Capítulo 4

498 109 210
                                        

Atlas saiu correndo do refeitório, sentindo o sangue pulsar nas têmporas. Ele não conseguia acreditar no que Austin havia feito, e a raiva o consumia a cada passo apressado. Quando virou o corredor e encontrou Austin encostado na parede, próximo ao bebedouro, parecendo completamente despreocupado, sua fúria só aumentou.

— Você enlouqueceu? — Atlas explodiu, parando bruscamente diante dele. Seu rosto estava quente de raiva, as mãos cerradas em punhos. Ele não esperava nada de bom vindo daquele cara, mas isso...isso tinha ultrapassado todos os limites.

Austin ergueu os olhos lentamente, o mesmo sorriso provocador estampado no rosto.

— Todos ficaram contentes com a notícia, você viu? — disse, como se estivesse falando sobre algo trivial, como o tempo ou o resultado de um jogo, sem o menor sinal de arrependimento. Essa indiferença foi como jogar gasolina na raiva de Atlas.

O sangue de Atlas fervia. Ele não conseguia acreditar no que estava ouvindo.

Sua expressão se contorceu em uma mistura de raiva e frustração. Ele respirou fundo, tentando controlar o impulso de simplesmente dar as costas e deixar Austin para trás. Mas sabia que, se fizesse isso, as coisas só piorariam.

Austin não desistiria nunca de atormentá-lo para conseguir o que queria.

— Ok, cara, já chega! — ele respondeu, sua voz quase falhando ao tentar manter um tom firme. — Eu te ajudo.

Ele não acreditava que estava realmente cedendo.

Austin, no entanto, parecia se divertir com a situação. Ele cruzou os braços e inclinou a cabeça, fingindo pensar por um momento.

— Agora você vai valorizar a nossa amizade? — perguntou, com um sorriso que fez Atlas sentir como se estivesse sendo zombado.

Atlas sentiu o estômago revirar de desgosto. Não era uma questão de querer resolver ou não; era uma necessidade.
O colega era facilmente capaz de prejudicá-lo, e ele não podia simplesmente ficar parado.

Mesmo que talvez um soco resolvesse.

— Só diga pra todo mundo que eu não vou participar de nada. Sei lá, arranje outra pessoa. Só conserte isso.

Ele odiava estar nessa posição, ter que pedir algo para alguém como Austin, mas o que mais podia fazer?

O ruivo finalmente pareceu ceder, erguendo as mãos em um gesto de paz. Mas com um leve sorriso estampado no rosto, aquele tipo de sorriso que deixava claro o quanto estava gostando da situação.

— Certo, amigão. Fica tranquilo! Eu cuido disso. — Disse ele, sem um pingo de seriedade, como se estivesse brincando com a vida do garoto.

Atlas suspirou, exausto.

— E para de me chamar assim. — Murmurou, virando-se para sair, sem olhar para trás. Ele sabia que, enquanto estivesse no mesmo espaço que Austin, seu estômago continuaria revirando.

Enquanto Atlas se afastava, sentia a raiva ainda queimando dentro dele, mas agora misturada com um sentimento profundo de repulsa. Austin não era apenas um problema; era um risco.

Mas antes que desaparecesse totalmente do corredor, o garoto chamou sua atenção:

— E aí, não vai querer uma carona no final da aula? — A voz dele soou casual, como se tudo o que acabara de acontecer não tivesse nenhuma importância.

Atlas parou por um breve instante, o corpo tenso. A oferta soava quase como uma piada, um lembrete de que Austin não o levava a sério, nem agora, nem nunca. Cada parte de Atlas queria girar e responder, soltar uma última palavra ou um palavrão, qualquer coisa que mostrasse o quanto aquela sugestão era absurda, mas ele sabia que era exatamente isso que Austin queria: uma reação.

Em vez disso, Atlas respirou fundo, seu maxilar travado de irritação, e continuou andando. Se forçando a focar em outra coisa, qualquer coisa que não fosse o insulto disfarçado de cortesia que acabara de ouvir. Fingir que não escutou era a melhor resposta que poderia dar.

DesafetoOnde histórias criam vida. Descubra agora