligo — Respondeu, voltando a andar. — Só vamos logo com isso. Quanto antes você conseguir o que quer, mais rápido tudo isso acaba e eu vou poder ficar em paz de novo.

Diante dessas situações, a sua única reação era a negação, como se rejeitar a realidade pudesse de alguma forma restaurar a ordem em sua mente.

Austin seguiu ao lado do moreno, um sorriso sutil surgindo enquanto escutava os remungos do colega. Ele não se incomodava com o temperamento reativo dele, consciente de que era apenas uma tentativa exagerada, carregada de relutância, para não ceder.
Embora Atlas não estivesse particularmente entusiasmado com a situação, Austin sabia que, no fundo, ele não o abandonaria. E mesmo que o garoto tentasse esconder, o ruivo sentia que essa ajuda forçada significava mais do que Atlas estava disposto a admitir.

— Olha, aí está o Atlas rabugento de novo.

— Como é que é? — Atlas parou abruptamente, sua postura tensa revelando que a observação do sardento havia atingido um ponto sensível.

— Agora pouco você estava lá de amores comigo.

— Eu-eu só estava tentando te ajudar! — O moreno gaguejou, sua voz saindo trêmula enquanto sentia o calor subir pelo rosto, tingindo suas bochechas de um vermelho intenso.

Ao ver o rosto corado de Atlas, Austin não conseguiu conter uma risada alta, divertindo-se com a sua reação desconcertada.

— Certo, se você diz. — Concordou entre risos, hesitando antes de continuar, quase como se estivesse reconsiderando sua própria ideia. — Você não estaria a fim de ir na minha casa hoje para jogar War? — Sua voz ficou um pouco mais baixa, como se estivesse testando o terreno. — Eu poderia chamar os outros caras, mas eles não curtem muito e, sei lá...eu achei que talvez você pudesse gostar. E bom, eu comprei o jogo há um tempo, mas nunca tive a chance de jogar...e é meio impossível jogar sozinho...então... — Terminou, lançando um olhar tímido para Atlas, esperando por uma resposta positiva.

— Ah...Eu... — O garoto hesitou ainda processando a proposta repentina. Ele não sabia o que pensar, aquilo havia pegado-o totalmente desprevenido.

Na verdade, a sua razão clamava que ele deveria recusar. Mas o restante do seu corpo dizia...

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